Datas não redondas nunca são lembradas. É coisa do mundo das convenções. Hoje se completam exatos 41 anos do dia em que Abbey Road, o último disco gravado pelos Beatles foi lançado. A banda já não existia mais, conforme os relatos históricos. Só faltava anúncio oficial da separação o que só ocorreria após o fim do impasse do projeto Get Back que desaguou em Let it Be, filme e álbum.
Toquei Come Together bem cedo, às sete e dez da manhã deste domingo no meu programa na Rádio Globo (Fortaleza). Depois quando retornei para casa, sozinho na sala, peguei este Abbey Road remaster para ouvir, e fiz uma coisa que gosto mas que o tempo cada vez mais impede de fazer. Fiquei bem no centro do estéreo, sem nada para fazer ou nada para me preocupar, e coloquei o volume lá pelo 27 ou 30 (não tinha ninguém em casa para dizer, baixa issooooo) e me deliciei.
Com 41 anos, Abbey Road regula comigo que tenho 47. É um disco tão moderno tão bom tão bem acabado tão bem feito tão especial, que tudo que se disser sobre ele certamente será na direção do elogio. Mas não elogio gratuito. Porque Abbey Road como todos sabemos foi um parto dificil. Foi concebido quando os pais estavam decididos pelo divórcio inapelável. Abbey Road saiu perfeito como se no estúdio os Beatles estivessem no começo da carreira, com todo ímpeto de dar seu máximo seu melhor.
Com 41 anos é um álbum bem distante do envelhecimento. Nem datado ele consegue soar porque seus sons sutilezas e idéias tantos anos depois ainda estão para serem suplantados. Viva Abbey Road. Foi bom ouvi-lo de novo na solidão da sala, com aquele ribombar saindo das caixas acústicas. Foi bom perceber que está longe o dia em que acharemos que Abbey Road ficou velho. Está longe o dia em que o rock envelhecerá.
Cláudio Teran, 26/09/2010
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