No dia em que George Harrison deixou este mundo eu já sabia que a qualquer momento isso iria acontecer. Todos os fãs sabiam do delicadissimo estado de saúde dele e do agravamento de sua situação em decorrência do câncer. A noticia me chegou por volta das sete horas da manhã pelo Bom Dia Brasil. Ironia. Também foi pela TV Globo, só que via Jornal Hoje que eu soube que John Lennon tinha sido arrancado da vida, em 1980. Eu estava de saída para o trabalho naquele 29 de Novembro quando meu filho, então com 11 anos recém completados, correu e disse: “pai o George Harrison morreu”. Eu não disse nada, mas senti o golpe de imediato.
Olhei para a Televisão no meu quarto e o Bom Dia Brasil dava a noticia. Eu quase não escutei o que a reportagem divulgava. Fui ao meu aparelho de som e coloquei um disco do George para tocar. E chorei. As lágrimas simplesmente vieram e desceram pelo rosto. George Harrison se foi como num repente que pega arrebata e vira do avesso um mundo uma história e uma vida em minutos. “Marwa Blues”, aquela canção que sairia quase um ano mais tarde com sua dolente guitarra é e sempre me soará como um testamento. Um epitáfio.
Durante o transcorrer do dia eu falei com muita gente que me perguntava, e agora? A perda não tem explicação. Simplesmente você não tem mais. Só que não é o Mundo Material é uma pessoa. Não qualquer pessoa. Era George Harrison. À noite a Globo passou o Jornal Nacional inteiro, a cada break a cada saída e retorno de intervalo homenageando George de forma nunca vista antes. A intenção de quem editou aquilo foi mostrar no noticiário mais importante da televisão que um dos nossos se fora.
Não temos mais George no Mundo Material, mas temos seu legado sua música sua voz sua guitarra gentil e as sutilezas da revolução que ele ajudou a fazer com os Beatles. Uma revolução sem tiros. Os petardos são músicas eternas. Melodias perfeitas. Arranjos sem igual. Um negócio que definiu sentidos mexeu com vidas transformou realidades uniu pessoas, aproximou mundos e mundos. Naquele mesmo 29 de novembro, há dez anos, eu voltei pra casa e ouvi de novo George de novo, um disco após o outro. E nesse passar de década de vez em quando eu me pego cantando sozinho por aí… Namah Parvati Pataye Hare Hare Namah Parvati Pataye Hare Hare Shiva Shiva Shankara Mahadeva… por George. Para George.
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