The Beatles

05 músicas em que os Beatles trabalharam e talvez você não conheça

No período em que estiveram juntos, os Beatles gravaram muito para um tempo relativamente tão pequeno – entre “Love Me Do”, o single de estreia, de outubro de 1962 e o álbum “Let It Be”, que saiu em maio de 1970, foram treze álbuns, incluindo a trilha de “Yellow Submarine” e mais um punhado de compactos com músicas inéditas. Apesar desse ritmo intenso, eles também encontraram algum tempo para trabalhar em outros projetos. Neste especial lembramos alguns que, talvez, você não conheça.

 

“A World Without Love” de Peter and Gordon

Especialmente em seus primeiros anos, era comum que Lennon e McCartney também dessem músicas originais para outros artistas gravarem. Os motivos variavam, e muitas foram cedidas simplesmente por não serem muito boas para a banda. Nesse meio também haviam canções genuinamente boas e que fizeram sucesso. Peter and Gordon eram Peter Asher, irmão da então namorada de Paul, Jane Asher, e Gordon Waller.

Como bom cunhado, McCartney deu uma forcinha para o amigo, que viraria um importante empresário e produtor, e ainda hoje se apresenta ao vivo no circuito de nostalgia. O baixista compôs “A World Without Love” e deu de presente para a dupla lançar como seu primeiro compacto. E que belo presente: a música, creditada a Lennon & McCartney, chegou, em 1964, ao topo da parada do Reino Unido e da Inglaterra.

O músico cedeu mais algumas músicas para os dois, incluindo “Woman”, creditada a um tal “Bernard Webb”) que tiveram graus variados de sucesso, mas nada perto do estouro do primeiro single.

 

A trilha sonora de “The Family Way”

Nos anos 90, Paul McCartney se aventurou pela música erudita, compondo o “Liverpool Oratorio”, mas muito antes disso, ele já havia feito uma tentativa de expandir os seus horizontes musicais para além da música pop. Em 1966, ele compôs alguns temas para a trilha para o filme “The Family Way”, que foram arranjados para orquestra por George Martin, o produtor dos Beatles.

 

“We Love You” dos Rolling Stones

Apesar da propagada rivalidade, os Beatles e os Rolling Stones eram bastante amigos, ainda que algumas farpas sejam trocadas até hoje. Em 1967, em particular, essa amizade também acabou nos estúdios de gravação, com alguns membros dos Stones fazendo coro em “All You Need Is Love” e Lennon e McCartney também fazendo o mesmo em “We Love You”, este pouco lembrado, e ótimo, single da fase em que eles flertaram com o psicodelismo.

O compacto saiu na esteira dos problemas que Mick Jagger, Keith Richards e Brian Jones tiveram com a polícia da Inglaterra. Os três chegaram a ir para a a cadeia, ainda que rapidamente tenham sido liberados. A música foi feita como uma forma de agradecer os fãs que estiveram ao lado deles, mas também carrega muita ironia em sua letra (“nos amamo vocês e esperamos que vocês também nos amem”). O clipe promocional da época não traz nenhum Beatle. Para compensar, temos Keith Richards fantasiado de juíz em algumas cenas.

 

“Lullaby” do Grapefruit

Vocês certamente conhecem o Grapefruit, uma das maiores bandas da década de 60… não? Não se preocupem, porque mesmo entre o pessoal que cultua as obscuridades do rock psicodélico eles são pouquíssimo conhecidos. Mas se a sorte não brilhou para eles não foi por falta de tentativa.

Lennon e McCartney eram fãs do grupo, que era liderado por Alexander Young, que optou por ficar na Inglaterra enquanto sua família se mudou para a Austrália. Reconheceu o sobrenome? Sim ele era o irmão mais velho de George Young, dos Easybeats, e de dois jovens garotos chamados Malcolm e Angus, que mais tarde formariam o AC/DC.

O Grapefruit lançou uma série de singles e dois álbuns que não aconteceram apesar de todo o apoio dos Beatles. McCartney dirigiu um vídeo para eles, que nunca foi lançado, e Lennon e Harrison também deram uma força, participando de sessões de gravação. “Lullaby” pode não ser uma canção memorável, mas ela tem um grande, e pouco conhecido, valor histórico: ela é a única música a trazer Lennon e McCartney creditados como produtores.

 

“Badge” do Cream

Eric Clapton começou a fazer história como guitarrista dos Yardbirds. Grande aficionado e estudioso do blues, o jovem conseguiu criar um estilo pessoal de tocar o estilo predominantemente norte-americano que foi exibido no único álbum que ele gravou como membro da banda de John Mayall.

O passo seguinte foi se juntar ao Cream, com Jack Bruce e Ginger Baker, simultaneamente o primeiro power trio e o primeiro supergrupo do rock. Já enxergado como parte da realeza do rock britânico, não demorou para Clapton fazer amizade com os maiores nomes da época, os Beatles inclusos, naturalmente.

Dos quatro, foi com George Harrison que ele teve mais afinidade e os dois foram grandes amigos por toda a vida. Musicalmente eles também se ajudaram mutuamente. Coube a Clapton fazer o inesquecível solo de “While My Guitar Gently Weeps” no “àlbum Branco”, em 1968.

No ano seguinte, o Cream já estava se separando e em vias de lançar seu disco de despedida. O problema é que, ao contrário de Bruce e Baker, Clapton não tinha uma música sua para incluir no trabalho. Desta vez foi Harrsion quem veio em seu auxílio e o ajudou a compor “Badge”. Na edição original, o nome de Harrison foi omitido dos créditos, algo que foi corrigido posteriormente. George também está na gravação, mas, por razões contratuais, apareceu como “L’Angelo Misterioso”.

A música também saiu em compacto e foi a terceira, e última, música deles a chegar ao ao top 20 do Reino Unido.

[Publicado originalmente no site Vagalume]

Editor

José Carlos Almeida

+55 11 95124-4010