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Marcelo Tieppo fala da sua batalha contra o câncer com a ajuda dos Beatles

Se você curte esporte, é bem provável que conheça o trabalho do jornalista Marcelo Tieppo. Afinal, ele tem uma carreira de mais de 20 nos setores esportivos das principais emissoras de TV do Brasil (Globo, Record e SBT), sempre com muito sucesso, para um público nacional. Mas um dia, esse grande beatlemaníaco recebeu uma notícia de gelar o sangue: ele tinha câncer.

O que fazer num momento desde? Tieppo decidiu ir à luta contra doença e contou com a ajuda de nada menos que os Beatles! Em seu recém lançado livro TOCANDO A VIDA ele narra cada etapa do tratamento, sempre citando as músicas dos Beatles que foram mais importantes nos momentos mais difíceis. Trata-se de um relato emocionante, muito bem escrito e muito sincero, com o qual cada um de nós tem muito a aprender. Durante um café na tradicional casa Dona Matilde (Centro de São Paulo), Tieppo nos brindou com essa entrevista. [Por JC]
Como adquirir o livro
Direto com o autor (livro autografado, os 30 primeiros custarão R$30):
– WhatsApp (011) 98133-7467
– Email: [email protected]
Livrarias:
Letras do Brasil | Martin Fontes Paulista | Livraria Cultura

Pergunta de praxe: você se lembra de quando conheceu os Beatles e como se tornou um fã?
Lembro com detalhes. Eu tinha um vizinho espanhol chamado Manolo. Certo domingo, ele desceu com todos os discos dos Beatles para mostrar pro meu pai, que nem gostava muito dos Beatles. Foi paixão à primeira música.

Já perdemos um Beatle e vários personagens importantes na história, vítimas de câncer. Você se lembrou dessas pessoas quando descobriu que tinha a doença?
Sim. Impossível não lembrar né? Infelizmente tenho um histórico de pessoas da família e de amigos queridos, que foram vítimas da doença. Ainda hoje, quando alguma pessoa que eu conheço morre vítima do câncer isso acaba mexendo comigo.

Cada capítulo do seu livro começa com uma música dos Beatles. Podemos dizer que são suas favoritas?
Com certeza, estão entre as favoritas. Mas o universo dos Beatles permitiria que eu fizesse mais uns dez livros com outras músicas favoritas.

Que papel os Beatles realmente tem na sua recuperação?
Eu digo no livro que os Beatles ajudaram a cuidar da minha alma e que foram essenciais na recuperação. Usei as canções dos Beatles de forma intuitiva e porque são minha banda favorita, mas a cura com a ajuda da música já é uma realidade e começa a ser utilizada até em hospitais.

Existem vários exemplos de pessoas que se livraram do câncer e levam vidas praticamente normais. Você costuma pesquisar sobre esses casos? Pode citar alguns?

Na verdade, o câncer engloba uma série de doenças. Por isso, a tendência é que cada tipo de câncer tenha cada vez mais um tipo de tratamento exclusivo pra ele. Sempre pesquiso casos relacionados ao meu tipo de câncer e converso muito com minha médica sobre novos tratamentos que estão surgindo. Por sorte, os tratamentos atuais tentam preservar ao máximo a qualidade de vida. Há sempre momentos em que você sofre um pouco com um ou outro tratamento, mas tenho levado uma vida normal. Mudei a alimentação, comecei a praticar esportes e não abri mão de uma cervejinha ou de um bom vinho, mas sempre com moderação.

Tem um álbum favorito dos Beatles? É um Beatle favorito, você tem?
O álbum favorito no meu caso depende do momento que estou vivendo, mas geralmente me alterno entre o Revolver e o Sgt Pepper´s. Meu beatle favorito não só pela música, mas pelas posições que tomou ao longo da vida sempre foi o John Lennon. Mas com o tempo, fui admirando cada vez mais também o Paul. Ele é o cara que sobreviveu e que tem levado a mensagem dos Beatles para todas as gerações.

Como você lida com o preconceito? Continua percebendo reações desagradáveis em pessoas do trabalho e do dia a dia?
Falo disso no livro, mas felizmente isso aconteceu com poucas pessoas. No geral, sempre recebi muito apoio e solidariedade. Acho que muito do preconceito vem da ignorância e do desconhecimento de algumas pessoas, que ainda enxergam na doença o carimbo da morte.

Você tem medo de morrer? Qual a linha religiosa que você segue?
Quando você descobre uma doença como essa, a morte parece mais próxima e tive medo sim. Por outro lado, com o tempo isso se transforma em uma vontade maior de viver, de estar perto de quem você ama, de curtir seus amigos, de viajar bastante. Fui criado no catolicismo, mas sempre flertei com o espiritismo, que é a religião mais próxima do que acredito.

No livro você cita o segundo show de Paul McCartney no Morumbi. O que achou? Chegou a ver outras apresentações dele e do Ringo no Brasil?
No show do Paul, em 2010, fazia um ano que eu tinha descoberto a doença. Chorei de emoção quando ele tocou “All my Loving”, “The Long and Winding Road”, “Let it Be”, músicas que sempre fizeram parte do meu universo e que eu ouvia constantemente durante a ida para o trabalho ou quando ia caminhar ou correr. O show foi impecável e a forma física dele, que na época tinha completado 68 anos, me chamou muito a atenção. Quase três horas de uma catarse coletiva, com a multidão cantando “Hey Jude” na saída do estádio. Acho que ganhei ali mais uns 100 anos de vida (rs). Depois desse show, vi o Paul novamente no ano passado, em Belo Horizonte.

Como está sua saúde hoje? Os Beatles continuam te ajudando na recuperação?
Estou em tratamento e com a doença estável. Os Beatles continuam me ajudando na recuperação e na vida. É como se a cada canção, você tivesse a certeza de que aquela música foi feita para você, com conselhos cifrados que só você consegue perceber. Acho que no fundo todo fã acha um pouco isso.

O Portal Beatles Brasil recebe o livro Tocando a Vida autografado pelo Marcelo Tieppo.

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