John Lennon

A terrível noite de John Lennon

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Entre as perguntas que os jornalistas fizeram a John Lennon, a mais amargamente lembrada por John foi aquela que dizia assim: “você tem mêdo de fantasmas?”. Não é que John sinta medo de almas do outro mundo, mas é que êle passou uma noite dessas que qualquer cristão jamais esquece. Mas como foi essa noite? Deixemos que o próprio John nos conte:

“Foi em 1963 numa viagem que fizemos por todo o país ao lado de Chris Montez e de Tommy Roe. Eu era recém-casado e pedi a Brian que me deixasse voltar logo após o término da temporada. Ele me deixou, e daí eu tive que voltar no Jaguar que possuía antes. Uma tempestade na altura de New Brighton atrapalhou os meus planos, pois fiquei sem condições de vir dirigindo até Liverpool. A chuva apertava e eu precisava dormir em um hotel pelas proximidades. A única coisa que eu conseguia ver eram as torres de um grande e antiquíssimo castelo. Desci do carro, tomei muita chuva, mas bati na porta do casarão. Um senhor de idade me atendeu e me convidou para entrar, falando amavelmente.

Disse que esperaria a chuva passar e iria embora, mas a tempestade não passava e eu acabaria dormindo no castelo. O homem insistiu para que eu ficasse e já comecei a tremer de medo, quando notei que êle era o único morador do castelo. Serviu-me um chá com torradas. A parte térra do castelo era bacana, embora um tanto antiga. O homem me indicou um quarto e eu fui lá para dormir. A chuva estava cada vez mais forte, e a ventania fazia com que ambas as janelas batessem com terrível fôrça, me dando aquêles arrepios que vinham da barriga até o queixo. Entrei no quarto. Uma cama super-antiga. Deve ter sido de alguma das esposas de Henrique VIII. Fui deitar-me, mas a cama fazia um ruído estranho como que iria cair a qualquer momento.

Eu me cobria e de repente as janelas batiam e entrava aquela ventania assobiando como nos filmes de terror. Eu ficava todo arrepiado, pois tinha a impressão de estar rodeado de fantasmas por todos os lados. A noite prosseguia, a chuva também e eu não conseguia fechar os olhos e pegar no sono. O assobio penetrante da ventania prosseguia. Que noite horrorosa. Eu dizia a mim mesmo: seria melhor eu ter dormido no automóvel, pois estaria livre disto. Não aguentei e fui fechar as janelas. Nada adiantava.

O vento batia mais forte, de novo. Desisti. Pensei comigo: vou acender a luz, pois só assim eu posso ficar com sono. Acendi a luz e o que eu vi deixou-me terrivelmente apavorado. Dezenas de aranhas, dessas de grande porte, andavam pelo chão e pelas parêdes. Que castelo maldito, pensava eu. Como vou sair de uma situação destas? A decisão veio da forma mais rápida possível. Sem pestanejar, desci as escadarias do castelo, abri a porta principal e, sem me despedir do meu anfitrião, corri para o Jaguar e acelerei, parando sòmente a uns 20 quilômetros de lá…

revista01Como a chuva continuava, eu dormi no carro. Mas essa noite eu nunca esquecerei.

Fonte:
BEATLES – Edição da Revista do Rock
Rio 1968 – Ano III – N° 15 – NCr$ 0,70
(Deixamos com a grafia usada na época)

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