Ringo Starr no Brasil 2011

Ringo não é para os idiotas da objetividade

Fonte: Jornal do Commercio

Um dos melhores personagens de Nelson Rodrigues era o Idiota da Objetividade, o sujeito que analisava tudo por uma ótica estreita. É mais ou menos assim que ouço se falar de Ringo Starr, o menos talentoso dos Beatles. Ora, ao lado dos outros três é difícil comparações. Ringo acrescentou aos Beatles incríveis arranjos de bateria. Bastam dois: o de Tomorrow nevers knows e o de A day in the life, a criatividade superando a técnica a mais de mil. No show que assisti na Cidade do México, na estreia da turnê latino-americana, o que dá a impressão é que o próprio Ringo se subestima.

Ele se cerca de roqueiros do passado, que ocupam metade do show. A maioria fez sucesso há tanto tempo que só os grandes conhecedores da históriado pop lembram de quem se trata. É o exemplo, de Rick Derringer. Há 46 anos, ele tocou no The McCoys, uma bandinha americana dona de um dos hinos do rock de garagem, Hang on sloopy (no Brasil, Pobre menina, hit de Leno & Lilian. No México a versão chamou-se Hey Lupe). Esta era conhecida, e a platéia, de dez mil pessoas, que lotou o Auditório Nacional, cantou junto. Mas com outros da banda, contou mais a presença do ex-Beatle.

Os idiotas da subjetividade, pelo que ouvi até agora, descartam o show, alegando que Ringo é um “já era”. Talvez. Mas que se contextualize o caso. Ele foi integrante do mais revolucionário grupo da história da música pop, em todos os sentidos possíveis e imaginários. Não importa se não cante bem, ou não toque feito Buddy Rich, ou Keith Moon. Ele está lá, em todos os álbuns dos Beatles. É a voz em I wanna be your man, Yellow submarine e With a little help from my friends. Sempre vale a pena ver. Talvez seja peça de museu, mas se vai a museus por isto mesmo, pois não? A maioria dos ídolos pop de hoje jamais chegará a peças de museu. Serão, no máximo, motivo de revivals nostálgicos.

Ringo ao vivo é diferente de, digamos, John Phillips, que trouxe aqui, no começo dos anos 90, acho, um recauchutado Mamas and the Papas, que só tinha ele de integrante original. O cara foi um das figuras chave do pop dos anos 60,  mas estava ali pela grana, num show meio mambembe (quem lembra, no Guararapes?).  Com Ringo é diferente, ele soube salvaguardar a imagem Beatle. É rico, viaja porque não tem o que fazer, naturalmente, mas oferece aos fãs o que eles querem: diversão, com músicas dos Beatles como ingrediente principal.

O show é bom, e seria ene vezes melhor, se Ringo preenchesse suas quase duas horas com seu próprio repertório. E aí ele tem músicas que fariam um dos irmãos Gallagher dar os cinco dedos de uma das mãos pra ter gravado. bastaria mesclar as canções com os Beatles, com as do álbum Ringo, 1973, ou Goodnight Viena, 1974(que tem No no song, que Raul Seixas cantou em versão), e até mesmo discos mais recentes, como Stop and smell the roses. De qualquer forma, o show vale a pena, afinal  um Beatle é um Beatle , e de bônus, tem ainda uma lenda dos anos 60, Edgar Winter, ele por si mesmo merecia um show.

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  • Ringo Starr um sujeito somente de sorte,,,,,,,misero baterista, intelectualidade e inteligência baixa, idiota e não sabe conversar sem fazer gracinhas

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José Carlos Almeida

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