George Harrison

A meditação Transcendental, por John e George

 George Harrison e John Lennon conversam sobre Meditação Transcendental com David Frost

por Carlos E. Werlang
www.plasticonoblog.blogspot.com

No fim de setembro de 1967, David Frost recebeu dois convidados ilustres para conversar em seu programa a respeito de um assunto bastante em voga naquela época, Meditação Transcendental. O debate foi tão bem sucedido que uma semana depois a dose foi repetida.

Em 1965 quando George Harrison teve seu primeiro contato consciente com a filosofia indiana, muita gente achava que essa seria apenas uma moda passageira. Como Neil Aspinall diria anos mais tarde no livro Anthology, esse sentimento era compartilhado até mesmo dentro do círculo dos Beatles. Mas a medida que sua dedicação ficava mais séria, ficava também evidente que para ele esta seria a direção a ser seguida.

Até então, o ano de 1967 havia sido de longe o mais diferente desde que John Lennon, Paul McCartney e George Harrison haviam juntado suas forças em 58. No primeiro dia de junho de 67, o monumental e aclamado Sgt. Pepper’s foi lançado. Era o auge dos Beatles; eles finalmente haviam conseguido a independência da terrível imagem de dóceis cabeludos. No meio de tanta satisfação, ninguém poderia imaginar que menos de três meses mais tarde chegaria o momento o qual muitos consideram como o início do fim da banda, a morte de Brian Epstein. Esse fato aconteceu justamente quando os Beatles, mais esposas e associados (inclusive Mick Jagger), estavam em Bangor, no País de Gales, para serem iniciados em Meditação Transcendental por Maharishi Mahesh Yogi.

Sem Brian para polir sua imagem, eles agora podiam fazer o que bem entendessem. Foi com esse espírito que George e John participaram em 29 de setembro do “The Frost Programme” para compartilhar suas opiniões com David Frost e platéia a respeito de MT, e também a respeito de Maharishi, que para muitos era só um indiano esquisito e charlatão, ameaçando a inocência dos Beatles – como se depois de tanta coisa vista, vivida e ingerida, eles ainda pudessem ser inocentes.

Os trechos abaixo foram tirados (mais uma vez) do excelente LITMW, e junto com as fotos coloridas garimpadas na net, foi tudo o que consegui desse primeiro programa. George e John explicam a Frost como funciona o mantra, ou vibração, durante a prática de meditação. George ainda divide com Frost seus próprios insights sobre o conceito de Deus.

O resultado da conversa com Frost foi tão positivo que no dia 4 de outubro George e John voltaram ao programa para continuar a responder as perguntas do próprio Frost, perguntas enviadas por carta e da platéia que compareceu. Eles ainda participaram de uma discussão com pessoas a favor e contra as pessoas que praticam meditação. Os vídeos abaixo contêm o áudio completo desse programa, bem como a única foto conseguida desse dia.

Uma das partes mais interessantes da conversa fica por conta de um expectador que confronta George (por volta dos 8:00 da segunda parte) dizendo que a experiência obtida através da meditação é parecida com a experiência conseguida através de uma garrafa de whisky. E ainda continua “… ou nós estamos falando sobre o universo que tem algumas leis ocultas e um criador oculto que se manifesta apenas para pessoas como o sr. Harrison e o Maharishi quando eles atingem um estado de transe? É isso que quero saber.” George responde, “Bem, vamos falar a verdade, essas leis as quais você se refere, leis ocultas, elas são todas escondidas. Mas elas são escondidas apenas pela nossa própria ignorância. E a palavra misticismo vem da ignorância das pessoas. Não há nada de místico nisso, apenas você que é ignorante a respeito do que isso quer dizer.”

Nos anos seguintes George e John seguiriam em caminhos diferentes. Enquanto John preferiu o “no gurus,” George permaneceu firme em suas convicções até na hora de sua morte.

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