George Harrison

George Harrison 69 anos – Saudades do Beatle Gentil

By Teran

Nós não associamos nossos ídolos à velhice. Mesmo que a idade também avance para eles. É como se o tempo desses caras que amamos fosse outro. E na verdade é. George Harrison, conforme preconiza a letra de “My Generation, morreu antes de ficar velho. Tinha 56 quando se foi e hoje faria 69. Nos seus momentos de desilusão e melancolia costumava soltar frases impagáveis e desconcertantes como a que proferiu no final da série Anthology em que vaticina: “no final das contas, se os fãs deram seu dinheiro e amor aos Beatles, a banda deu a eles seu sistema nervoso, algo que é muito mais difícil de doar”. Quando Free as a Bird estava sendo extraída de uma fita de John Lennon para virar canção dos Beatles, George disse ao seu amigo músico e produtor Jeff Lynne que quando morresse as pessoas por favor não ficassem a fuçar nos cassetes que ele guardava com fragmentos ideias e rascunhos de canções. Por trás da ironia e da aparente desilusão, George Harrison sempre me passou o contrário. Dele tenho a impressão que foi alguém que amava a vida, o mundo e as pessoas. Por mais introspectivo que parecesse, George sempre foi, a meu ver, o beatle gentil. Por prestar atenção a suas incontáveis declarações eu acho que consegui ao longo do tempo enxergar o homem por trás do ícone.

Guardo dele com o distanciamento possível para um fã a impressão de que foi um sujeito inquieto. Alguém que parecia o tempo todo estar buscando algo. Por mais inserido que estivesse no contexto do mundo material e por mais grato que fosse ao talento e ao estrelato que geraram sua fama e fortuna, o beatle que tocava ukelele certamente aprofundou pela trilha do amadurecimento a busca incessante pela verdade. A verdade absoluta. A mesma que o levou a mergulhar na cultura indiana e no Hare Krishna. A mesma que o levou a preferir uma vida o mais distanciado possível dos holofotes depois dos Beatles. Não duvido que a busca dessa essência tenha sido a verdadeira luz interna que o movia.

Quando o filme Anthology estava para estrear na televisão George Harrison se encontrava na Austrália, um dos lugares do mundo que ele adorava. Entrevistado, afirmou que queria aproveitar a oportunidade para sugerir que Michael Stipe e Bono Vox assistissem o documentário “para que compreendessem de fato o que era uma banda realmente famosa”. George nunca foi o cara dos autógrafos, dos apertos de mão e dos sorrisos para a imprensa. Mas gosto de divagar que poderia a qualquer momento receber um abraço sincero dele se esbarrássemos por aí. Eu ou qualquer outro fã comum. Gosto de pensar que não existe outro ídolo fora deste plano do qual eu guarde mais a memória da pessoa que ele foi do que este beatle gentil. Hoje não é só dia de lembrar o aniversário de 69 anos de George Harrison. É dia de lamentar a tremenda falta que ele faz ao mundo.

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José Carlos Almeida

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