Paul no Brasil 2010

A Day in The Life (Cláudio Teran e Vladimir Araújo)

 
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Paul McCartney arrebata gerações em São Paulo e prova mais uma vez que a música dos Beatles permanece atual e renovada pela mistura de jovens e velhos fãs na mesma magia

Um beatle por duas noites seguidas disponível para shows em território brasileiro não é uma oportunidade qualquer. Novembro de 2010 ficará marcado pela realização de três concertos de Paul McCartney em nosso país, uma deliciosa maratona que iniciou em Porto Alegre (07/11) esticou até Buenos Aires (10 e 11/11) e encerrou a perna da ‘Up and Coming Tour’ pelo Cone Sul contemplando Brasil & Argentina (21 e 22/11).  O que dizer?  É difícil não soar redundante, mas quem se importa? Paul McCartney provou nas quase três horas de duração de seus shows, que ele é o cara.  Aos 68 anos o baixista dos Beatles parece incansável, jovial, carismático, britanicamente pontual, simpático, irrepreensível.  Se na noite de domingo (21) abriu a temporada no Morumbi com os sons psicodélicos da introdução do medley setentista ‘Venus and Mars/Rockshow/Jet’, manteve o tom de magia na noite seguinte (22) com ‘Magical Mystery Tour’, um dos mais de vinte clássicos dos Beatles no vasto repertório de trinta e seis músicas escolhidas para arrebatar.

Pregando sem bíblia, McCartney une. As filas nos dois dias de concertos no estádio do São Paulo Futebol Clube funcionaram como a mais perfeita tradução da utopia pregada por John Lennon na letra de Imagine. Uma irmandade de homens e mulheres de todos os lugares do Brasil – crianças, jovens, pessoas de meia idade e até da chamada ‘melhor idade’ estavam lá. Ninguém se incomodou com as horas assando ao sol paulistano desde o começo do dia. No longo período em que a fila estagnou quem teve a sorte de ficar à sombra esperou sentado ou deitado. Nós, que seguimos do Ceará com o tácito objetivo de ver Paul McCartney, ficamos seis horas e meia do lado de fora do Morumbi. E mais quatro horas até avistar a fumaça azul anil que foi tomando o palco. Precisamente às 21h34 lá estava ele impávido colosso. ‘Habemos Paul’, berrou alguém, no momento em que Paul McCartney in person irrompe no palco apontando o dedo indicador para o público e materializando um sonho.

Absolutamente no controle, McCartney falou português de forma estudada e gentil, lendo frases pregadas em cartolinas a seus pés no chão do palco. “Boa noite São Paulo, boa noite paulistas”, disse, antes de atacar o primeiro momento beatle da noite, a impagável All my Loving.  Da perspectiva do público a entrega é total. As pessoas choram, gritam e cantam todo tempo. Impressiona de fato o tanto que o fenômeno Beatles se renova. Garotas de dezoito anos ou menos berravam ‘lindo, lindo’ para um senhor de 68 anos que podia ser avó delas. E que pode ser tudo, menos velho. Ao introduzir Ob-La-Di Ob-La-Da, McCartney pede que o público ‘cante junto’, para emendar em seguida: ‘se bem que vocês cantam todas’. E é o que acontece. A platéia brasileira faz a diferença porque entoa com entusiasmo cada canção, não importando se são pérolas do repertório dos Beatles como “Got to Get You Into my Life”, “Drive my Car”, “Blackbird”, “Day Tripper” ou “Hey Jude”. Ou petardos do Wings como “Letting Go” e a pirotécnica “Live and Let Die”. 

James Paul McCartney continua sendo um dos ícones do contrabaixo no rock’n’roll, e o som do Hofner usado desde os tempos dos Fab Four pulsa com indiscutível maestria. Mas ele também se exibe em guitarras Gibson Les Paul e numa Epiphone vintage adquirida em 1966. Aventura-se em solos e jams com seus músicos Rusty Anderson e Brian Ray e ainda conta com a participação vigorosa do baterista Abe Labouriel Jr. e do tecladista Paul Wickens.  Os improvisos de “Foxy Lady” após “Let me Roll It” arrancam efusivos aplausos. E McCartney ainda se refestela ao piano e ao violão nos diversos momentos do show. Ver Paul McCartney é, sim, aquilo que mais se aproximaria de um hipotético concerto dos Beatles nos dias de hoje, mas com um detalhe: Paul é um músico, portanto não se exibe como um show man no sentido Mick Jagger, Bono Vox ou Freddie Mercury. McCartney não precisa de efeitos especiais, dançarinos, DJs ou playbacks. Sua força está em seu histórico e nos versos de suas canções.  Sim, é verdade que o palco da ‘Up and Coming Tour’ impressiona com seus canhões de luz e os telões de led, mas chega a ser espartano se comparado a artistas atuais. Nada disso, porém, faz falta.

O que todos perceberam naquelas horas que ficarão marcadas por muito tempo na memória dos que presenciaram aquele espetáculo é a  preocupação de um músico completo em tocar e cantar o melhor possível a trilha sonora que dispara o coração de gerações a quase meio século. Somos testemunhas oculares da história. Nós estivemos lá, vimos e sentimos o maior dos maiores do ponto mais próximo possível que é normal a um fã chegar. Ave Paul!

 

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