Ringo Starr Ringo Starr no Brasil 2015

Crítica: o alegre desfile de canções de Ringo Starr

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RIO – Sujeito de sorte, Ringo Starr nasceu com as baquetas viradas para a Lua. Não por acaso, o cenário, pobrinho, do seu show é uma cortina azul com o referido satélite e uma série de estrelas colocada atrás do seu instrumento. Outras estavam no palco do Vivo Rio, na sua mutante All-Star Band, já que o ex-Beatle também conta, desde sempre, com uma pequena ajuda dos amigos. Na atual turnê, que passou nesta sexta pelo Rio, são three fabs, três fabulosos músicos – o multi-instrumentista Todd Rundgren, eterno hippie de visão high-tech, o tecladista Gregg Rollie, que tocou com Santana em Woodstock e em seus melhores momentos, e o cantor e guitarrista Steve Lukather, camisa 10 do grupo oitentista Toto – que conduzem um show que seria divertidíssimo se tivesse uma hora a menos (são quase 120 minutos de sortidos flashbacks). Ringuinho paz e amor, sinal que faz desde que entra no palco ao som de “Matchbox” (que seu ex-grupo gravou em 1964) e que está também presente na fivela do seu cinto, já passou dos 64, mas aparentemente não aprendeu que menos é mais, bicho.

Após cantar seu maior hit, “It don’t come easy” (1971), Ringo vai para a cozinha, passa a bola para seus três “friends” e a festa, precoce, tem seu auge já no começo. Rundgren, verdíssimo em camiseta tye-dye, ilumina o ambiente com a sempre encantadora “I saw the light” (1972), anunciando, em seguida, Rollie, que esquenta as coisas com o balanço de “Evil ways” (1969), do primeiro álbum de Santana, saindo do seu Hammond. Depois, é este que anuncia Lukather, cabelos preto graúna, que anima a platéia com a radiofônica “Rosanna” (1982).

Daí em diante, Ringo – essa adorável figura, de dancinhas hilárias, que parece sempre prestes a contar a piada do pavê – vai e volta para a frente do palco, abrindo espaços para outros solos de Rundgreen, Rollie e Lukather, além de intervenções menos nobres, mas nem por isso desagradáveis de Richard Page, ex-baixista do grupo Mister Mister, em “Broken wings” (1985), por exemplo. Mas diferentemente dos bem amarrados shows do amigo Paul McCartney, nada faz muito sentido no alegre desfile de canções de Ringo e sua superbanda de baile de formatura. Entre um “Yellow submarine” (1966) e uma “Photograph” (1973), as coisas vão mornas até a esperada apoteose ao som de “With a little help from my friends” (1967) – não diga – e “Give peace a chance” (1969), que encerram a aparição de um beatle no ambiente, para o compreensível extase dos fiéis presentes.

Cotação: Regular
Fonte: O Globo

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