John Lennon

John Lennon 66 Anos

 
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“As pessoas têm medo do desconhecido. Aceite o desconhecido e aí você estará à frente no jogo.” Este pensamento de John Lennon pode ajudar um pouco a conhecer sua personalidade e é possível que sua ousadia já viesse desde cedo. Quando John fez 21 anos, em 1961, os Beatles vinham tocando quase que diariamente, em condições precárias tanto em sua natal Liverpool como em Hamburgo, na Alemanha. Mesmo sem estabilidade profissional, quando John recebeu de presente de aniversário 100 libras de um tio, não pensou em poupa-las e sim em pegar uma carona e seguir para Paris com seu amigo Paul McCartney. Na capital francesa eles viram shows de Johnny Hollyday e observaram que alguns jovens franceses penteavam o cabelo para frente, igual a outros em Hamburgo. Lá mesmo, eles adotaram o novo penteado e voltaram a Liverpool com o um new look, que seria a marca dos Beatles no futuro e se tornaria moda no mundo ocidental. A aceitação do desconhecido também foi uma marca de John até sua morte.

John Lennon foi uma das pessoas mais influentes de seu tempo, convivendo com muitos, desde a atriz francesa Brigitte Bardot, passando por Ray Charles até o filósofo inglês Bertrand Russell. Lennon teve uma brilhante carreira e uma vida fascinante. É de se pensar como ele estaria hoje, aos 66 anos, sendo ele uma personalidade genial, mas considerando a envergadura de sua obra em pouco mais de vinte anos de carreira, pode-se imaginar o quanto John Lennon ainda teria dado ao mundo neste um quarto de século sem ele.

A família

No final do século XIX, Jack (John) Lennon foi um músico, em Liverpool, Inglaterra, integrante do grupo Andrews Robertson’s Kentucky Ministrels. O neto de Jack, Alfred, na adolescência fez musicais com o Will Murray’s Gang. Às seis e meia da tarde do dia nove de outubro de 1940, Alfred, que trabalhava como garçom de navios, estava embarcado, enquanto sua companheira Julia deu a luz ao bebê John Winston Lennon. O nome foi uma referência ao bisavô e a Winston Churchill, o primeiro ministro inglês que, na época, para muitos ingleses foi um herói em um país em plena Segunda Guerra Mundial. Por sorte da família Lennon, os ataques aéreos a Liverpool haviam cessado duas semanas antes de Julia entrar num complicado trabalho de parto na Oxford Street Maternity Hospital.

Em virtude do desaparecimento de Alfred (1), Julia e seu bebê passaram por dificuldades financeiras. Mimi Smith, irmã de Julia, ofereceu lhe ajuda e abrigou mãe e filho em sua casa. Porém Julia, separada do marido, casou com outro homem (2) e o pequeno John passou a viver com sua tia Mimi (3). Quando John tinha cinco anos, seu pai queria levá-lo para Nova Zelândia, mas John, de última hora, preferiu permanecer em Liverpool. Seu pai então partiu, só voltando a dar notícias quase vinte anos depois. A partir daí, John cresceu sob a tutela de sua tia Mimi, sendo constantemente visitado por sua mãe, que o ensinou a tocar banjo. O relacionamento entre os dois se desenvolvia positivamente, até o dia quinze de julho de 1958, quando Julia foi vítima fatal de um atropelamento. Julia tinha 44 anos e sua morte foi bastante sentida por John, que se tornou, então, um adolescente amargurado. Logo após a tragédia, John começou a namorar Cynthia Powell (4), sua colega no Liverpool College of Art. Ela se encantou por John e sua primeira impressão foi de que ele não tinha medo de nada. Eles se casaram em 23 de agosto de 1962, e pouco mais de sete meses depois, nasceu o filho do casal John Charles Julian Lennon.

Os Beatles

Influenciado pela mãe, John começou a tocar guitarra, e foi arrebatado pelo rock’n’roll nos anos 50. Em 1957, John era um jovem inconformado, sarcástico e sempre metido em problemas. Como parte integrante do que foi chamado de “juventude transviada”, John formou uma banda na escola, chamada The Querry Men, com seus colegas guitarristas Paul McCartney e George Harrison. Já nesta época, John Lennon almejava e muito se esforçou para levar sua banda ao estrelato. No início dos anos 60, essa banda, que passou por várias formações e nomes (5), foi batizada com o nome de The Beatles e embarcou para Hamburgo, Alemanha, onde, após meses tocando horas a fio em boates baratas, em junho de 1961 o grupo conseguiu um contrato de gravação para acompanhar o cantor Tony Sheridan. Aproveitando uma chance, foi permitida a eles, a gravação de duas canções sem Sheridan. Com isso foi registrada a primeira composição de John Lennon – “Cry For A Shadow”, um número instrumental em parceria com George Harrison. John Lennon também debutou no mundo do disco, interpretando “Ain’t She Sweet”, uma canção dos anos 20, de autoria Jack Yellen e Milton Ager, gravada vigorosamente por Lennon numa batida de rock’n’roll. Porém, o mundo ainda não conheceria os Beatles por estas gravações, pois “Ain’t She Sweet” só foi lançada em 1964 e “Cry For A Shadow”, saiu em um compacto duplo de Tony Sheridan, em abril de 1962, chamado “Mister Twist”, apenas na França. Os prováveis poucos compradores desde disco, certamente não tinham a menor idéia que estavam obtendo o primeiro registro em disco do que seria o maior grupo de música pop da história.

Em dezoito de agosto de 1962, já empresariados por Brain Epstein (6), o grupo efetivou Ringo Starr na bateria e gravou seu primeiro single “Love Me Do”, lançado exatos 48 dias depois, pela gravadora E.M.I. e produzido por George Martin, que era em média quinze anos mais velho que os Beatles, tinha formação em musica clássica e nunca havia produzido um disco de rock, mas foi uma peça chave no sucesso da banda.

No início de 1963, os Beatles tiveram seu primeiro grande sucesso com o single “Please Please Me” e o show business nunca mais foi o mesmo. Eles tinham uma música de sucesso composta pelos seus próprios componentes (a dupla Lennon & McCartney), como grupo eles eram quatro músicos iguais, não um vocalista destacado de sua banda, além de se apresentarem com um visual bastante inovador para a época. Com isso, involuntariamente, os Beatles ofuscaram quase toda uma geração de artistas e provocaram o surgimento de novos talentos. Nos Estados Unidos, terra natal do rock’n’roll, grupos americanos de sucesso, nos anos 60, como os Beach Boys, Byrds, Lovin’Spoonful, Mamas and The Papas, Monkees e as Supremes admiravam e eram amigos de John e seus colegas de banda. Os Beatles chegaram ao topo do mundo e revolucionaram os costumes da sociedade.

Nos Beatles, John Lennon compôs vários clássicos da música pop como “A Hard Day’s Night”, “Help!”, “Ticket To Ride”, “Nowhere Man”, “Norwegian Wood (This Bird Has Flown)”, “In My Life”, “Day Tripper”, “Strawberry Fields Forever”, “Lucy in The Sky With Diamonds”, “All You Need Is Love”, “I Am The Warlus”, “Revolution”, “Happiness Is a Warm Gun”, “Come Together” e “Across The Universe”. A dupla Lennon & McCartney se tornou a parceria de compositores mais regravada de todos os tempos, com interpretações de Frank Sinatra, Elvis Presley, Ray Charles, Aretha Franklin, Barbra Streisand, entre muitos outros. Os Beatles venderam mais de um bilhão de discos, lançaram treze álbuns em sete anos, colocaram 27 músicas em primeiro lugar, transformaram o rock’n’roll em obra de arte, atuaram de forma arrebatadora no cinema e na TV, fizeram turnês fantásticas por dezenove paises (7), e ganharam os prêmios mais importantes da indústria de entretenimento.

Durante os primeiros anos dos Beatles, John Lennon foi o grande líder da banda. Sempre ireverente, ele fazia a diferença, entre outros astros pop. Em novembro de 1963, em uma apresentação no Prince of Wales Theatre, no evento Royal Variety Performance, com a presença da Realeza Inglesa que incluiam a Rainha Mãe, a Prinsesa Margareth e o Lord Snowdon, John antes de tocar uma das músicas falou: “As pessoas nos lugares baratos batam p almas; o resto basta basta sacudir as joias”

A quebra de antigos padrões e a criatividade sempre acompanharam John Lennon. O álbum “A Hard Day’s Night”, trilha-sonora do primeiro longa-metragem dos Beatles, em 1964, foi quase todo composto e idealizado por John. Um ano depois, quando os Beatles foram condecorados com a medalha de Membros do Império Britânico, houve rumores de que John levou vários baseados para serem fumados no Banheiro Real. Em 1966, no álbum “Revolver” dos Beatles, na faixa “Tomorrow Never Knows”, composta por John após sua leitura de “O Livro Tibetano dos Mortos”, ele inovou com seu experimentalismo sonoro artístico. Após tantas controversias, durante o lançamento do antológico álbum dos Beatles “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, em junho de 1967, foi atribuido a canção de John, “Lucy in The Sky With Diamonds”, uma apologia ao LSD (8), já que as iniciais da música coincidiam com as do ácido lisergico. Porém John sempre desmentiu o fato alegando ter composto a canção inspirado em um desenho de seu filho Julian.

Mas, mesmo durante seu tempo com o grupo, John Lennon se destacou individualmente em várias frentes.

Em sua própria letra

O primeiro trabalho solo de John Lennon veio a luz no auge da Beatlemania em 23 de março de 1964, com o lançamento de seu primeiro livro “In His Own Write” contendo seus desenhos, pequenas estórias e poemas. Em 1965, na mesma linha do anterior, o segundo livro de Lennon, “A Spainard In The Works”, foi publicado. Os dois livros foram grandes best-sellers e obtiveram boas críticas. O jornal inglês “Sunday Telegraph” chamou o primeiro livro de John de “Irressistível.” John Lennon foi considerado o “Beatle inteligente” e homenageado com uma recepção no prestigiado Foyle’s Literary, em Londres, com apenas 23 anos. Em 1966, o primeiro álbum creditado somente a John Lennon, foi distribuído pela Sterling Productions em setembro pelo correio apenas. Foi o LP “I Apologise”(9), onde John explicou a controvérsia criada por sua declaração, em março de 1966 ao jornal inglês “Evening Standart”: “O cristianismo vai acabar. Vai se dissipar e depois sumir. Nem preciso discutir isso. Estou certo e o tempo vai provar. Atualmente somos mais populares que Jesus Cristo”. O comentário passou desapercebido na Inglaterra, mas nos Estados Unidos despertou a ira de fundamentalistas cristãos. Hoje este disco é um raríssimo item de colecionadores. Um ano depois, a United Artists lançou o longa-metragem “How I Won The War”, uma comédia sobre a Segunda Guerra Mundial estrelada por John Lennon e dirigida por Richard Lester. Na ocasião foi lançado um compacto com o mesmo nome do filme, contendo trechos de diálogos de John aliado a música incidental de Ken Thorne. O disco foi creditado a Musketeer Gripweed and The Third Troup – o personagem de Lennon na película.

In My Life
Após o casamento, John e Cynthia foram morar em um pequeno apartamento em andar térreo na Faulkener Street, em Liverpool. O casal e seu bêbe se mudaram para Londres, no final de 1963, onde alugaram um apartamento de tres quatos na Cromwell Road, no bairro de Kensington and Chelsea. Na época a Beatlemania arrebatou a Inglaterra e os lançamentos natalinos do quinto single “I Want To Hold Your Hand” e do segundo álbum “With The Beatles”, antes de irem para as lojas já tinham um número de pedidos que superavam as vendas de qualquer outro disco lançado na Grã Bretanha em sua história fonografica. Portanto, um Beatle morar em um apartamento na área metropolitana de Londres, logo criou problemas para os vizinhos quando os fãs descobriram o novo enderço de John.

Para o empresário Brain Epstein, a mudança da família Lennon criou também outro problema. Com receio de afugentar as fãs, Brain tentou manter em segredo o fato de John ser casado e ter um filho. Mas John não quis esconder sua família e achava que isso não faria diferença. Com os muitos milhões que passaram a entrar em sua conta bancária proveniente dos royalities dos Beatles, em julho de 1964, John e Cynthia compraram uma casa com dezeseis quartos, jardim e piscina em Weybridge, um pouco mais afastado do centro de Londres. O casal passou nove meses reformando e decorando a mansão ao seu estilo. Eles tinham em tempo integral a sua disposição um jardinheiro, uma empregada e o motorista Anthony, que se encarregava da garagem que tinha um Rolls Royce, um Porche dourado e uma Ferrari vermelha.Os Lennons também recebiam amigos em casa para jantar como o ator inglês Peter Sellers ou Michael Nesmith, guitarrista dos Monkees.

Enquanto esteve casado com Cynthia, John estava em grande atividade com os Beatles passando longos períodos longe de casa e do filho Julian. Mas sempre que possível John e Cynthia frequentavam as melhores boates londrinas onde encontravam pop stars como o Rolling Stone Brain Jones ou viajavam juntos para “pequenas luas de mel” em lugares badalados como Paris, Nova York, Honolulu e Alpes Suíços ou no Taíti, na Polinésia, quando queriam mais privacidade.

No início de 1968, ainda chocados com a morte do empresário Brain Epestein, seis meses antes, os quatro Beatles e suas esposas foram passar um tempo na India, em um centro de meditação do Maharishi Mahesh Yogi, um indiano que na época quis ser o guru da banda. No centro do Maharishi com vista para o Himalaia, a família Beatle estava acompanhado do cantor Donovan, de Mike Love membro do Beach Boys e da atriz Mia Farrow. O ambiente inspirador fez com que John compusese várias canções para o novo álbum dos Beatles. Entre elas estavam “Julia”, um tributo para sua mãe e “Goodnight” para Julian. Provavelmente foi a partir daí que John se aproximou do budismo. Entretanto, neste período na India, John estava distante de Cynthia e o casamento com a antiga namorada começou a desmoronar.

Yoko

Em dezoito de junho de 1968, o ator Victor Spinetti dirigiu a adaptação do primeiro livro de John Lennon para o teatro. A idéia da peça foi desenvolvida entre Victor e John, durante o reveillon de 1968, em Marrocos na Africa. Na época, os Beatles continuavam a tocar sua poderosa máquina criativa, mas, sem que ninguém soubesse, as tensões internas começaram. E um fato foi crucial na futura carreira solo de Lennon: na estréia de “The John Lennon Play: In His Own Write”, no Old Vic Theatre, em Londres, John apareceu acompanhado, não de sua esposa Cynthia, e sim de Yoko Ono, sua nova namorada. John tinha conhecido Yoko em nove de novembro de 1966, quando a artísta plástica japonesa, filha de um banqueiro nipônico, estava exibindo eus trabalhos em uma amostra chamada “Unfinished Paintings and Objects”, na Indica Gallery, em Londres. Após a estréia da peça John e Yoko partiram de férias para County Mayo, na Irlanda.

John e Yoko assumiram o romance em maio de 1968, durante uma viajem de Cynthia para a Grécia. A partir daí John passou a levar Yoko para todos os lugares, inclusive para as sessões de gravação do que ficou conhecido como o “Álbum Branco” dos Beatles, que se iniciou em 30 de maio daquele ano. A presença de Yoko nos estúdios de Abbey Road causou embaraços nos outros Beatles.

Avant Garde

Em dezembro de 1963, durante uma entrevista com os Beatles, um reporter pediu para que cada um mandasse uma mensagem de natal para os fãs. John disparou uma vanguardista saudação: “Boas festas e quebrem as regras.”. John Lennon vinha se destacando seja em declarações polêmicas ou por sua criatividade artística, mas foi durante o ano de 1968, que a vida de John Lennon mudou. Neste mesmo ano, os Beatles abriram sua própria gravadora, a Apple, e logo emplacaram o single de maior vendagem do grupo – “Hey Jude”(a música é uma consolação para Julian, filho de John, na época da separação dos pais). Mas paralelamente, John começou a se aproximar da vanguarda artística londrina e seu interesse em trabalhar com os Beatles foi diminuindo e sua postura, que para muitos já era revolucionária, em 1968 rompeu novas barreiras. Separado de Cynthia, John e Yoko foram morar temporariamente em um apartamento que Ringo Starr mantinha em Montagu Place, centro de Londres. Lá em dezoito de outubro, John foi processado por porte ilegal de haxixe. A apreensão policial aconteceu um mês antes do lançamento do primeiro álbum de John Lennon e Yoko Ono – “Unfinished Music No. 1 – Two Virgins”, gravado na primeira noite que Yoko passou na mansão de John em Weybridge. O disco registra diálogos, gritos e sussurros do casal apaixonado. A capa do disco causou alvoroço com John e Yoko em nu frontal. Um filme homônimo, de 21 minutos, superpondo as faces de John e Yoko, e “Smile”, uma seqüência rápida de 30.000 fotogramas por minuto de Lennon sorrindo, foram filmados no jardim da propriedade de Lennon, no verão de 1968, e lançados no Festival de Filmes de Chicago em dezembro, iniciando a fase cinematográfica do casal. Em seguida, John e Yoko participaram do especial para TV dos Rolling Stones “Rock’n’Roll Circus”. Foi a primeira vez que John fez uma apresentação musical, sem os Beatles, apesar dos boatos de que ele tocou junto a seu amigo Jimi Hendrix numa gravação de “Day Tripper”, em dezembro de 1967, no programa “Radio One”, na BBC. No especial dos Stones, John formou o The Dirty Mac, com o Rolling Stone Keith Richards, o baterista da Jimi Hendrix Experience, Mitch Mitchell e o guitarrista Eric Clapton. Yoko e o violinista Iviry Gitlis se juntaram ao supergrupo em um dos números. E, para finalizar o ano, no Royal Albert Hall, em Londres, John e Yoko iniciaram uma série de happenings chamados “Bagism”, onde apareciam dentro de grandes sacos brancos a fim de expressar uma “total comunicação”. Os “Bagism” iam desde uma promoção artística do casal a protestos contra a pena de morte na Inglaterra.

O casamento de John e Yoko, em 20 de março de 1969, em Gibraltar, perto da Espanha, transformou-se num evento publicitário a favor da paz, contrário à Guerra do Vietnam. John e Yoko, após uma parada em Paris(10), para um almoço com o pintor Salvador Dali, voaram em lua de mel para o Hotel Hilton em Amsterdã, Holanda. Lá iniciaram uma série de entrevistas na cama num período de uma semana, conhecido como “Bed-in”. O evento também se converteu em mais um filme de John e Yoko chamado “Honeymoon” Após o fim da badalada lua de mel, John e Yoko foram para Viena, na Áustria, para a estréia de “Rape” (outro filme do casal), um ambicioso projeto de 72 minutos, onde uma jovem atriz húngara é perseguida por uma câmera invadindo sua privacidade. “Rape” foi indicado como “Hors Concours” no Festival da Televisão de Montreaux. Animado com a repercussão de seus do filmes, em abril de 1969, John Lennon cada vez mais distante dos Beatles, e inseparável de Yoko, abriu a Bag Productions, produtora de filmes do casal.

Os Beatles, após quatro anos de turnês pelo mundo, pararam com as excursões em 1966, exaustos com a histeria nos shows. Em janeiro de 1969, fizeram um concerto surpresa nos telhados de sua gravadora, a Apple. Mas nenhum deles havia se apresentado solo, até o dia dois de março de 1969, quando John Lennon, acompanhado de Yoko, fez uma aparição surpresa na Universidade de Cambridge, acompanhados dos músicos de jazz John Tchikai e John Stevens. O show foi gravado e incluído como um dos temas do segundo álbum do casal – “Unfinished Music No.2 – Life With The Lions”, lançado em maio de 1969. Além do registro da primeira apresentação solo, ao vivo, de Lennon, na faixa “Baby’s Heartbeat”(11) foi possível se ouvir o batimento do coração do bebê deles, abortado espontaneamente em novembro de 1968. Parte deste disco foi também incluído como brinde em uma revista de vanguarda americana “Aspen”, como um flexi-disc.

No último trimestre de 1969, o casal lançou os filmes “Apotheosis”, filmado de um balão que passava por várias regiões do interior da Inglaterra e “Self Portrait”, que também causou furor ao exibir em câmera lenta e acelerada o pênis de John Lennon, do repouso à ereção. O LP “The Wedding Album”(“O Álbum do Casamento”) foi lançado numa luxuosa caixa repleta de souvenires do casamento dos dois. Musicalmente, o álbum manteve a linha vanguardista: na faixa “John & Yoko”, por exemplo, durante vinte minutos cada um pronuncia o nome um do outro de diversas maneiras.

Paralelamente aos lançamentos artísticos, John e Yoko continuavam sua campanha pela paz viajando de Londres para as Bahamas e do arquipélago caribenho para Toronto e Montreal, no Canadá, onde foram recebidos pelo Primeiro Ministro canadense Pierre Trudeau. No Hotel Queen Elisabeth, em Montreal, o casal, durante mais um “bed-in” recebeu a visita de intelectuais como Timothy Leary e Allen Ginsberg, a cantora Petula Clark e o ativista político de esquerda Abbie Hoffman. Numa tarde de junho, John e Yoko e alguns de seus ilustres visitantes gravaram no quarto do hotel um manifesto à paz – “Give Peace A Chance” . O evento foi filmado pelo casal e convertido em um média-metragem do mesmo nome. O disco saiu em junho creditado a uma desconhecida Plastic Ono Band.

Plastic Ono Band

É importante lembrar que os Beatles, em 1969, apesar das crises internas, continuavam gravando e se superando em seus sucessos. O álbum “Abbey Road”, lançado em outubro, foi indicado ao Grammy como “Álbum do Ano” além de ter sido o disco mais vendido do ano com mais de onze milhões de cópias, e permaneceu dezessete semanas em primeiro lugar na Inglaterra e onze nos Estados Unidos, onde ficou 116 semanas na lista dos mais vendidos da revista Billboard. Além do estrondoso sucesso do single “Get Back” que foi ao primeiro lugar nas paradas de sucesso em 26 países! Apesar da presença de Yoko na vida de John ter gerado tensões entre os Beatles, em junho de 1969, foi lançado pelo grupo de Liverpool o single “The Ballad of John and Yoko”, que foi ao primeiro lugar na Inglaterra. Nos Estados Unidos, onde o disco vendeu rapidamente um milhão de cópias, a capa do compacto trouxe uma foto dos Beatles com Yoko juntos.

Em contraposição a este fenomenal sucesso, o trabalho solo de John Lennon com Yoko Ono vinha se mantendo numa linha underground. Seus filmes eram exibidos apenas em cinemas de arte e seus três discos lançados com Yoko chegaram as paradas timidamente, ocupando posições como 124o. lugar, nas listas dos mais vendidos, por exemplo. Mas John obteve êxitos comerciais mesmo em sua fase vanguardista a frente de uma banda imaginária.

O conceito da Plastic Ono Band, foi idéia de Yoko, que passou a convidar músicos para juntar-se à banda em gravações ou concertos. No lançamento do primeiro single da “banda”, em julho – “Give Peace A Chance”, John e Yoko não puderam estar presentes, pois haviam se envolvido num acidente de carro na Escócia. Quando os jornalistas chegaram não encontraram nenhum músico, mas um robô com uma câmera os filmando e um cartaz “Você é da Plastic Ono Band”. “Give Peace A Chance” (12) foi um grande êxito, chegando ao segundo lugar nas paradas de sucesso e tornou-se um hino pela paz. Em novembro de 1969, um ato em protesto contra a Guerra do Vietnam reuniu meio milhão de pessoas que cantaram em côro “Give Peace a Chance”, diante a Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos.

O primeiro concerto da Plastic Ono Band aconteceu no Varsity Stadium em Toronto, Canadá, em treze de setembro, durante o “Toronto Rock’n’Roll Revival Show”. A Plastic Ono Band, não só passou a existir como estava composta pelos mais célebres músicos como o guitarrista Eric Clapton, o baixista Klaus Voormann (amigo desde os tempos de Hamburgo) e o baterista Alan White. Dividiram o palco com a banda, ídolos de John, nos anos 50, como Little Richard, Chuck Berry, Fats Domino, Gene Vincent e Jerry Lee Lewis, além das então recentes atrações da época como The Doors e a banda Chicago. Os concertos foram filmados pelo cineasta D.A Pennebaker e lançado nos cinemas como “Toronto Pop”. Ao retornar a Londres, em 20 de setembro, John comunicou aos outros três Beatles, sua intenção de deixar o grupo, mas foi demovido da idéia por Paul McCartney.

Mesmo assim, John seguiu, paralelamente, com sua Plastic Ono Band. Após uma breve pausa de férias em Atenas, na Grécia, em novembro, John lançou o segundo single – “Cold Turkey”, que era uma referência às drogas. Desta vez a Plastic Ono Band, estava composta por outro Beatle, o baterista Ringo Starr. “Cold Turkey” chegou ao décimo quarto lugar no hit parade, mas o single coincidiu com o ato de John Lennon em devolver sua comenda de Membro do Império Britânico à Rainha Elizabeth(oferecida aos Beatles em 1965) em protesto ao envolvimento da Inglaterra na Guerra do Vietnam e no conflito da Nigéria e Biafra. Razão pela qual “Cold Turkey” foi banida da rádio BBC.

O prolífero ano de 1969 para John Lennon fechou com o lançamento, em doze de dezembro, do álbum “Live Peace In Toronto”, produzido por John e Yoko, registrando o concerto no Varsity Stadium. O primeiro álbum da Plastic Ono Band, chegou ao Top 10 das paradas de sucesso e faturou um disco de ouro. O álbum veio com um calendário estilizado de brinde e apresentou as versões ao vivo para clássicos do rock’n’roll dos anos 50 como “Blue Suede Shoes” de Carl Perkins e para a vanguardista composição de Yoko – “Don’t Worry Kyoko”. Três dias após o lançamento do álbum, sob o nome de Plastic Ono Band Supergroup, John e sua banda tocaram no evento “Peace For Christmas” no Lyceum Ballroom(13), em Londres, com renda para UNICEF. Entre os músicos convidados estavam, o Beatle George Harrison, o baterista do The Who, Keith Moon, Eric Clapton e outros. Após o concerto, outdoors foram expostos em onze países com a mensagem: “War Is Over – If You Want . Happy Christmas From John & Yoko” (A guerra acaba, se você quiser – Feliz Natal de John e Yoko).

Em 30 de dezembro, John e Yoko abriam as portas de sua nova mansão em Tittenhurst Park, em Ascot, subúrbio de Londres, à rede britânica ATV, que entrevistou John, que foi eleito “Homem da Década”. John estava com apenas 29 anos.

O sonho acabou

Após um agitado ano, a década de 70 começou com John e Yoko de férias na Dinamarca. Lá eles rasparam e leiloaram seus cabelos para arrecadar dinheiro para a Black House, um centro inglês de cultura negra. Em Londres, o jornal “Daily Mirror” reportou que o ato de John e Yoko foi o mais famoso “escalpo” desde a época dos Peles Vermelha. Enquanto isso, na Inglaterra a polícia londrina apreendeu oito litogravuras de John Lennon expostas na London Arts Gallery, alegando um forte apelo erótico do material. No mês seguinte à exposição, chamada de “Bag One”, seguiu para os Estados Unidos, onde foi exibida sem problemas.

O primeiro disco somente de John Lennon “Instant Karma”, produzido pelo lendário Phil Spector foi lançado em fevereiro de 1970 e alcançou o terceiro lugar nas paradas de compactos com mais de um milhão de cópias e uma apresentação da Plastic Ono Band no prestigiado programa de TV britânico “Top Of The Pops”. O disco foi creditado a John Ono Lennon, marcando a mudança do nome de John que, numa postura feminista, adquiriu o sobrenome da esposa e não o contrário como era de costume.

Apesar de já estar longe dos Beatles desde o final de 1969, John se surpreendeu quando soube pela imprensa, em dez de abril de 1970, que Paul se declarou fora do grupo. Lennon se sentiu traído, pois foi o próprio Paul que o havia convencido a ficar, seis meses antes. Com o lançamento do último álbum do grupo “Let It Be”, as vendas do disco dispararam, mas não impediu a dissolução definitiva da maior banda de rock de todos os tempos. Seus ex-integrantes se envolveram então em uma batalha judicial entre si e contra o empresário do grupo Allen Klein pelo espólio do império Beatle.

John continuou a tocar sua carreira. A peça teatral “Oh! Calcutta” dirigida por Jacques Levy, estreou em Londres no Roundhouse Theatre, em julho. O espetáculo de forte clamor sexual e que trouxe atores nus em cena, foi composto de quinze esquetes, um deles escrito por John, retratou uma cena de jovens se masturbando inspirados em estrelas de cinema.

O álbum “John Lennon and The Plastic Ono Band”, produzido por John, Yoko e Phil Spector, lançado em dezembro de 1970, foi sucesso de vendas e recebeu muitos elogios da crítica como “um disco de rock cru” e com letras marcantes como a filosófica “God” (“Deus é uma concepção pela qual medimos a dor”), a crítica sócio política de “Working Class Hero” e as intimistas “Isolation”, “Love” e “Look At Me”. No álbum a Plastic Ono Band teve uma de suas formações mais simples com o ex-Beatle Ringo Starr na bateria, Klaus Voormann no baixo, Yoko nos efeitos vocais e John nas guitarras, piano, vocal principal e compositor de todas as músicas. Billy Preston foi convidado especial para tocar piano em “God”. Para promoção do disco, foi extraído o single autobiográfico “Mother”, fruto de um período em que o casal passou nos Estados Unidos durante o verão de 1970, fazendo terapia com o Dr. Arthur Janov, autor do livro “O Grito Primal”. No mesmo período, foi lançado o álbum “Yoko Ono and The Plastic Ono Band”, co-produzido por John. Em oito de dezembro, John concedeu uma histórica e reveladora entrevista ao editor da revista americana “Rolling Stone”, Jann Wenner. Foi nesta conferência que ao ser indagado sobre o fim dos Beatles, John declarou: “O sonho acabou. E eu não estou falando apenas que os Beatles chegaram ao fim, falo de toda uma geração. O sonho acabou, e tive de encarar pessoalmente a chamada realidade. Eu não acredito no mito dos Beatles. Não acredito nos Beatles. Não tem outro jeito de dizer, tem? Não acredito neles, no que quer que fossem na cabeça das pessoas, inclusive na nossa, durante algum tempo. Foi um sonho. Só isso. E eu não acredito em sonho. Mas já resolvi que não vou mais falar dessa merda. Estou de saco cheio. Eu queria conversar com você sobre o disco (“John Lennon and The Palstic Ono Band”) e ia até dizer para você: Olhe, Jann, não estou a fim de falar de toda a história do rompimento dos Beatles. Não só porque me faz mal, mas também porque sempre acaba parecendo que eu estou fazendo intriga e atacando todo o mundo . E não quero isso.”

O ativista político

John foi um herói para sua geração e um dos pilares de uma grande mudança social a partir de meados da década de 60. Durante sua vida, ele testemunhou o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e o começo da Guerra Fria, entre os Estados Unidos e a União Soviética. Ideologicamente falando, entre o capitalismo e o socialismo. Mas a mesma época também foi marcada pelo início de uma nova era, que segundo o historiador Eric Hobsbawn, foi “A Era de Ouro”, onde os paises desenvolvidos tiveram um grande crescimento econômico, com grandes avanços tecnológicos e científicos, no bojo da exploração do espaço. Porém este ciclo se fechou no início dos anos 70, com a crise do petróleo no Oriente Médio, por exemplo, o que ajudou a radicalizar a disputa ideológica em jogo na época. Foi justamente nessa época que John estava no auge de sua atuação política.

A postura política de John Lennon já podia ser notada desde os tempos dos Beatles. Em 1963, John publicamente apoiou o candidato a Primeiro-Ministro da Inglaterra, Harold Wilson, do Partido Trabalhista em oposição aos conservadores. No ano seguinte, conheceu Bob Dylan, e foi bastante influenciado pelas letras de cunho social do compositor americano e chegou a participar do documentário “Eat The Document”, de DA Pennebacker, sobre a turnê de Dylan na Inglaterra em 1966. Neste mesmo ano, John em sua última turnê com os Beatles pela America do Norte gerou uma série de controvérsias com suas declarações como a famosa “somos mais populares que Jesus” e ao encorajar os jovens americanos a pedirem asilo político no Canadá a fim de fugirem da convocação para a Guerra do Vietnam. Em 1967, os Beatles, longe de serem hipócritas, assumiram publicamente que já haviam experimentado LSD e assinaram um manifesto pela liberação da maconha. Com canções como “Revolution”, de 1968, a participação política de John foi num crescendo até chegar ao período de 1971 a 1973.

Seu primeiro lançamento fonográfico de 1971, o compacto “Power To The People”, lançado em março, foi o seu disco solo mais politizado até então, e também um sucesso comercial. Em julho, durante as gravações do álbum “Imagine” em seu estúdio particular em Ascot, John compôs e produziu “God Save Us” para Bill Elliott and The Elastic Oz Band com o objetivo de arrecadar dinheiro para a revista de esquerda inglesa “Oz”.

A atividade político-musical do casal Ono Lennon, também se consistiu na divulgação de seus filmes. Após a conclusão e a não exibição de “Clock”, uma tomada de uma hora de um relógio francês no St. Regis Hotel em Nova York, John e Yoko foram ao prestigiado Festival de Cannes, na Riviera Francesa, para divulgar “Fly”, onde lentes potentes filmavam uma mosca explorando o corpo nu da atriz Virginia Lust ao som do álbum de Yoko de mesmo nome. Neste mesmo período, outro filme do casal – “Up Your Legs Forever” estreou no Elgin Theatre em Nova York, na época administrado pelo crítico de cinema do “Village Voice” e amigo do casal Jonas Mekas. A temática do filme consistia em filmar 365 pernas de celebridades como as do poeta Allen Ginsberg e as do ator George Segal em nome da paz. “Erection”, outro filme deles, estava em produção, só concluída em 1972, após dezoito meses em que uma câmera fixa num ponto registrava a construção do London International Hotel. Durante um breve período de John e Yoko em Manhattan, o casal participou de um concerto, em junho de 1971, com Frank Zappa e The Mothers of Invention no Fillmore East. Foi a primeira vez que um ex-Beatle tocou em um show nos Estados Unidos desde 1966.

Em meio a uma disputa judicial de Yoko contra seu ex-marido, o americano, Anthony Cox, pela guarda de sua filha Kyoko, o casal Ono Lennon, em 31 de agosto de 1971, decidiu ir morar em Nova York a fim de agilizar procedimentos legais nas cortes americanas. Em Manhattan, John e Yoko, a princípio, se estabeleceram em um apartamento no Greenwich Village, pertencente ao ex-baterista do The Lovin’Spoolful, Joe Butler. Posteriormente, eles se mudaram para o luxuoso edifício Dakota, em frente ao Central Park, onde adquiriram seis apartamentos. No nobre endereço John e Yoko tinham como vizinhos as atrizes Lauren Bacall e Shirlley Winters e o maestro Leonard Bernstein. John se adaptou perfeitamente à vida nova-iorquina e em uma entrevista falou: “Aqui posso ir a um restaurante ou ao cinema. E isso é ótimo. As pessoas me pedem autógrafos, mas não me perturbam”.

A vida de um Lennon ativista político em uma América nos tempos do presidente republicano Richard Nixon ( na época ameaçado de impeachment pelo caso Watergate) foi uma combinação explosiva. John havia passado a acompanhar líderes de oposição, entre eles, o futuro candidato a presidente americano, John Kerry. Além da grande publicidade que acompanhava Lennon em suas aparições nos mais famosos programas de TV americanos como o “The Dick Cavett Show”, “The David Frost Show” “Geraldo Rivera’s Eyewitness News” e o “Jerry Lewis Annual Telethon”, John ainda tinha acabado de lançar o que foi considerado seu melhor trabalho – o álbum “Imagine”, creditado a John Lennon and The Plastic Ono Band (with The Flux Fiddlers). Também produzido por John, Yoko e Phil Spector, o disco trazia um pôster e um cartão postal com Lennon segurando as duas orelhas de um porco, satirizando a capa do disco “Ram” de Paul McCartney. Com as memórias ainda recentes das mágoas do rompimento dos Beatles e da luta nos tribunais, McCartney também foi tema de uma das canções do disco como “How Do You Sleep?”. “Imagine” foi uma mistura do lado pessoal de Lennon (“How?” e “Crippled Inside”), romântico (“Jealous Guy” e “Oh My Love”) e de suas incursões políticas (“Gimme Some Truth”). Além da constelação de estrelas que integraram a Plastic Ono Band naquele disco, com o ex-Beatle George Harrison, Nicky Hopkins, Klaus Voormann, Alan White e Jim Keltner. Lançado, em oito de outubro de 1971, um dia antes de seu aniversário de 31 anos, “Imagine” foi ao primeiro lugar nas paradas e a canção título tornou-se um grande sucesso mundial.

No seu primeiro aniversário na América, John e Yoko ofereceram uma festa no Syraucuse Hotel, em Nova York. Entre os convidados estavam Bob Dylan, Jack Nicholson, John Cage, Dennis Hooper, Spike Milligan, Ringo Starr e Eric Clapton. No final da noite, eles fizeram uma jam sesion onde tocaram além de antigos hits dos anos 50, músicas dos Beatles, de Paul, de George, de Bob Dylan e uma inédita de John em parceria com Phil Spector “Bring Out The Joints”. No início da festa, uma equipe de TV, filmou o evento e exibiu como “John and Yoko In Syracuse”

Em dezembro, John e Yoko lançaram o single natalino “Happy Xmas (War Is Over)”, que foi direto ao segundo lugar no hit parade, mas sua atuação nos palcos americanos estava longe de parecer uma festa cristã. Em dez de dezembro, John e Yoko se apresentam no Crisler Arena, em Ann Arbor, Michigan, no evento político “Ten For Two” pela libertação do ativista político de esquerda, John Sinclair, solto três dias após o concerto. Uma semana depois, o casal fez uma aparição surpresa em um concerto no Apollo Theatre, no bairro negro do Harlen, em Nova York, em benefício das esposas dos 28 homens assassinados durante uma rebelião na prisão estadual de Attica.

Sua atuação política nos Estados Unidos começou a ter conseqüências quando, em fevereiro de 1972, o senador Strom Thurmond pediu a deportação de John Lennon por questões políticas, mas, oficialmente, alegando um processo por porte ilegal de drogas em 1968, na Inglaterra. Imediatamente em defesa de John veio o prefeito de Nova York, John Lindsay, o embaixador inglês nos Estados Unidos Lord Harlech, além de várias personalidades do mundo artístico, como cantor Neil Sedaka que compôs em apoio a John a canção “The Immigrant”. Apesar dos apoios, nesta época, John Lennon passou a ser seguido e teve seu telefone grampeado pelo FBI.

Apesar da pressão, Lennon não se intimidou e manteve uma intensa atividade artística. Durante uma semana de fevereiro, junto com Yoko, eles foram apresentadores convidados do programa de TV “The Mike Douglas Show”. Na maratona de entrevistas, que marcou a TV americana, John e Yoko, além de tocarem suas músicas, entrevistaram o comediante George Carlin, o cantor e ídolo de John nos anos 50, Chuck Berry, a atriz Barbara Loden, o ativista político Jerry Rubin, o líder dos Pateras Negras Bobby Seale, o ativista Raph Nader, a chef de comida macrobiotica Hillary Redleaf entre outros.

Em seguida, o casal entrou no estúdio Record Plant para gravar seu novo álbum, que, além dos componentes da Plastic Ono Band, teve a participação da banda nova-iorquina Elephant’s Memory. As sessões de gravação receberam constantes visitas de gente como o Rolling Stone Mick Jagger, o bailarino Rudolph Nureyev e o artista plástico Andy Wahol.

Após um concerto que John, Yoko com a Elephant’s Memory Band realizaram em Washington Square para angariar fundos para uma igreja metodista, em 12 de junho, o álbum manifesto “Sometime In New York City” foi lançado mundialmente. A produção repetiu o trio John, Yoko e Phil e músicos como Jim Keltner e Bobby Keys. A capa do disco simulou uma folha de jornal onde cada título de canção e suas letras pareciam notícias. O álbum trouxe vários encartes como um abaixo assinado já postado a favor da permanência de John na América, uma sátira a um folheto do exército britânico e um cartão postal da Estátua da Liberdade de punho cerrado para o alto, num típico simbolismo de protesto. O álbum duplo trouxe em um dos discos o concerto de John com Frank Zappa gravado meses antes (com destaque a interpretação de “Well, Baby Please Don’t Go”) e um disco de estúdio com canções panfletárias como a feminista “Woman Is The Niger Of The World” (lançada em single), “Angela” dedicada à líder comunista americana Angela Davis, “Luck Of The Irish”, sobre a questão irlandesa e sua homenagem a cidade que passava a amar “New York City”. O álbum, creditado como de John, Yoko, Plastic Ono Band, Elephant’s Memory e mais a Invisible Strings, não chegou ao Top 10 das paradas de sucesso, talvez pelo seu pouco apelo comercial.

Em 30 de agosto, John Lennon, Yoko Ono e a Plastic Ono Band lotaram o Madison Square Garden, em Nova York, para o concerto de caridade conhecido como “One To One”. A renda de US$1.5 milhões somada aos US$ 60 mil doados por Lennon foram para a One-to-One Foundation que arrecadava dinheiro para a Willowbrook School, especializada na educação de crianças excepcionais. Steve Wonder e Roberta Flack também participaram do show, que foi exibido pela rede ABC-TV.

Na véspera do Natal, “Imagine”, último filme produzido pelo casal, foi exibido como um especial para a TV americana. O filme consistia em uma série de vídeo-clipes ao som das músicas do álbum homônimo adicionadas as do disco “Fly” de Yoko. Estrelas como os atores Fred Astaire e Jack Palance e o músico de jazz Miles Davis fizeram suas aparições no filme.

As tentativas do governo americano em deportar John Lennon continuaram em 1973, fato que não pareceu interromper sua criatividade. Em janeiro, foi lançado “Approximately Infinite Universe”, álbum duplo todo composto por Yoko Ono, e co-produzido por John. Em abril, Lennon causou frisson ao se reunir com os ex-Beatles George Harrison e Ringo Starr em um estúdio em Los Angeles para trabalharem em sua composição “I’m The Greatest” para o novo álbum de Ringo. Pouco depois, John foi para o estúdio gravar seu próximo disco “Mind Games” e ao mesmo tempo colaborar no disco de Yoko “Feeling The Space”.

Não obstante às gravações, John e Yoko continuaram sua peregrinação política. Em uma coletiva para imprensa, em abril, John falou sobre um novo conceito de nação chamado “Nutopia” – uma nova sociedade sem propriedades, sem fronteiras, sem passaportes, somente com pessoas. O casal ainda participou de conferências feministas e de protestos contra a Guerra do Vietnam. Entretanto, após cinco anos juntos, em setembro de 1973, John Lennon e Yoko Ono se separaram.

Fim de semana perdido

A crise no casamento de um dos mais famosos pares românticos do século 20, também se revelou tão notória quanto a própria vida em comum de John e Yoko. Folclorizado como “o fim de semana perdido”, John foi para Los Angeles, a pedido de Yoko. Na Califórnia, Lennon passou a freqüentar as mais badaladas recepções, em companhia de famosos como Elisabeth Taylor, Paul Newman, Mick Jagger, Jack Nicholson, David Bowie, Alice Cooper, o ex-Monkee Micky Dolenz, entre outros.

John que havia se casado aos 21 anos, com Cynthia, e após a separação se casou em seguida com Yoko, experimentava pela primeira vez a sua vida de solteiro. Apesar dos rumores sobre as orgias sexuais ocorridas nas turnês dos Beatles, nos anos 60, do caso que John teve com a sexy e glamurosa estrela pop inglesa Alma Cogan, quando ainda estava com Cynthia, e dos boatos, nunca confirmados de um affair com a atriz, simbolo sexual americano, Jayne Mansfield, e de um rápido namoro com a cantora Joan Baez, desta vez John, aos 33 anos, milionário e famoso podia curtir livremente os prazeres da fama. Ele alugou a casa do ex- produtor do Mamas and The Papas, Lou Adler, em Stone Canyon Road, no elegante bairro de Bel Air. Depois John dividiu uma mansão na praia de Santa Monica com o ex-Beatle Ringo Starr (também descasado) e os amigos, Keith Moon (baterista do The Who) e o cantor Harry Nilsson, mergulhando no trinômio sexo, drogas e rock’n’roll. Apesar de estar freqüentemente acompanhado de sua secretária, May Pang (14), com quem estava tendo um romance. O endereço de John em Santa Monica se tornou uma Meca local para vários músicos e celebridades. Foi lá que John recebeu a visita de Paul McCartney, e onde fizeram uma jam session, em primeiro de abril de 1974.

A vida de farras, não afastou Lennon do trabalho, pelo contrário, ele esta bastante produtivo. Logo que chegou a Los Angeles, John e o produtor Phil Spector iniciaram as gravações de um álbum só com rock’n’roll dos anos 50, intitulado a princípio de “Oldies But Mouldies”. Entretanto, após uma interrupção nas gravações devido a desentendimentos com Spector, John passou então a promover seu novo álbum “Mind Games”, produzido apenas por ele e lançado em dezesseis de novembro de 1973. Bem mais ameno que o anterior, “Mind Games” veio com baladas melódicas como “Are You Here” e “One Day At Time” e letras irônicas como “Tight A$” e “Freeda People”. No álbum, músicos como David Spinozza, Jim Keltner e Ken Ascher foram parte da The Plastic U.F.Ono Band. O álbum não obteve críticas muito favoráveis, mas foi um êxito comercial.

Em 1974, entre uma noitada e outra, John produziu o álbum “Pussy Cats” de Harry Nilsson; tocou no disco “Caribou” de Elton John; compôs a canção “Goodnight Vienna” que deu nome ao álbum de Ringo Starr; participou como locutor convidado da estação de rádio da Filadélfia, WFIL, em um evento para caridade; auxiliou o ex-Beatle George Harrison em sua primeira turnê solo pela América do Norte; além de gravar seu novo álbum “Walls and Bridges”. Para este disco, John se reuniu com os músicos Bobby Keys, Jim Keltner, Jesse Ed Davies e seu filho Julian, com onze anos, que debutou como músico neste disco do pai. A esse time John batizou de Plastic Ono Nuclear Band/Little Big Horns and The Philharmanic Orchestrange. Elton John também participou do disco como músico convidado e fez uma aposta com John, que se uma das músicas do álbum fosse ao primeiro lugar nas paradas, Lennon participaria do concerto de Elton John em Nova York, em novembro daquele ano.

O álbum “Walls and Bridges” (15), com produção exclusiva de John, foi lançado em 26 de setembro de 1974, em uma grande campanha publicitária da Capitol Records, incluindo o single “Interview With John Lennon And a Message To The Salesmen”, outro raríssimo item de colecionador. Considerado o trabalho de maior apelo comercial de Lennon, o disco constou com canções que refletiam o estado de espírito de John na época desde as introspectivas “Nobody Loves You When You Down and Out”, “Going Down On Love” e “Old Dirty Road” até as dançantes “What You Got”, “Surprise Surprise (Sweet Bird Of Paradox)” . Uma em especial: “Whatever Gets You Thru The Night”, confirmou a aposta feita por Elton John, e foi ao primeiro lugar nas paradas de sucesso, o que levou Lennon a uma participação especial no concerto de Elton, em 28 de novembro, no Madison Square Garden, em Nova York. O álbum “Walls and Bridges” também foi ao primeiro lugar e tirou outro single ao Top 10, com “#9 Dream”. Logo após o lançamento de “Walls and Bridges”, Lennon voltou às gravações de seu disco com rocks da década de 50.

De volta a Nova York, em janeiro de 1975, John Lennon compôs em parceria com David Bowie a canção “Fame”, que deu a Bowie seu primeiro grande hit nos Estados Unidos. Como um ciclo que se fechou, uma canção sobre a fama pareceu exorcizar os últimos dezoito meses da vida de John nas badalações do jet-set. Um mês depois ele, terminou seu relacionamento com May Pang e retornou a seu lar no Dakota para viver com Yoko, que imediatamente engravidou.

Dono de casa

De volta ao Dakota, John aparentou estar feliz com a nova investida de ter um segundo filho e com a reconciliação com Yoko, mas desta vez ele estava determinado a conduzir sua vida familiar longe do furacão que o tomou há cerca de quinze anos. John adotou um estilo de vida mais saudável e nas horas vagas passou a fazer natação no Y.M.C.A., que era próximo de sua casa e a velejar por Martha’s Vineyard.. Entretanto, ainda havia alguns obstáculos a vencer como as apelações contra sua deportação dos Estados Unidos, e o recente lançamento de um álbum chamado “John Lennon Sings Great Rock’n’Roll Hits – Roots” pelo pequeno selo Adam VIII sem a autorização de Lennon. Tratava-se do disco que John vinha gravando desde 1973 com antigos rocks. O álbum surgiu de um acordo de Lennon com Morris Levy, dono de uma editora musical que detinha os direitos sobre a obra de Chuck Berry e que acusou Lennon de plagiar uma das músicas de Berry. Todavia, ao entregar as fitas do álbum para que Levy escutasse, este acabou lançando o disco sem autorização. A EMI processou Levy e antecipou o lançamento do álbum “Rock’n’Roll”, único trabalho não autoral de John, produzido por ele e Phil Spector, que contou com as participações especiais do violonista Jose Feliciano e de Nino Tempo no saxofone. O disco foi repleto dos rocks que influenciaram John em sua adolescência como “Slippin’and Slidin'” de Little Richard, “Be-Bop-A-Lula” de Gene Vincent e “Peggy Sue” de Buddy Holly. Apesar do lançamento pirata, “Rock’n’Roll” chegou aos dez mais das paradas de sucesso nos dois lados do Atlântico. Para promover o disco, John lançou o vídeo-clipe do single “Stand By Me” (com “Move Over Ms. L”, de sua autoria, no lado B), um antigo sucesso na voz de Ben E. King.

Em março, na cerimônia do Grammy Awards, John e Yoko fizeram a primeira aparição pública juntos, em quase dois anos. John Lennon, um veterano no Grammy, entregou, junto a Paul Simon e Andy Williams, o prêmio de “Gravação do Ano” para Olivia Newton-John. Na mesma semana da premiação, Elton John, lançou seu big hit “Philadelphia Freedon” com o lado B contendo “I Saw Her Standing There” (de Lennon e McCartney), creditado a John Lennon and The Muscle Shoals Horns, com a versão ao vivo que John tocou com Elton meses antes no Madison Square Garden. Nesta época, John ainda continuou a se dedicar ao show-buissiness. O programa inglês “The Old Grey Whistle Test” da BBC 2 TV, foi a Nova York, exclusivamente para entrevistar John, que falou “Onde quer que eu esteja o dinheiro me segue” . Na América, John concedeu uma longa entrevista para o “The Tonight Show”, da NBC TV, onde ele expressou sua vontade de produzir discos para seu ídolo Elvis Presley, a quem não via pessoalmente desde um encontro dele com os Beatles, em 1965 e também para seu amigo Bob Dylan. Em dezoito de abril de 1975, no palco do Hotel Hilton, em Nova York, John Lennon, de violão em punho, acompanhado de uma grande orquestra, fez sua última apresentação ao vivo(16) no evento “Salute To Sir Lew Grade”, em homenagem ao magnata da TV britânica.

Em outubro, o álbum “Shaved Fish”, uma coletânea de sucessos solo de Lennon foi lançado e trouxe a canção “Imagine” de volta às paradas sucesso, alcançando o primeiro lugar na Inglaterra. Mas neste período, um outro acontecimento se colocava em primeiríssimo lugar no coração de John: o nascimento de Sean Taro Ono Lennon, seu filho com Yoko, nascido no mesmo dia em que ele completou 35 anos.

Sean trouxe sorte a John. Isto porque, em 1976, após anos de apelações com o Departamento de Imigração, ele ganhou o seu green-card – o direito de permanecer legal nos Estados Unidos. Os advogados de Lennon partiram para um contra-ataque e processaram o governo americano por perseguição política. A justiça americana, também concedeu a John US$145 mil ganhos da ação movida contra Morris Levy, referente ao lançamento ilegal do disco “Roots”.

Contudo os bons ventos pareciam, também, afastá-lo do mundo da música pop. Em 26 de janeiro de 1976, com o fim de seu contrato com a EMI, John foi o único ex-Beatle a não assinar com nenhuma gravadora, apesar das várias propostas milionárias na época para uma volta dos Beatles, cujo catálogo continuava a render milhões de dólares com os lançamentos de coletâneas como “Rock’n’Roll Music” e “The Beatles Live At The Hollywood Ball” de 1976 e 1977, respectivamente, que foram direto ao topo das paradas de sucesso. Mas John estava decidido a largar a música e se dedicar exclusivamente a Sean, pois quando seu primeiro filho Julian nasceu, ele estava no auge dos Beatles, e não pôde ser pai em tempo integral (Sean só soube que o pai tinha sido um Beatle, quando no natal de 1979, ele assistiu o longa-metragem em desenho animado “Yellow Submarine”)

John ainda fez uma entrada no estúdio de gravação Cherokee, em Hollywood, em doze de junho de 1976, para tocar piano em sua canção “Cookin'(In The Kitchen of Love)”, que compôs para o novo disco de Ringo Starr. “Cookin'” foi, tanto um reflexo de sua conversão a macrobiótica (17) (que o mantinha em uma ótima forma com 76 quilos distribuídos em 1,81m.), quanto de sua nova vida de dono de casa, fazendo pão na cozinha de seu apartamento no Dakota ou alimentando seu pequeno Sean. Isso enquanto Yoko, apesar de estar cada vez mais esotérica, se mostrou uma brilhante mulher de negócios realizando um acordo com o ex-empresário dos Beatles, Allen Klein dando fim a uma disputa judicial de sete anos. Ela também investiu em fazendas de gado puro sangue no estado de Nova York e adquiriu imóveis. O casal Lennon comprou uma esplendorosa mansão, em estilo espanhol de frente para a praia em West Palm Beach na Florida, chamada “El Salano”, que pertenceu a família Vanderbilt e outra propriedade no elegante Cold Spring Harbor, em Long Island. No final dos anos 70, a imprensa já avaliava a fortuna do casal em 235 milhões de dólares!

John, enquanto estava em Nova York, se tornou cada vez mais recluso. Cercado por seus empregados que estavam sob a conduta de seu fiel assistente Fred Seaman. O badalado músico de antes era agora um dedicado pai de família e chegou a declinar de um convite de Greta Garbo para uma festa em que ela recepcionaria um sheik árabe. Durante quatro anos, raros foram os que puderam compartilhar algum contato com o artista. Entre os privilegiados estavam Carly Simon, James Taylor, Mick Jagger, Joe Belushi, Danny Kaye, Andy Wahol Muhamed Ali, Aretha Franklin, Charles Watts, Ron Wood, Elliot Mintz, George Martin e Pelé, na época jogador do Kosmos e freqüentador do mesmo curso de línguas estrangeiras onde John estava aprendendo japonês para uma temporada no Oriente. Paul McCartney foi um dos pouquíssimos autorizados a freqüentar o apartamento de John e Yoko. Inclusive na sala de estar de Lennon, em 24 de abril de 1976, John e Paul assistiram ao programa de humor “Saturday Night Live”, que no ar fez um convite para que se John e Paul estivessem assistindo ao programa naquele momento, que comparecessem ao estúdio, que ficava a poucas quadras do Dakota. John e Paul quase toparam, mas por estarem cansados desistiram da idéia. John e Paul, com suas respectivas esposas, Yoko e Linda, se encontraram pela última vez, em abril de 1977, para um jantar no Le Cirque, o restaurante francês favorito de Paul em Nova York. Foi a última vez que os dois se viram. Paul ainda tentou um contato com John, em janeiro de 1980. Ele, estava em Nova York, hospedado no Stanhope Hotel com a família e os Wings, a caminho de uma turnê pelo Japão. Ele telefonou para John querendo encontra-lo para compartilhar um poderoso tipo e maconha que ele trouxera de Londres. Mas John recusou. Lamentavelmente Paul foi interceptado com 219 gramas da droga em sua bagagem quando chegou no aeroporto de Tóquio, onde passou sete dias preso até ser expulso do país e teve sua turnê japonesa cancelada.

Durante 1977 e 1980, John, Yoko e Sean passaram longos períodos viajando. Dentro dos Estados Unidos a família passou temporadas entre os campos nevados em Massachusetts até as praias na Florida. No mundo, eles foram do Japão, Singapura e Hong Kong para o Egito para visitar as pirâmides e comprar artefatos. De uma viagem de verão para as Ilhas Caribenhas, embarcando depois num vôo para África do Sul, passando pela Alemanha e Espanha. Conta-se que durante uma dessas viagens, John perdeu um convite de Francis Ford Coppola para escrever a trilha sonora do filme “Apocalypse Now”. Mas, segundo amigos, John estava muito contente com a vida que estava levando. Nem a publicação do livro “A Twist of Lennon”, de sua ex-mulher Cynthia, que abordava o consumo de drogas de John e o acusava de adultério, tirou a paz do, agora quieto, casal.

Em suas viagens ao Oriente, muitas pessoas não o reconheciam, mas ocasionalmente, algum turista lhe perguntava: “Você não é John Lennon?” E John respondia: “Eu tenho dito isto muito.” Em quatro de outubro de 1977, após um periodo de quatro meses na Ásia, John trajando um elegante terno preto com um gravata cor pérola, antes de retornar a Nova York, concedeu uma entrevista coletiva no luxuoso Hotel Okura, em Tóquio. John agradeceu ao povo japonês por respeitar a privacidade de sua família, afirmou que sua prioridade nos próximos anos seria criar seu filho Sean e comentou sobre a recente morte de Elvis Presley, seu ídolo. Uma pergunta porém se repetia há sete anos: “Os Beatles voltaram?” John simplesmente respondeu: “Eu duvido muito.”

Mesmo tendo dito que estava fora da vida artística, John, quando voltou do Japão trouxe consigo uma nova composição chamada “Free as a Bird”, inspirada nas belas paisagens japonesas. No Dakota, John compôs e gravou demos como “Mirror Mirror (On The Wall), “Real Love”, “She Is a Friend of Dorothy’s” e “Whatever Happened To…”. Estas seriam a trilha sonora de um idealizado musical para a Broadway que se chamaria “The Ballad of John and Yoko”, que contaria a história de amor dos dois. Mas peça nunca foi escrita.

Após anos fora das manchetes, os Lennons, em 27 de maio de 1979, divulgaram uma mensagem, no jornal “The New York Times”, intitulada “Carta de amor de John e Yoko para as pessoas que nos perguntam o que, onde e por que”. A publicação reforçou a crença de que John tinha perdido o interesse no show bussiness.

Uma foto de Lennon com Yoko, o ator Peter Boyle e a escritora Loraine Alterman no restaurante La Petite Marmite em Palm Beach foi registrada por um paparazzi e estampou os jornais de todo mundo. Foi a primeira foto de John, que vinha a público em vários meses. Talvez tocado pelo flash do estrelato, em seguida, John começou a compor. Em julho de 1980, fez em seu iate uma viagem para as Ilhas das Bermudas. No arquipélago, ao freqüentar uma discoteca, ouviu “Rock Lobster” do grupo B’52, e observou que a canção era uma influência do som que Yoko fazia uma década antes. Inspirado de novo, ao voltar a Nova York, John trouxe consigo um punhado de canções e a vontade de voltar a gravar. Logo depois, ele e Yoko chamaram o produtor musical Jack Douglas, que vinha trabalhando com os grupos Aerosmith e Cheap Trick, para gravar um álbum.

A volta

John não lançava um novo disco há cinco anos. Nesse período, o único lançamento seu foi, em 1977, um single compilando dois de seus antigos hits “Stand By Me”/”Woman Is The Nigger Of The World”. Mas John estava longe do rock’n’roll. Pessoalmente ele vinha apenas ouvindo música clássica ou estações de rádio especializadas em easy listening . Na ceara da música pop, em 1980, John fez algumas concessões ao apreciar o álbum “Glass Houses” de Billy Joel, os hits “Coming Up” de Paul McCartney, “Touch and Go” The Cars, “Hungry Heart” de Bruce Springsteen, e andou ouvindo alguma coisa de grupos como The Pretenders e Madness.

Depois de feito o acordo com o produtor Jack Douglas e o arranjador Tony Davilio em quatro de agosto de 1980, John e Yoko (mais um massagista de shiatsu, um buffet com chás e petiscos macrobióticos e a expressa proibição de consumo de drogas durante as sessões) entravam no estúdio Hit Factory, em Nova York, acompanhados dos melhores músicos na cidade como, os guitarristas Hugh McCraken e Earl Slick, o baixista Tony Levin, o pianista George Small, o baterista Andy Newmark, e os membros da banda de rock Cheap Trick, o guitarrista Rick Nielsen e o baterista Bun E. Carlos. Todos estavam eufóricos e ao mesmo tempo muito nervosos por tocar com John Lennon. Durante os primeiros ensaios, que foram realizados no estúdio do casal no Dakota, para descontrair o guitarrista Hugh McCraken, tocou “I Want You (She’s So Heavy)”, a primeira canção que John fez para Yoko, em 1969, constante do álbum “Abbey Road” dos Beatles.

As novas composições que John e Yoko levaram para o estúdio eram quase que suficiente para dois discos. O primeiro álbum seria “Double Fantasy”, título inspirado em uma flor que Lennon encontrou num jardim botânico das Bermudas. O outro viria a ser o álbum “Milk and Honey” que seria lançado em 1981, durante uma turnê mundial que John planejava fazer. Para os futuros concertos, John, inclusive, almejava criar novos arranjos para antigas músicas dos Beatles como “She Loves You” e “I Want To Hold Your Hand”. John ainda queria produzir um disco somente para esposa que se chamaria “Yoko Only” ou “Discono”. Abarrotado de planos e idéias, John e Yoko concluíram as gravações em dez de setembro e iniciaram uma série de entrevistas para as revistas “Playboy” e “Newsweek”, o jornal “The Los Angeles Times” e para estações de rádio anunciando sua volta à música. Em uma dessas entrevistas, ao ser questionado sobre sua imensa fortuna e sua posição política, John mostrou que não havia perdido sua irreverência e respondeu: “Na Inglaterra, só há duas coisas a ser, basicamente: ou você está com o movimento operário ou está com os capitalistas. Se você é da classe de onde eu venho, ou você se torna um troglodita de direita ou ser torna um socialista por instinto, como eu era. Quer dizer: eu achava que as pessoas tinham o direito de ganhar suas dentaduras e ter sua saúde bem cuidada, e todo o resto. Fora isso, eu trabalhava para ganhar dinheiro e queria ser rico.”

Na ocasião, todos no meio musical americano especulavam sobre o novo disco de John e Yoko e todos desejavam contratá-los. No final de setembro, David Geffen, dono do selo Geffen, distribuído pela Warner Brothers, concordou em lançar “Double Fantasy” sem nem ouvir uma única faixa do material e aceitando todos os termos contratuais propostos por Yoko. Enquanto a mixagem do álbum só foi concluída um mês depois. Em 24 de outubro, o single de John Lennon “(Just Like) Starting Over” estreou na paradas de sucesso já entre os 40 mais vendidos da semana. Um excelente presente de aniversário para John, que fez 40 anos naquele mês, sendo igualmente surpreendido com uma mensagem de um avião da esquadrilha da fumaça nos céus de Manhattan com a mensagem: “Happy Birthday John and Sean – Love Yoko”. Yoko ainda lhe presenteou com um pequeno jato.

Em dezessete de novembro, foi o lançamento do tão esperado álbum de John Lennon e Yoko Ono – “Double Fantasy”. O disco, com o subtítulo “A Heart Play”, trouxe letras diretas e simples, com uma visão masculina e feminina do relacionamento entre duas pessoas maduras. John ressaltou a dualidade de uma relação amorosa em “Woman” e “I’m Losing You”, seus eternos questionamentos existenciais em “Watching The Wheels” e uma dedicada a Sean – “Beautiful Boy (Darling Boy)”. Por sua vez, Yoko veio com seu peculiar som vanguardista aliado à música eletrônica e a new wave como em “Kiss, Kiss, Kiss” e “Give Me Something” além de uma singela balada – “Yes I’m Your Angel”. O álbum ganhou elogios imediatos da crítica e entrou direto na parada de sucessos da revista Billboard.

John e Yoko seguiram preparando a divulgação do disco. Gravaram um vídeo-clipe na Sperone Gallery, no Soho, e foram tema de uma matéria do programa 20/20 na ABC TV, onde o casal foi filmado no Central Park. Durante essa filmagem John riu e falou “Isso me lembra o “Rubber Soul”, só que já estou começando a ter papadas.” Em meio a uma agenda cheia de compromissos, John e Yoko jantaram com Ringo Starr e sua nova namorada, a ex-Bond girl Barbara Bach, no Hotel Plaza em Nova York, o mesmo em que os Beatles ficaram em sua primeira viagem aos Estados Unidos no início de 1964. Ringo, que estava nos Estados Unidos para gravar um disco, já havia ganhado de John, um ano antes, a música ao estilo country, “Life Begins At 40”. John também lhe prometeu outras canções para seu novo álbum. Foi a última vez que John e Ringo se encontraram.

Nos primeiros dias de dezembro de 1980, o recém lançado “Double Fantasy” já foi considerado pela crítica da revista “Rolling Stone”, um dos dez melhores discos de 1980. John inclusive tinha sido informado que o seu amigo, o guitarrista dos Roling Stones, Keith Richards, já havia comprado uma cópia do álbum. O single “(Just Like) Starting Over” já estava em sexto lugar nas paradas de sucesso americanas e com 200 mil pedidos antecipados na Inglaterra. “Kiss Kiss Kiss” de Yoko, era um sucesso nas pistas de dança nova-iorquinas. A volta triunfal de John a música pop o deixou muito empolgado. John passou a ligar com mais freqüência para seu filho Julian, então com dezessete anos, e morando no País de Gales, para lhe tocar faixas do novo álbum e pedir sua opinião. Enquanto isso, John e Yoko, fizeram uma sessão de fotos para a “Rolling Stone”. Na entrevista, o editor da revista Jonathan Cott, pediu para que John descrevesse aos leitores como ele estava vestido. John de forma caricatural e bem humorada começou: “Vocês podem ver os óculos, são óculos normais, de armação de plástico azul, bem diferentes dos famosos óculos de aro de metal. Estou vestindo calça de veludo cotelê, a mesma bota preta de cowboy que mandei fazer na Nudie, um pulôver Calvin Klein e uma camiseta rasgada do Mick Jagger que arranjou na excursão dos Stones. E em torno do pescoço estou usando uma corrente com um coração de diamantes que comprei de presente para Yoko depois de uma discussão, muitos anos atrás, e que ela me devolveu numa espécie de ritual. Será que já dá?:” John tinha uma intima relação de anos com os editores da Rolling Stone. O primeiro número da revista, em nove de novembro de 1967, teve John na capa, caracterizado do personagem que estrelara no filme “How I Won The War”. Durante aqueles treze anos, John (algumas vezes com Yoko) já tinha sido capa da “Rolling Stone”, cinco vezes, porém aquela sessão de fotos faria parte de uma edição que se tornaria histórica.

Oito de dezembro de 1980

No dia oito de dezembro de 1980, John Lennon acordou às sete horas da manhã, e às oito foi transmitida uma recente entrevista que ele concedeu a rádio inglesa BBC para o programa “Radio One”. Após um café da manhã no restaurante La Fortuna, John foi ao barbeiro onde cortou seu cabelo ao estilo inspirado nos anos 50. De volta ao Dakota, em seu escritório estava a sua espera uma equipe da rádio RKO para fazer um programa com ele. Durante aquela entrevista, John falou, entre vários assuntos como era o seu dia a dia (“Eu acordo às seis, vou a cozinha, tomo uma xícara de café, toso um pouco, fumo um cigarro. Os jornais chegam às sete. Sean se levanta às sete e vinte. Eu supervisiono o seu breakfast . Quero saber o que ele esta comendo”), religião, fama, casamento, política, os Beatles, seu primeiro encontro com Yoko, seu otimismo em relação aos anos 80, dedicou o álbum “Double Fantasy” as pessoas de sua geração e afirmou que continuava a acreditar na paz e no amor. John concluiu: “Eu sempre considerei meu trabalho uma coisa só e eu acho que ele não estará terminado até que eu esteja morto e enterrado. Espero que ainda leve muito tempo.”

Após o almoço, chegou ao Dakota a famosa fotógrafa Annie Leibovitz para continuar a sessão de fotos para a revista “Rolling Stone”. Sempre irreverente John sugeriu e foi atendido, para se deixar fotografar nu junto a Yoko para a capa da revista. Após a sessão de fotos, John ligou para sua tia Mimi, onde lhe contou que estaria de volta à Inglaterra em 1981. Segundo a tia Mimi, John parecia estar muito feliz.

Por volta das cinco horas da tarde, John saiu do Dakota para o estúdio, onde comumente havia fãs na porta. Um deles se aproximou e pediu-lhe para que autografasse uma cópia do disco “Double Fantasy”. Um fotógrafo amador registrou a cena. O suposto fã era Mark David Chapman.

No estúdio Hit Factory John e Yoko receberam a informação de David Geffen que “Double Fantasy” com apenas duas semanas de lançamento já receberia um disco de ouro e o single “(Just Like) Starting Over” estava subindo rapidamente nas paradas e que provavelmente chegaria ao primeiro lugar na próxima semana. Após comemorarem os sucessos recentes, o casal e o produtor Jack Douglas mixaram uma música de Yoko, ao estilo disco music “Walking On Thin Ice”, onde John tocou guitarra e teclados. Eles esperavam lançar este disco no natal. Já eram mais de dez horas da noite e John se despediu da equipe no estúdio, prometendo voltar na manhã seguinte. Segundo Yoko, eles planejavam jantar no restaurante Stage Deli, mas decidiram ir para casa, pois John queria ver Sean, antes dele dormir.

Por volta das dez e meia da noite, o casal estava de volta ao Dakota e como de costume sua limusine parou em frente à portaria do edifício para deixá-los. John seguiu passos à frente de Yoko em direção ao interior do prédio, quando aquele mesmo rapaz que havia sido fotografado pedindo-lhe um autógrafo, saiu das sombras e de revolver em punho falou: “Sr. Lennon.”

Antes de se virar para atender ao chamado, John recebeu quatro tiros, dois atingiram suas costas e os outros o ombro. Um quinto disparo se perdeu. John cambaleou à frente gritando: “Fui baleado!”

Yoko, o porteiro e o ascensorista do Dakota, além de um taxista e seu passageiro por uns segundos ficaram paralisados diante da terrível cena até Yoko, histericamente, pedir por socorro. O porteiro do prédio acionou o alarme e foi até John, que estava ao chão e perdia muito sangue. Um outro empregado do Dakota, ao ouvir os disparos também veio a acudir o casal, e ao se deparar com o assassino lhe perguntou: “Você sabe o que fez?”. Friamente, o criminoso falou: “Atirei em John Lennon.” Uma viatura policial que estava nas proximidades recebeu um chamado pelo rádio: “Homem baleado na Rua 72!”. Quando a polícia chegou em poucos minutos a primeira reação foi dar voz de prisão ao porteiro do Dakota. Mas outra testemunha avisou-lhes que o verdadeiro assassino estava logo adiante, na arcada do edifício, com sua arma e o disco “Double Fantasy” no chão, lendo o livro “O Apanhador no Campo de Centeio”, de JD Salinger. Mark Chapman se entregou imediatamente.

Outros policiais logo chegaram ao local do crime, e temendo a demora da ambulância, levaram as pressas John no banco de atrás de uma viatura para o St. Luke Roosevelt Hospital. Durante o trajeto, um dos policiais tentando manter John consciente lhe perguntou: “Qual o seu nome?” e John murmurou: “Lennon.” O policial prosseguiu:

“Como se sente?” John respondeu: “Sinto dor.” Foram suas últimas palavras.

Ao chegar no hospital John foi levado para a emergência, onde sete cirurgiões tentaram reaviva-lo. Yoko chegou em seguida em estado de choque. Em poucos minutos a imprensa já estava abarrotando a entrada do hospital. Mas apesar de todos os esforços John Lennon, que já havia perdido 80 por cento de sangue, às onze e cinco da noite do dia oito de dezembro de 1980 (quatro horas da manhã do dia nove de dezembro, na Inglaterra), foi declarado morto.

Lennon Forever

As manchetes dos jornais na manhã seguinte estampavam a matéria sobre o assassinato de John Lennon, e logo uma multidão se pôs diante do Dakota para prantear a morte do ídolo. Autoridades e personalidades do mundo artístico e cultural se pronunciaram chocadas com o fato. Rádios e TVs de todo o mundo não paravam de noticiar o acontecido e de passar imagens e músicas de Lennon e dos Beatles. A edição número 335, de dezembro de 1980, da revista “Rolling Stone” com Lennon e Yoko na capa (eleita em 2005, pela ASME, como a melhor capa de revista dos últimos 40 anos), foi a edição mais vendida até hoje.

Paul McCartney e George Harrison ligaram de Londres para consolar Yoko. Ringo Starr interrompeu suas férias nas Bahamas e fretou um avião particular para ir a Nova York para apoiar a família, que já incluía, o filho Julian, recém chegado do País de Gales. A pedido de Yoko, após a cremação, uma vigília mundial pela alma de John foi realizada às duas horas da tarde, horário dos Estados Unidos, no dia quatorze de dezembro.

Na noite de terça-feira, em nove de dezembro, em um concerto na Filadélfia, Bruce Springsteen disse simplesmente: “Se não fosse John Lennon, muitos de nós estaríamos num lugar muito diferente hoje. E é duro chegar aqui e tocar hoje à noite, mas não há nada que a gente possa fazer.”

O assassino, um ex-fã dos Beatles que se converteu ao fundamentalismo religioso, saiu do Havaí, no final de outubro de 1980, com o objetivo de matar John Lennon. Suas razões estavam longe da razoabilidade, pois, segundo alguns especialistas, tratava-se de uma pessoa com distúrbios mentais, porém tal fato não o livrou Chapman ( ele mesmo se declarou culpado), de escapar de uma condenação à prisão perpétua e de ser um dos homens mais odiados em todo o mundo.

O álbum “Double Fantasy” e o single “(Just Like) Starting Over”, foram ao primeiro lugar nas paradas por várias semanas. Os outros singles extraídos do álbum se tornaram hits como “Woman” e “Watching The Wheels”. A música que Lennon estava trabalhando com Yoko no dia em que foi assassinado – “Walking On Thin Ice”, foi lançado três meses depois junto com a caixa “The John Lennon Box” contendo oito álbuns de Lennon entre 1969 e 1975. Em 1981, George Harrison, juntou-se a Paul e Ringo e gravaram uma composição sua em homenagem a Lennon chamada “All Those Years Ago”. Um ano depois, McCartney homenageou John em “Here Today”. Elton John também fez o mesmo em “Empty Garden”. Vários artistas em todo mundo dedicaram a Lennon seus discos lançados logo após a tragédia, como Gilberto Gil e o K.C. and The Sunshine Band. Em 24 de fevereiro de 1982, quinze meses após o assassinato, no Shire Auditorium em Los Angeles, diante uma platéia emocionada Yoko Ono e o filho do casal Sean foram ovacionados e receberam o Grammy de “Álbum do Ano” para “Double Fantasy”. Yoko, que estava sob forte proteção policial, com os olhos marejados falou: “John está conosco nesta noite.”

Durante os anos que se seguiram, seu legado musical continuou a deixar suas marcas. Em 1982, foi lançado “The John Lennon Collection”, uma nova coletânea contendo seus sucessos de 1969 a 1980. Um ano depois foi a vez de “A Heart Play (Unfinished Dialouge)”, um disco contendo extratos de sua entrevista para a revista Playboy, em setembro de 1980. O outro disco que John e Yoko tinham gravado nas mesmas sessões de “Double Fantasy” foi lançado em janeiro de 1984. O álbum “Milk and Honey”(um dos primeiros a ter um lançamento privado com o ainda experimental compact disc), lançou o single “Nobody Told Me”, aos dez mais nas paradas de sucesso. Outros compactos como “Borrowed Time”, “I’m Stepping Out”, também foram lançados. No álbum, também se destacaram “I Don’t Wanna Face It” e “Grow Old With Me” ,”Borrowed Time”(em rítmo de reagge) e “Let Me Count The Ways”(na voz de Yoko) . Para a promoção do álbum foi lançado na MTV “Milk and Honey Videos”, com 26 miniutos de vídeo-clipes do disco postúmo. No mesmo ano também foi lançado o disco “Every Man Has A Woman Who Loves Him” de Yoko Ono, que trouxe John cantando na canção título.

Um dos artistas mais homenageados de todos os tempos teve sua vida conjugal romanceada no telefilme da NBC TV “John and Yoko: A Love Story”, em 1985 e a inauguração do memorial “Strawberry Fields”, no Central Park em Nova York com a presença do prefeito da cidade. Dois anos depois o concerto de John no Madison Square Garden, em 1972, foi lançado em disco e VHS como “Live In New York City”. Na época circulou nas redes de TV, um vídeo-clipe do concerto com John e Yoko interpretando “Born In A Prison”. Ainda em 1986, o álbum “Menlove Avenue”, contendo sobras de estúdio de Lennon no período de 1973 a 1974, e as inéditas “Rock’n’Roll People” e “Here We Go Again”, não causou grande impacto no hit parade, mas curiosamente foi disco de ouro no Brasil.

Em 1988, a rádio americana Westwood One iniciou a série semanal “The Lost Lennon Tapes”, apresentado pelo jornalista Elliot Mintz, com depoimentos e gravações raras de Lennon e curiosidades, como uma mensagem de Janis Joplin, dias antes de sua morte, para John dando-lhe parabéns pelos seus 30 anos e a balada inédita “Help Me to Help Myself”. O programa, inicialmente previsto para permanecer no ar apenas durante um ano, acabou ficando quatro. No final de 1988, após várias biografias não autorizadas sobre John Lennon e de inúmeros documentários feitos para a TV, Yoko decidiu autorizar o lançamento no cinema “Imagine – John Lennon”, dirigido por Andrew Solt, cuja narração era do próprio John, extraído de mais de 100 horas de fitas deixadas por ele, além de depoimentos de amigos e familiares.

Em 1990, ano em que em que ele completaria 50 anos, homenagens como a caixa “Lennon” (com quatro CDs traçando a carreira do artista) foi lançada. Além dos prêmios póstumos como o Grammy Lifetime Achievement Award, pelo conjunto de sua obra e o Rock’n’Roll Hall Of Fame. Na segunda metade da década de 90, os Beatles voltavam com força total impulsionados pelo projeto “Anthology”, onde pela primeira vez em vinte cinco anos o conjunto de Liverpool lançou um disco inédito. Tratava-se de duas fitas deixadas por John cantando ao violão “Free As a Bird” e “Real Love”, que adicionadas ao trabalho de Paul, George e Ringo, foram lançadas entre 1995 e 1996, e se converteram grandes hit singles.

Nos últimos anos da década de 90, a coletânea “Lennon Legend” foi um sucesso de vendas, precedendo uma caixa com quatro CDs – “John Lennon Anthology”, e sua edição compactada (“Wonsuponatime”), contendo sobras de estúdio, abordando toda carreira solo de Lennon, além da várias canções inéditas de Lennon como “My Life”, “Mr.Hyde’s Gone (Don’t Be Afraid)” e “The Rish Kesh Song”. Para promoção da caixa foi produzido um vídeo-clipe, dirigido por Dean Karr, com uma versão de “I’m Losing You”, reunindo imagens de John, uma animação com seus desenhos e a participação de músicos das sessões de “Double Fantasy”, que não se viam desde 1980. Na mesma época houve também o lançamento de “John Lennon & Yoko Ono – The Mike Douglas Show”, com a maratona de uma semana na TV americana feita pelo casal em 1972.

Em 2000 “Imagine”, cuja letra expõe o sonho de John de uma irmandade vivendo em paz em um mundo sem fronteiras, foi considera por críticos como a “Canção do Milênio”, um ano depois foi o lançamento do DVD com o making of do álbum “Imagine” “Gimme Some Truth” e “Sweet Toronto Peace Festival” com o concerto no Canadá em 1969.

Yoko Ono, algum tempo após a morte de John se casou com o designer hungaro Sam Havadtoy e continuou a administrar a obra de Lennon, cujos álbuns se mantêm todos em catálogo, relançados em edições remasterizadas, com faixas bônus e um rebuscado trabalho gráfico. As canções solo de John têm recebido as mais diversas interpretações de artístas como como Roxy Music, Elton John, Madonna e Joe Cocker. Segundo a revista “Forbes”, a obra de John Lennon rende anualmente mais de US$ 22 milhões. Yoko também prosseguiu sua carreira artística, em 1981, dedicou o álbum “Season Of Glass” ao marido.

Os filhos também seguiram a carreira do pai. Julian, hoje com 43 anos obteve alguns hits como “Too Late For Goodbyes”, em 1984. Após receber a herança deixada por seu pai, no valor de 20 milhões de libras, nos anos 90, ele fundou sua produtora de filmes a “Pictures From Another Roon”. Sean, 31, que depois da morte do pai foi estudar na Suíça, adotou uma linha musical menos comercial. Ele foi baixista do grupo de rock experimental japonês, o duo feminino Cibo Matto. Julian e Sean esteviram juntos, recentemente, em uma recepção em Londres, onde Sean estva divulgando seu segundo álbum “Friendly Fire”.

Entre os vários tributos prestados a Lennon, nestes anos destaca-se “Come Together – A Night For John Lennon’s Words and Music”, realizado, em outubro de 2001, no Radio City Music Hall, em Nova York, apresentado pelo ator Kevin Spacey e com as atuações de Stone Temple Pilots, Alanis Morrissete, Cindy Lauper, Nelly Furtado, Lou Reed, entre outros.

Homenagens e lançamentos não param. Na cidade de Saitama, no Japão foi inaugurado, em comemoração aos seus 60 anos, o “John Lennon Museum”, um ano depois foi a vez do aeroporto de sua Liverpool, ser nomeado como “John Lennon Airport”.

Um DVD trazendo todos os seus vídeo-clipes foi lançado em 2003, com o título “Lennon Legend – The Very Best Of John Lenon”. Em 2004, foi a vez de “Acoustic”(destaque para “It’s Real”), álbum em que Lennon interpreta várias de suas canções com voz e violão. Outras duas coletâneas foram lançadas no mercado, em 2005: “Peace Love and Truth – The musical life of John and Yoko. The Dream Lives On…”(contendo “Give Peace A Chance Remix 2005” com a participação do grupo The Voices of Asia) e “Working Class Hero – The Definitive Lennon”, além do DVD duplo “The Dick Cavett Show – John & Yoko Collection”, exibindo as apresentações do casal no talk show americano entre 1971 e 1972. Especula-se também alguns documentários para TV e um filme para o cinema dirigido por Jarrett Schaefer sobre o fatídico assassinato.

A polêmica que sempre fez parte da vida de John Lennon continua presente, vinte e seis anos após sua morte. O excêntrico musical “Lennon”, estreou na Broadway em 2005, e trouxe a luz “India India”, uma canção inédita de John. Enquanto o musical dividiu a crítica, foi lançado “John”, o segundo livro de sua ex-esposa Cynthia, no qual ela faz várias revelações sobre John no tempo em que estavam casados e sobre a complicada relação de Yoko com a familia Lennon. Em junho de 2005, o culto a Lennon bateu um recorde ao ser leiloado o manuscrito de “All You Need Is Love” por 870 mil Euros!

Em abril de 2006, a casa de leilões Cooper Owen, em Londres, apresentou um lote de peças vinculadas a John Lennon, que inclui um caderno escolar do ex-Beatle. O caderno é repleto de ilustrações e poemas que John escreveu aos doze anos de idade, e na capa tem o título “Minha Antologia”.

Recentemente estreou nos cinemas “The U.S. vs John Lennon”, um documentário sobre os anos de atuação política de John na América e a tentativa do governo em deporta-lo. O documentário foi dirigido por David Leaf e John Scheinfeld, os mesmos de “Fahrenheit 11/9”. A trilha sonora do filme trouxe versões inéditas de “John Sinclair” e “How Do You Sleep?”

George Martin, o produtor dos Beatles, conta que em seu último encontro com John Lennon, em 1979, no Dakota, os dois ficaram a se lembrar do passado e John disse: “Sabe de uma coisa George, se eu tivesse uma chance, gravaria de novo tudo que fizemos”. George Martin exclamou: “O que? Até ‘Strawberry Fields Forever’?” E John respondeu: “Especialmente ‘Strawberry Fields Forever’. A maior parte que os Beatles fizeram é lixo.” Martin se chocou, mas anos depois afirmou: “Para John a fantasia era sempre melhor do que a realidade. Tudo dentro dele era maior do que sua expressão do mundo exterior. Aquela era sua vida.” E que vida. Valeu John!

SERGIO FARIAS

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Notas
· (1) O pai de John, Alfred Lennon morreu em primeiro de abril de 1976, aos 63 anos, vítima de um câncer no estômago. John nunca foi íntimo de seu pai, que lhe abandonou ainda criança, voltando a vê-lo apenas em 1964, quando já era o famoso Beatle. Porém os dois vinham se aproximando nos últimos anos e John chegou a comprar uma casa para o pai, em Brighton, na Inglaterra . A última vez que os dois se viram foi em 1970, um ano antes de John ir morar em Nova York. Alfred se casou de novo em meados dos anos 60, com uma moça trinta e sete anos mais nova. Eles tiveram dois filhos (David e Robin), mas que nunca tiveram contato com o meio irmão. Quando foi confirmado que seu pai não se recuperaria, John ligou para ele e tiveram uma longa conversa ao telefone. Naquele mesmo dia, Alfred recebeu um grande buquê de flores com um cartão: “Para o papai – melhore logo – Com muito amor John, Yoko e Sean.” Quando Alfred morreu, John se ofereceu para pagar todas as despesas do funeral.

· (2) John Lennon teve duas irmãs, Julia e Jacqui, de um segundo casamento de sua mãe Julia com John Dykins. John conviveu com as irmãs até a morte de sua mãe, quando as meninas se mudaram para a Escócia. Quando já era um Beatle, John voltou a se encontrar regularmente com Julia e Jacqui e comprou uma casa de quatro quartos, em Liverpool, para os tios que tutelavam suas irmãs, após a morte de Dykins. Depois de sua ida para América, em 1971, John passou a ter apenas contatos telefônicos esporádicos com elas. Em 1988, Julia escreveu o livro “My Brother, John Lennon” . A mais velha meia-irmã de John, que Julia deu para adoção, reapareceu após a morte de sua mãe adotiva. Ela se chama Ingrid e não quer envolvimento com a familia Lennon.

· (3) Mary Elizabeth Smith, conhecida como Tia Mimi, nasceu em 1906, casando-se com George Smith aos 33 anos. O casal não teve filhos e criou o sobrinho John. É de tia Mimi a famosa frase: “John, você pode tocar guitarra, mas jamais ganhará a vida com ela.” Quando John ficou famoso, comprou-lhe uma grande casa, onde ela ficou até sua morte em seis de dezembro de 1991, aos 88 anos.Yoko, Sean e Cynthia estiveram presentes na cerimônia de cremação. Paul, George e Ringo enviaram coroas de flores.

· (4) Cynthia, em 1970, se casou com o empresário italiano Roberto Bassanini (falecido em 1993), a quem Julian, carinhosamente, dedicou a canção “Day After Day”, em 1998. Cynthia vem atuando em várias frentes de trabalho: expôs seus desenhos em galerias de arte, trabalhou com decoração, apresentou o programa “Weekend” para Granada TV e abriu restaurantes. Após o divorcio, sua convivencia com John e Yoko nunca foi harmoniosa. A última vez que os dois se viram foi em 1974, quando Cynthia acompanhou Julian em uma visita ao pai nos Estados Unidos. Na época John estava separado de Yoko. Em 2002, Cynthia se casou com Noel Charles.

· (5) Stuart Sutcliffe, era amigo de John desde 1956, onde se conheceram no Liverpool College Arts. Em janeiro de 1960, a convite de John, Stuart que já pintava e expunha seus quadros (mas que não tinha muitas habilidades musicais), entrou para ser o baixista do grupo Johnny and The Moondogs, depois batizado como The Silver Beatles, com John, Paul, George e um baterista chamado Thomas Moore. Eles fizeram uma má sucedida turnê pela Escócia, e em seguida, já batizados como The Beatles e com o baterista Pete Best, foram para Hamburgo, na Alemanha, onde passaram a tocar sete horas por noite em boates de um bairro boêmio. Em abril de 1961, Stuart, que estava morando em Hamburgo e vivendo com a fotografa alemã Astrid Kirchherr, deixou definitivamente a banda e se dedicou às artes. Ele morreu vítima de um edema cerebral, em 19 de abril de 1962, aos 22 anos, deixando John muito triste. Seus quadros hoje são exibidos em galerias de arte pelo mundo. Pete Best foi despedido do grupo, em agosto de 1962, pouco antes da gravação do primeiro disco. Mesmo muito abalado, Pete gravou alguns discos e é músico até hoje, continuando a dar shows pelo mundo, aproveitando sua fama de ter sido o primeiro ex-Beatle.

· (6) Brain Epstein herdou de sua família as empresas NEMS (The North Road End Music), e apesar de seu interesse pelo teatro, ao comparecer a um show dos Beatles no Cavern Club, em Liverpool, passou a empresaria-los a partir de dez de dezembro de 1961. Ele mudou o visual do grupo e conseguiu-lhes um contrato de gravação. Seu talento como empresário o fez agenciar outras estrelas do pop inglês como Cilla Black e Billy J. Kramer and The Dakotas. Brain foi encontrado morto em sua casa em Londres, vítima de uma overdose acidental, em 25 de agosto de 1967, a poucos dias de completar 33 anos. Brain tinha uma grande admiração por John. Em uma entrevista para o jornalista Elliott Mintz, para o programa da ABC TV “Eyewitness News”, em novembro de 1973, John revelou que a morte de Brain foi um dos piores momentos de sua vida.

· (7) A partir da entrada de Ringo Starr no grupo em agosto de 1962 até o último concerto do grupo em agosto de 1966. Os Beatles realizaram cerca de 460 concertos nos seguintes paises: Inglaterra, Escócia, Irlanda, Irlanda do Norte, Pais de Gales, Suécia, França, Estados Unidos, Dinamarca, Holanda, Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Itália, Espanha, Alemanha, Japão e Filipinas. Como eles decidiram parar de fazer concertos no auge do suceso, pois estavam esgotados devido a enorme histeria dos fãs, eles continuaram a receber várias propostas para se apresentarem ao vivo.Uma delas foi em 1969, quando foi oferecido ao grupo cerca de nove milhões de dólares por uma curta turnê por doze cidades americanas. Os Beatles recusaram.

* (8) Um dos trechos de “I Appologize”, John, que se recusou a pedir desculpas sobre sua frase “Somos mais populares que Jesus”, afirmou: “Se eu tivesse dito que a televisão é mais popular que Jesus, teria me safado. Disse Beatles como algo remoto, não que eu penso, mas os Beatles na maneira como as outras pessoas os vêem. Só disse que eles estão tendo mais influência sobre a juventude do que qualquer coisa, inclusive Jesus. Eu não estava criticando, apenas expondo um fato. E é verdade mais para a Inglaterra do que para aqui. Não estou nos comparando a Jesus Cristo como pessoa, ou Deus como uma coisa ou seja lá o que for. Eu disse o que disse e fui mal interpretado e agora virou tudo isso.”

· (9) Enquanto John eYoko, estiveram em Paris, eles se hospedaram no hotel Plaza Athenée, e lá foram fotografados pelo brasileiro Luiz Garrido, que se relacionou bem com o casal e os retratou até setembro de 1969. Mas grande parte destas 500 fotografias permaneceram inéditas até 2000, quando Garrido abriu seu acervo para o pesquisador brasileiro Marcelo Fróes, que descobriu uma foto de John escrevendo a letra e observando a arte do single “Rock Peace”. O disco teve seu lançamento anunciado no fanzine oficial dos Beatles “The Beatles’ Monthly Book”, em agosto de 1969, mas nunca foi lançado. “Rock Peace” permanece inédita até hoje.

· (10) Na época deste aborto espontaneo de Yoko, houve rumores de que o bêbe era do sexo masculino e que foi enterrado em um lugar secreto.

· (11) Durante a Guerra do Golfo, em 1991, a canção “Give Peace a Chance” foi lançada em protesto ao conflito, pelo The Peace Choir. O eclético coral foi composto por Yoko, Sean, Lenny Kravitz (produtor do disco), Cindy Lauper, Sebastian Bach (do grupo Skid Row), Iggy Pop, Dave Stewart, Terence Trent Darby, Peter Gabriel, LL Cool J, Little Richard, MC Hammer, Al Jarreau entre outros.

· (12) O concerto “Peace for Christmas”, no Lyceum Ballroom, em Londres, tinha Gilberto Gil, na platéia, na época exilado na Inglaterra. Gil, quando gravou “Imagine”, em dueto com Milton Nascimento, em um CD-tributo a Lennon por artistas brasileiros, relembrou o show: “Foi fantástico, havia um saco no palco que a gente não entendia, Uma hora ele se abriu, a Yoko saiu de dentro dele e foi berrar no microfone. Nós que na época adorávamos estar fora dos padrões, fomos ao delírio.”

· (13) May Pang é uma nova-iorquina, de pais chineses. Ela conheceu John e Yoko no final de 1970, quando trabalhava para Allen Klein. No ano seguinte May passou a trabalhar para o casal. No período em que John e Yoko ficaram separados, May e John tiveram um romance. Em 1983, May Pang contou sua história no livro “Loving John – The Untold Story”

· (14) No encarte do álbum “Walls and Bridges”, John escreveu ” Em 23 de agosto de 1974, às 21 horas, eu ví um U.F.O”. Nesta data John estava em Nova York, com May Pang, onde alugaram um apartamento na Rua 52, no East Side. Na cobertura do prédio John avistou o objeto e semanas depois relatou o fato: “Era um objeto oval e com luzes vermelhas em cima. Ele estava voando da esquerda para direita, e depois de dois minutos ele desapareceu sobre o East River e apareceu atraz do prédio das Nações Unidas. Eu não tinha bebido nada e estou sendo bastante honesto.”

(15) Consta que o primeiro contato de John com a macrobiótica foi em 1968, quando ele escreveu uma tira em quadrinhos para a revista “Harmony” entitulado “A Short Essay on Macrobiotics” Apesar de ter sido um adepto da alimentação saudável, John, como os outros Beatles, era fumante, apreciava bebidas alcólicas, era usuário de maconha e foram famosas as incurções do grupo no LSD. John também experimentou heroina e cocaína, mas nos últimos anos de sua vida ele parecia estar longe das drogas. Porém até seus últimos dias, John foi fumante dos cigarros franceses da marca Gitanes.

Extras
· Por ironia do destino, em quinze de outubro de 1979, John e Yoko doaram dinheiro para uma campanha de coletes a prova de balas para polícia de Nova York.

· No final da década de 90, a irmã de Stuart Sutcliffe, Pauline, encontrou letras inéditas de Stuart, escritas em colaboração com John, entre 1960 e 1961. Ela quis entrega-las a banda de rock britânica Oasis. Mas por questões legais com os advogados que cuidam do espolio de John Lennon, a idéia ainda não evoluiu.

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