John Lennon

30 anos sem John Lennon

 
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Querido John,

Quando você morreu, eu ainda não tinha nascido. Mas cresci ouvindo boas histórias a seu respeito. Minha mãe deve ter sido a primeira a falar de você pra mim quando eu ainda era criança. Eu não lembro bem como ela me contou tudo, mas o final era triste. Vez ou outra eu perguntava: por que? O que ele fez? Quem matou?

Um belo dia, você apareceu pra mim de outra forma. Não era o cara de jaqueta jeans e óculos de aro redondo que aparecia na televisão ao lado de uma japonesa. Era um rapaz de terno, que tocava guitarra e gaita numa banda de rock in roll. Um homem com cara de menino, sorriso de menino, que parecia feliz. Você era o John, o parceiro do Paul, que tocava com o George e o Ringo.

Fico pensando: quem deu tantas alegrias, quem fez tantas pessoas descobrirem o que queriam, não merecia morrer daquele jeito e tão jovem. Mas a gente não sabe direito o que Deus projeta pra gente, John. Talvez esse mundo, que não mudou tanto nos últimos 30 anos – ainda há guerra, briga por poder, desigualdade – não era pra você.

Na semana passada, ouvi “Mother” e chorei muito. Eu não estava muito bem, mas todas as vezes que ouço essa música lembro que você não teve uma família estruturada, que tudo na sua vida deve ter sido mais difícil por isso. Eu tenho pai e mãe presentes e imagino a falta que eles fariam. E hoje – ao ter a dimensão da importância deles na minha vida – entendo as expectativas que você jogou em cima dos Beatles, da amizade com o Paul, do casamento com a Yoko.

E quando a gente joga muita expectativa em algumas coisas, acaba se decepcionado, não é? Foi o que aconteceu. Por isso, eu ainda me choco com algumas coisas que você falou ou compôs na carreira solo. Talvez você tenha se arrependido ou pedido desculpas. Não sei. Beatlemaníacos não sabem de tudo não. Não sabem que se passava realmente dentro da cabeça dos Beatles naquela época, nem o impacto real que a separação da banda trouxe pra você, Paul, George e Ringo. Esse sentimento é só de vocês. 

Você não é culpado por nada, John. Você viveu como deveria viver. Fez suas músicas, teve suas experiências, tentou ser um bom pai e marido na medida do possível, não deixou de falar o que sentia, mesmo às vezes parecendo amargo ou rancoroso – principalmente com o Paul – nunca foi hipócrita. Com você aprendi muito. Aprendi que até dá pra mudar o mundo, mas sem olhá-lo pelas lentes cor de rosa. Aprendi que há mais realidade na vida do que sonho, que a gente não pode ficar se prendendo ao passado.

Pois é. Um dia você disse que esse sonho acabou. Mas é como eu costumo dizer. Você deve ter esquecido de falar que quando um sonho acaba, outro começa. Por isso, quando eu ficar triste, me leve para os campos de morango. Campos de morango para sempre.

Aletheia Vieira

 
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