A música e o carisma dos Beatles embalaram os anos 60 e os ideais de liberdade, amor e união que marcaram o período. O quarteto de Liverpool conquistou legiões de fãs em todo o mundo e uma enorme popularidade. Quando Paul McCartney anunciou em 1970 que não planejava mais trabalhar com os Beatles, a notícia do encerramento da carreira do grupo foi recebida como um sinal do fim de uma era de otimismo sem precedentes na história da cultura popular. As músicas e o mito dos Beatles sobreviveram à separação da banda, assim como a discussão sobre as razões que levaram a este desfecho. Quarenta anos depois, Peter Doggett, jornalista, escritor e fã dos Beatles, conta a história no livro “A Batalha pela Alma dos Beatles”, que está sendo lançado no Brasil pela Editora Nossa Cultura.
“A Batalha pela Alma dos Beatles” percorre a história pessoal e corporativa dos Beatles, desde o seu auge em 1967, passando pelo implacável declínio dos meses finais, até os infindáveis desdobramentos posteriores. Por quase quatro décadas, os quatro integrantes, suas famílias e parceiros de negócios foram forçados a viver em meio às reverberações daquele sucesso incrível.
“As estranhas consequências desse destino – estar divididos mas ainda combinados, separados e no entanto juntos – são o assunto deste livro”, explica o autor, em sua introdução. “Sobreviver e, às vezes, prosperar no olho de um furacão jurídico, financeiro e emocional talvez esteja entre suas maiores e menos valorizadas façanhas. Passando por tudo, juntos e isolados, em confronto e em harmonia, os Beatles de algum modo conseguiram criar e preservar uma música tão duradoura quanto seu mito, condensando perfeitamente seu próprio tempo e enriquecendo todos os tempos a seguir”, afirma Doggett.
O livro revela e documenta as rivalidades pessoais e profissionais que dominaram as vidas dos Beatles desde 1969: as shakespearianas batalhas das famílias de Lennon e McCartney, os conflitos existenciais de George Harrison, dividido entre espiritualidade e fama, os esforços de Richard Starkey (Ringo Starr) contra o alcoolismo, as relações mutáveis entre os quatro, ao lutarem para afirmar suas identidades fora dos Beatles, e a transformação da empresa multimidiática, a Apple Corps, criada para salvaguardar seus interesses, mas que acabou por controlar suas vidas.
Ao escrever o livro, Doggett diz ter preferido confiar nos relatos da época, em vez de em bem ensaiadas anedotas sobre o passado distante, e ter tido a sorte de encontrar e conhecer muitas pessoas-chave da história, numa variedade de locais e circunstâncias.
“Embora este livro tenha sido fruto de uma ostensiva pesquisa ao longo de um ano intenso, apoia-se em meus quarenta anos de fã e colecionador, e trinta de escritor profissional e autor. Durante essas três décadas, eu vi três dos Beatles tocarem em locais grandes e pequenos; pude fruir um breve encontro com George Harrison; e me contive para não infligir uma conversa banal a Paul McCartney, não querendo perturbá-lo. As vozes de todos os quatro Beatles estão fortemente representadas neste livro: sua narrativa é, em parte, uma crônica de como eles reagiram pública e privadamente aos eventos que temperaram suas vidas”, explica Doggett.
Publicado originalmente em inglês em 2010 com o título “You Never Give Me Your Money”, o livro de Doggett foi muito elogiado pela crítica internacional. Segundo a revista Rolling Stone, o autor expõe neste livro “o divórcio mais agonizante da história do rock. Rigorosamente documentado, ‘A Batalha pela Alma dos Beatles’ é uma nota final sombria e, ao mesmo tempo, fascinante sobre a maior banda de rock de todos os tempos”.
Sobre o autor:
Peter Doggett escreve sobre música pop, indústria do entretenimento e história social e cultural, desde 1980. Jornalista e colaborador dos periódicos ingleses Mojo, Q, e GQ, é autor de: The Art and Music of John Lennon; o volume sobre Let It Be e Abbey Road, na série que detalha a criação dos álbuns dos Beatles; o estudo pioneiro das interseções entre rock e música country, Are You Ready for The Country?, entre outras obras. Mais recentemente, publicou uma enciclopédia da contracultura e seus protagonistas nos anos de 1960: There’s a Riot Going On.
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