Entrevistas Músicos e Produtores Paul no Brasil 2014

Entrevista: Edu Henning faz um balanço de Paul McCartney em Vitória

jc edu henning

Um pouco antes do show de Paul McCartney em Vitória nós publicamos uma entrevista com o produtor, músico e jornalista Edu Henning, um dos responsáveis pelo sucesso do megaevento inédito no Espírito Santo. Todos nós sabemos que o show foi maravilhoso, que tudo ocorreu muito bem e que toda a organização foi praticamente perfeita. Mas ainda assim, ficou muito interessante essa entrevista pós-show, em que ele nos conta detalhes e curiosidades sobre esse sonho que certamente ainda está plantado na cabeça de cada um dos 34 mil fãs que compareceram ao Estádio Kleber Andrade.

Por José Carlos Almeida

 

Que o show foi um sucesso em todos os sentidos ninguém duvida. Então vou perguntar ao contrário: aconteceu algum imprevisto ou algo que não tenha sido alcançado com esse evento tão grandioso?

Muitos. Algo grande como um mega show de Paul McCartney sempre vai acontecer os imprevistos de ultima hora. Todos contornáveis. Todos passiveis de solução. Mas, como você de imaginar, a tensão é total. Acho que o pior momento foi, faltando nove horas para o inicio do show, uma juíza salta uma determinação que menores de 18 anos não poderiam entrar. Nem acompanhados pelos pais ou responsáveis. Aí, foi um stress danado. Conseguimos reverter. E todos foram felizes para sempre.

Paul McCartney mal havia pisado no palco e já havia a notícia de Ringo starr no Rio e São Paulo, em fevereido de 2015. E Vitória, será que ainda dá pra entrar na agenda?

Você quer me matar do coração, meu amigo!!!??? Fiz Pete Best e Tony Sheridan em Vitória. Fui Diretor de Operação de Paul McCartney no Espírito Santo. E seria uma grande honra e prazer poder trazer o Ringo por essas bandas. É verdade que falamos sobre isso logo depois da passagem de Out There por aqui. Mas, como você deve imaginar, estamos ainda saboreando, degustando, tudo o que aconteceu. Não descartamos essa possibilidade. Mas, não demos nenhum passo nesse sentido. Por enquanto.

Provavelmente o dia mais duro de trabalho foi o do próprio show. Quais foram as suas atividades naquele dia? Notei que você estava o tempo todo naquele “corre-corre”, até mesmo depois do show encerrado.

Pegamos um estádio em construção. Praticamente viramos a cidade e todo o Espírito Santo de cabeça para baixo. Mexemos com tudo e com todos para que o show de Paul McCartney acontecesse aqui. Então, por questões lógicas, nada poderia dar errado. Não estou falando de acontecimentos dentro do Kleber Andrade, não. Estou falando do andamento dos trabalhos fora do estádio, entende? Mobilidade urbana e segurança publica eram os focos principais de todos nós da produção e das autoridades municipais, estaduais e federais O saldo foi positivo, extremamente. Então, me ver tenso, correndo pra cima e pra baixo, era normal. Mas estava super feliz em ver o grande Sir Paul cantando em solo capixaba.

Apesar do estádio Kleber Andrade não estar 100% pronto, acredito que ele suportou muito bem o show de Paul McCartney. Você concorda?

Ou fazíamos com o Kleber Andrade daquela forma, faltando detalhes, ou jogaríamos a toalha e deixaríamos o bonde da turnê Out There passar. Faltaram detalhes para que o estádio estivesse completamente concluído. Isso é verdade. Mas, nada, absolutamente nada, que desse uma chance de colocar o publico em risco. Alguns poucos acessos não foram asfaltados. Mas, foram poucos detalhes – diante da grandiosidade de um estádio – que não foram concluídos dentro do prazo. Os bombeiros foram rígidos e competentes. Vistoriaram tudo com muito rigor e educação. Então, tínhamos absoluta certeza que nada daria errado nesse sentido. Trabalhamos duro durante dois meses para que o publico tivesse total segurança para entrar e sair do Kleber Andrade. E, para registrar, não tivemos nenhum tumulto, nenhuma confusão e nenhuma ocorrência policial. Esse é, inclusive, o perfil família do publico de Paul McCartney.

Daqui a alguns anos, quando o capixaba se lembrar desse show, qual será o seu principal legado?

Rapaz… meu maior legado foi ter assistido esse show ao lado de minha mulher. Quantas e quantas vezes sai de casa para ver Paul McCartney deixando ela prá trás. Quantas e quantas vezes ouvi meu ídolo cantando, ao vivo, “Yesterday” e pensei nela. Pensei na força recebida antes de bater a porta de casa para ver mais uma vez esse que é o maior artista vivo de todos os tempos. Então, trabalhei muito para que pudesse estar ao lado dela naquele momento. Meu sentimento era que McCartney cantava “Yesterday” somente para nós dois. Que não existia mais ninguém no estádio além dela e eu, entende? Tive a oportunidade de levá-la conhecer Paul no camarim. Os dois conversaram e riram juntos. Falaram de Stella McCartney e falaram que eu estive 21 vezes na cidade natal dele e que agora, pela primeira vez, ele estava em Vitória, minha casa. Esse é o legado, companheiro. Está tudo na minha memória. Não tem dinheiro que pague isso.

Como surgiu a idéia – ou necessidade – de se colocar as cadeiras fixas na pista?

Mister Marshall, o empresário do Paul, falou nisso na primeira reunião que tivemos no Kleber Andrade. Isso quase dois meses antes do show. Falou que poderia seria um teste. Que gostaria de ver a reação do brasileiro diante de cadeiras no espaço que fica em frente ao Paul. Disse também que o publico da Premium é formado por pessoal, na maioria, que não tem tanto preparo físico assim para ficar em pé durante tanto tempo. Enfim… atendemos o pedido do big boss.

Você seria capaz de me indicar os principais números do show (público, ingressos vendidos, benefícios ao comércio local etc)?

Um show com essa grandeza gera trabalho e faz girar dinheiro. Impostos são cobrados, hotéis ficam lotados, taxis circulam agitadamente, aviões chegam cheios e um comércio informal gigantesco aparece quase do nada. Então, a economia do Estado recebeu uma injeção maior do que no período do Carnaval, por exemplo. Tivemos cerca de 34 mil pessoas dentro do Kleber Andrade para ver, aplaudir e se emocionar com Paul McCartney. Sucesso total e absoluto de publico, bilheteria e benefícios para o capixaba. Mas, o maior de todos os benefícios foi o emocional. O Espírito Santo está coberto com uma encantadora nuvem de satisfação e orgulho de ter recebido Out There.

Será que, na esteira desse show de Paul McCartney, Vitória entrou em definitivo na rota dos megaconcertos?

Esse é o espírito da coisa. Estamos vendo outros nomes. Estamos estudando outras possibilidades. Mas, nada será como McCartney.

Como você avalia o trabalho das equipes locais (segurança, logística, imprensa e outros) na cobertura do evento?

Acho que a maior avaliação foi do publico. O capixaba estava receoso com o Kleber Andrade. Uma novidade. Um medo normal. Será que chego bem? Será que volto bem? Trabalhamos muito para que tudo desse certo. Em todas as estâncias. E foi isso que aconteceu. Esse é considerado com o mais importante show realizado no Espírito Santo.

E a Clube Big Beatles, o que tem pela frente? Acredito que vocês já estejam em plena atividade nesse momento. Quais as próximas atrações?

Esse foi um ano especial. Fizemos apresentação na Broadway, NY. Depois fomos tema de uma Escola de Samba de Vitória. Fizemos a sexta edição do Projeto Sócio de Carteirinha que recebe em Vitória, mensalmente, artista consagrados para cantar e tocar Beatles. Fomos para Liverpool pelo vigésimo ano consecutivo e tendo como convidado especial o astro Ivan Lins. Agora tivemos a chance de conhecer de perto, apertar a mão, conversar e até tirar um “sonzinho” com Sir Paul McCartney. Então, podemos passar 2015 dormindo, descansando, o tempo todo, né? Mas isso está longe dos nossos planos. Um livro e um CD estão para sair no próximo ano. Então, a vida continua…

Comentários

Clique Aqui Para Comentar

Quer comentar?

Editor

José Carlos Almeida

+55 11 95124-4010