Paul McCartney

Terminei de ler Paul McCartney – Uma Vida

Acabei há pouco o livro do Peter Aimes Carlin. O livro não tem nem de longe a profundidade da biografia dos Beatles pelo Bob Spitz ou do John pelo Phillip Norman, mas cumpre bem seu papel. Oferece uma leitura bem leve e agradável, e corremos o bom risco de devorar as páginas todas de uma vez, embora eu sempre prefira me permitir algum tempo para deixar o cérebro assimilar informações sozinho. Diferentemente de outras biografias recentes, como as do Eric Clapton, Lobão, Keith Richards e outras, que atraíram a atenção de leitores que não eram necessariamente fãs artistas, é pouco provável que o “Paul McCartney – uma vida” entre na lista de compras de quem já não é fã, mas o texto seria bem acessível a esse público mais amplo.

Porém, em comparação com outros livros, os trechos que tratam dos Beatles ficam um pouco superficiais. Em compensação, o livro traz um raro relato dos anos dos Wings e da carreira solo, abrindo espaço para a correção de um erro que o próprio Paul deixou passar no “Many years from now” e no próprio “Wingspan”. O levantamento biográfico dos anos 80 em diante eu creio que seja inédito. Alguns assuntos espinhosos chegam a ser abordados, como a relação mais ou menos conturbada de Paul com seus músicos em diversas fases.

Um pouco da intimidade do Paul também é revelada, através de depoimentos de amigos, familiares e pessoas próximas. Assim, ficamos sabendo também algumas curiosidades sobre várias namoradas de Paul ao longo da vida, detalhes sobre os dias finais da Linda, entre outros assuntos. Pessoas que acreditam no mito da imparcialidade podem se sentir pouco à vontade com a apologia explícita do autor em relação ao Paul, mas essa característica não me incomoda. A paixão, afinal, pode ser tanto um fator de engano quanto de revelação.

No final, achei que o maior defeito do livro é o que alguns podem considerar uma grande qualidade, que é sua leveza. Realmente, é bom poder ler o livro como um romance, em total lazer, mas isso significou menos informatividade. Assim, se por um lado o livro tem o mérito de traçar um panorama realmente bem amplo da trajetória do Paul, por outro lado ele acaba acrescentando pouco em muitos momentos. O tom do texto me lembrou, em alguns momentos, do daquelas retrospectivas que a Rede Globo costuma fazer anualmente, em que fatos díspares são apresentados superficialmente, mas com uma entonação forçadamente sequenciada, de modo a se criar a impressão de que os episódios estejam, de alguma forma apenas insinuada, coerentemente organizados.
Dado o ineditismo da proposta, porém, acho que as falhas são muito perdoáveis. Talvez algum dia alguém escreva uma biografia mais defintiva sobre o Paul, mas independentemente disso esse livro do Peter Ames já se tornou uma referência.

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José Carlos Almeida

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