Ringo Starr no Brasil 2011

Ringo Starr em Belo Horizonte (Guilherme Lentz)

Eu estou elétrico e ainda não vou parar para registrar os shows; estou hoje só de passagem aqui em casa, para amanhã ir para Brasília. Posso, porém, dizer que o show de ontem foi, para mim, o melhor, não só pelos motivos sentimentais, como a presença de família e amigos, o lugar que frequento rotineiramente para atividades do trabalho e tudo mais, mas também pelo astral da banda e da plateia. Havia uma energia contagiante e irresistível.

Os comentários que ouvi sobre a banda foram unânimes: todos ficaram encantados. Durante Frankenstein, peguei várias vezes os seguranças olhando para o palco. Em um momento, três dos quatro que estavam lá na frente estavam totalmente distraídos de suas funções, assistindo ao show. É legal que, por um lado, cada um dá o melhor de si em suas canções, porque aquele é o momento deles. Por outro, todos são solidários com os colegas e contribuem com todo empenho para o sucesso de cada um. Não sobra espaço para estrelismo, para alguém achar que tem que brilhar mais do que os outros. Ao mesmo tempo, eles não se deixam apagar pelo brilho do Ringo. Cada um é autoconfiante e empolga a plateia, aparentemente felizes por saírem de seu repertório para tocar outras canções, de estilos muito diferentes, em alguns casos. É muito bonito mesmo de se ver.

No primeiro show de Sampa, achei que o som deixou a desejar e senti a plateia um pouco descontrolada demais. Obviamente, eu estava contagiado de emoção e isso não me atrapalhou, mas senti que aquele não seria o meu show preferido. No dia seguinte, em um lugar mais tranquilo e distante, achei o som excelente e a plateia tranquila. Achei que aquela seria a apresentação para eu ouvir, analisar detalhes das performances, observar a dinâmica do palco. A situação foi mais contida, e gostei muito, pois acho que isso tem que fazer parte da experiência também. Mas no Rio… Ah, Cidade Maravilhosa… Foi espetacular, foi indizível… Todo mundo estava contaminado por uma aura brilhante de alegria. A banda parecia estar pegando fogo. Saí de lá dizendo: “Esse foi o show do Ringo da minha vida”. Achei que BH nunca iria fazer frente àquilo.

Mas, quando vi o Chevrolet Hall abarrotado de pessoas efusivas, intuí que o que eu estava presentes a presenciar seria diferente de todos os outros shows, e minha intuição mais do que se confirmou: a apresentação foi realmente abençoada.

Vou contar algo em que ninguém vai acreditar, mas eu não me importo; eu sei o que vi e o que aconteceu. Durante uma das três últimas canções, o Ringo fixou o olhar em mim. Não era tão difícil, porque eu estava bem à frente, na grade da arquibancada, que, na minha opinião, é o melhor lugar do Chevrolet para assistir show, e é bem na frente e perto do palco. Eu então apontei o dedo com o braço esticado na direção dele, e, para minha surpresa, ele retribuiu o gesto. “Ah, é claro que é coincidência”, pensei, “O Ringo faz isso toda hora”. Mas ele continuou com o dedo apontado em minha direção, e eu então apontei para meu peito e balancei a cabeça, como se perguntasse se aquilo era para mim, e ele continuou com o dedo apontado para mim e balançou a cabeça de volta, fazendo um veemente “sim” com a cabeça, sem a menor chance de erro. Eu então fiz o paz e amor para ele, e ele retribuiu o gesto, ainda diretamente para mim, sem repetir o sim com a cabeça, mas agitando o V para mim, em um sinal de confirmação da comunicação. Podem duvidar, mas aconteceu!

Em outro momento, um amigo me cuturou e direcionou o olhar para o canto do palco: lá estava a Barbara, muito magrinha e elegante, com um calça escura justa e uma blusinha justa também, branca com listras escuras, com manga comprida, muito casual, com o cabelo solto sobre os ombros, filmando tudo com um iPad. Creio que isso foi durante “Yellow submarine”. Cheguei perto, mas bem perto mesmo dela. Achei que vai ser difícil outra coroa competir com ela. Ela estava muito bonita e com uma pele de louça. Depois, ela saiu pelo cantinho do palco.

Aqui em casa, quando queríamos falar de algo impossível, como o dia de São Nunca ou 29 de fevereiro, sempre falávamos “tal coisa vai acontecer depois do show do Ringo no Chevrolet Hall”. E não é que aconteceu? Esse foi realmente um sonho realizado. Agora sinto que tudo é possível. Eu estou muito feliz que o Ringo tenha atravessado o mundo para receber esse carinho aqui na minha casa. Foi sublime. Para mim, o show mais emocionante, sem dúvida.

Depois vou fazer um registro mais detalhado e em termos mais específicos. Deus me deu a chance de ver dois Beatles

Guilherme Lentz

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