The Beatles

Afinal, quem é o verdadeiro quinto beatle?

Eis um texto redundante sobre um personagem que não existe. Mas como sou daqueles que pensa nos Beatles todos os dias, é inevitável ficar remoendo velhas histórias e dúvidas. O fato é que os Beatles, como sabemos, eram apenas QUATRO: John, Paul, Gorge e Ringo. Mas a história é tão rica e cheia de personagens, que alguns ganharam importância tal que podem ser considerados “de casa”. Num rápido exercício de marsturbação beatle, reunimos aqui os que seriam mais cotados para tal posição, caso em algum universo paralelo houvesse a possibilidade de existir o tal “quinto beatle”. Escolha o seu, se precisar (porque pra mim, os quatro já estão de bom tamanho).

Stuart Sutcliffe
Seria justo e lógico considerarmos Stu o quinto beatle, por ele ter, de fato, participado de um quinteto. E, principalmente, por ser a única pessoa que os próprios Beatles aceitavam e reconheciam como tal. A controvérsia vem do fato dele ter participado de uma versão primitiva da banda, quando não se chamava exatamente The Beatles e, sobretudo, por não ter participado da formação definitiva, com Ringo Starr na bateria. Mas é inegável sua importância na história da banda, pela sua influência sobre o então líder do grupo (John Lennon) e por ter sido o primeiro a usar aquele penteado com as franjas para frente, tão característico dos Beatles. Stu fez parte do grupo entre maio de 1960 e julho de 1961. Musicalmente, há uma unanimidade em afirmar que sua saída foi a melhor coisa que aconteceu ao grupo, na época, pois com isso Paul passou a ser o baixista.

Pete Best
Esse aqui foi um beatle de verdade! Não só tocou em centenas de shows, como também participou do teste recusado pela gravadora Decca, em 1962, gravações que se transformaram no famoso álbum Decca Tapes, uma verdadeira paixão para a maioria dos Beatlemaníacos.

No entanto, ao contrário de Stu, os Beatles nunca tiveram por ele verdadeira empatia, nem durante sua estada na banda, nem depois, e inclusive nunca se reencontraram. Sem falar que, infelizmente, acabou ficando com um título muito menos lisonjeiro: o de “baterista mais azarado do mundo”. Pete permanceu nos Beatles entre agosto de 1960 a setembro de 1962. Após a audição na gravadora EMI, foi substituído por Ringo Starr.

Brian Epstein
É o empresário da banda. O homem os tirou dos porões do Cavern Club para o estrelato mundial. Sua influência na banda foi determinante para o sucesso e notoriedade que alcançaram. Era considerado por todos um “grande pai”, não só dos quatro, mas também de toda a trupe que os acompanhava. Embora sua influência tenha diminuído muito com o fim das turnês, além de um certo desgaste da banda com relação a alguns contratos mal fechados, seu falecimento misterioso em 1967 colocou os Beatles em uma crise sem precedentes, que felizmente resultou em muito trabalho, como terapia grupal – e assim nasceram novas pérolas maravilhosas da era psicodélica. Mas a verdade é que Brian Epstein é o que mais se aproxima da legitimidade de ser considerado o “quinto beatle”. Seu peso só se compara com o de…

George Martin
Se formos falar de música (a essência dos Beatles), ninguém chega perto de se comparar ao produtor George Martin. Ao aceitar os Beatles em 1962 entre seus artistas produzidos na EMI, demonstrou sensibilidade e talento suficientes para moldar aquelas pedras brutas que encontrou, transformando-as em preciosas. Sua importância só aumentou com o tempo, tendo seu auge na fase psicodélica, quando sua habilidade de encontrar colagens, montagens, arranjos e efeitos precisos, conseguiu transformar em verdadeiras obras primas pequenos fragmentos de músicas que (principalmente) John Lennon trazia ao estúdio. Sempre escolheu os melhores músicos para acompanhar os Beatles quando necessário e sua autoridade só foi contestada pouquíssimas vezes (como quando foi substituído nos arranjos de “She’s leaving home” e nas gravações do “Let It Be”) e sua influência está ligada diretamente ao padrão de qualidade altíssimo – e inalcançável – das músicas dos Beatles.

Eric Clapton
Apesar de só ter tocado em uma única música dos Beatles, aquele solo perfeito de “While My Guitar Gently Weeps”, Eric Clapton entrou no gosto dos beatlemaníacos, que em boa parte, também o consideram um grande ídolo.

Também tem sua história ligada às carreiras solo de John e, principalmente, George. Mas nos Beatles, foi só umazinha mesmo, em 1968. Clapton chegou a ser considerado por John Lennon como guitarrista substituto de George Harrison quando este se afastou das sessões de “Let It Be” por 10 dias.

Billy Preston
Esse aí também merece ser muito considerado na hora de angariar um posto de quinto beatle. Amigo dos rapazes desde a época de Hamburgo, onde se encontravam frequentemente nos palcos da vida, foi convidado por George Harrison para dar um certo frescor ao clima pesado que havia nos estúdios naquela época (1969).

Mas não foi só isso. Genial tecladista que era, deixou sua marca fortíssima em várias músicas da última fase dos Beatles. Sua participação pode ser vista e ouvida no “Let It Be”, filme e disco. Chegou-se até mesmo a cogitar sua participação na banda como músico fixo, tornando os Beatles um quinteto. A ideia foi rejeitada simplesmente porque, no fundo, eles já sabiam que não tinham mais muito tempo juntos. Mesmo assim, contrataram-no para o cast da gravadora Apple.

Yoko Ono
Não é sacanagem. John Lennon chegou realmente a sonhar com um quinteto formado por John, Yoko, Paul, George e Ringo! Tal disparate jamais aconteceu, mas talvez esse remendo bizarro significasse mais alguns anos dos Beatles como banda.

No mais, sua presença pode ser constatada na música “The Continuing Story of Bungalow Bill”, em que empresta sua voz para imitar uma criança cantando. Mais ainda: sua imagem aparece em uma foto da capa de um disco – obviamente o compacto “The Ballad of John & Yoko”, gravação da qual ela não parcitipou. Claro… nem mesmo os fãs que ela conseguiu angariar (acreditem, eles existem e são numerosos até no Brasil) conseguem ter a petulância de considerá-la um quinto-beatle.

***

Apesar da longa lista de candidatos, nenhum deles é um legítimo BEATLE. Há uma lista de auxiliares que, a depender da simpatia por cada um, podem até se candidatar a sexto, sétimo, décimo beatle. Acredite, tem até fã brasileiro que se considera “beatle celebrity”! Mas o importante é que, dentro da realidade ou fora dela, o amor que sentimos pelo quarteto formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr é eterno, incomensurável, tão grande e forte que sobra até para as personalidades mais periféricas.

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