Paul McCartney

As homenagens brasileiras nos shows de Paul McCartney

O que faz com que os beatle-shows do Brasil (Paul McCartney e Ringo Starr) em suas vindas e retornos, sejam tão diferentes dos realizados em todos os outros lugares do mundo? Além do mais óbvio (frases em português, bandeira nacional, calor exacerbado do público, cartazes com pedidos dos fãs etc), um grande diferencial é a onda de manifestações dos fãs, que em determinados pontos do show, alguns organizados com antecedência, tornam-se praticamente coadjuvantes em cada estádio. A grande maioria dessas homenagens rende lembrancinhas (souvenirs) que para todo bom beatlemaníaco acabam sendo relíquias preciosas, guardadas em lugar especial da coleção, junto aos discos de vinil, CDs, livros, revistas, posters e, claro, ingressos.

Em uma listagem resumida dessas manifestações tipicamente brazucas, destaca-se um personagem lendário da beatlemania nacional: a pernambucana Cláudia Tapety, idealizadora, autora e, na maioria das vezes, patrocinadora de grande parte desse material mobilizado e do esforço dedicado. Sempre contou com a ajuda de voluntários de vários lugares do Brasil, mas sua figura como liderança centralizadora de todas as atividades é simbólica do senso de empreendedorismo e dedicação do beatlemaníaco brasileiro.

Como curiosidade, pode-se comentar que apenas em um show, o de Porto Alegre, primeirão da Up and Coming Tour, não teve nenhum tipo de mobilização organizada, e só a partir dos balões brancos do Morumbi tenha se tornado praticamente uma obrigação. Igualmente curioso é o fato do último show de Ringo Starr no Brasil (Recife) ter lançado o pacote mais bacana de beatle-cosinhas-para-guardar. Mas existem também as homenagens, por assim dizer, “imateriais”, como a dancinha do público acompanhando o Abe, o show de luzes de celular em BH, os gafanhotos-fãs em goiânia, as inúmeras “olas” nas platéias. Vamos aqui relembrar aquelas que renderam itens que incrementam qualquer beatle-coleção, e que a cada ano que passam, ficam mais valiosos pros seus donos. [JC]

Balões Brancos em “Give Peace a Chance” (SP/SP, 2010)
Até hoje não se sabe ao certo quem criou essa homenagem, a primeira a surpreender o próprio Paul McCartney. Pessoalmente, recebi minha bolinha branca na fila, de um cara chamado “Chiuaua” (ou algo parecido), que frequentemente é citado como o inventor. O fato é que a coisa deu certo e Paul ficou visivelmente emocionado, tendo citado o acontecimento em uma entrevista concedida na época. A partir dali, passou a ser praticamente obrigatório alguma homenagem coletiva temática nos shows, não só de Paul, mas também nos de Ringo Starr.

Corações Vermelhos We Love Paul em “My Love” (RJ/RJ, 2011)
Patrocinados pelo Bradesco, essas curiosas peças publicitárias, distribuídas aos pares, viraram uma espécie de marca registrada visual dos shows de Paul McCartney na sua segunda visita ao Rio de Janeiro, no estádio Engenhão – e também um precioso souvenir, pra quem conseguiu guardar. A idéia e execução não poderia ter sido de outra pessoa, se não a lendária Cláudia Tapety, fanática pernambucana, mundialmente famosa por, entre outras coisas, ser a pioneira nessa coisa de levar cartazes para shows de Paul McCartney. Essa história merece um artigo à parte, mas o fato é que lá naqueles longíncuos anos 90, já estava lá a moça com um “I Love You Paul” com os já famosos coraçoezinhos vermelhos. No engenhão, por tratar-se de um design de corte um tanto confuso, deu trabalho para muita gente juntar as duas partes do “quebra-cabeças”. Mas o efeito foi lindo, tanto ao vivo como depois, nas fotos exibidas em todas as redes sociais. Item inestimável de colecionador.

Bonecão de Paul McCartney no Rio e Recife
O Rio de Janeiro também presenciou a estréia daquele que é certamente o maior item brasileiro em homenagem a um beatle. Criação de (claro) Cláudia Tapety, inspirada nos tradicionais “Bonecos do Carnaval de Recife e Olinda”, o Paulzão da Tapety fez sua estréia triunfal na calçada do Copacabana Palace, onde Paul e sua equipe estavam hospedados. Centenas de fãs fizeram questão de tirar fotos com o bonecão, que participou até de um link ao vivo com o programa Mais Você, direto de Copa.

Pensa que ficou só por aí? Claro que em 2012, quando Paul pisou em Recife para duas apresentações, um “clone” estava lá, com terninho vermelho novinho em folha, circulando pelas filas, fazendo a festa da galera. No segundo show do Arruda, o bonecão estava lá na Pista Prime e até foi destaque nos telões, causando uma reação de “espanto de mentirinha” em Paul.  Esse show será lembrado sempre por outra homenagem, igualmente criada e patrocinada por Cláudia Tapety: as máscaras de Paul em diversas fases.

Ao contrário dos outros itens de homenagens, que podem ser guardados e levados pra casa como relíquia, esse é um item único e vive atualmente no quarto da própria Tapety. É gigante, mas é uma prova viva da dedicação ainda maior dessa fanática, que nunca poupa esforços ou gastos, quando se trata de tentar surpreender Paul McCartney ao vivo.

 

 

Cartazes NA NA NA NA em “Hey Jude” (RJ/RJ, 2011)
Se tem uma cena que ficará marcada para sempre na lembrança – e em fotos e vídeos – da Beatlemania mundial é aquele show de cartazes durante o loop final de “Hey Jude”, na segunda apresentação do estádio Engenhão. A autoria e a idealização da mobilização vem rendendo polêmica em todas as redes sociais desde então, mas o fato é que poucas vezes um cartaz tão simples, com apenas uma sílaba (na maioria xerocados e muitos até mesmo pintados a mão) teve um efeito visual tão marcante coletivamente. Quem tem o seu guarda com muito carinho! Certamente, Paul curtiu os “na nas”, e percebeu que estava instalada uma mania entre os fãs brasileiros: as homenagens em seus shows. Seria apenas questão de ele voltar ao país e aguardar o que nós iríamos aprontar.

Máscaras, dancinha e fotos de Linda (Recife/PE, 2012)
Além do bonecão de Paul McCartney já citado, os fãs presentes nos dois shows no estádio Arruda prepararam mais algumas surpresas. No dia da primeira apresentação, durante a música “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, algumas milhares de pessoas cobriram seus rostos com máscaras que traziam a imagem do rosto de Paul em diversas fases. Foi também um gesto típico do folclore local, mas desta vez, homenageando o beatle, que gostou da inusitada iniciativa e, ao final da canção, fez um gesto como se estivesse também usando uma máscara de seu próprio rosto. Cartazes com a sílaba “NA” também foram erguidos durante “Hey Jude”, a exemplo do RJ, embora em menor número. E como em uma espécie de homenagem que representasse a admiração do público brasileiro pela banda que acompanha Macca no palco, todos combinaram de imitar a divertida dancinha que o baterista Abe Laboriel Jr costuma fazer enquanto Paul toca “Dance Tonight”. Mais um momento de troca de alegria entre banda e plateia. O segundo show na capital pernambucana contou com uma homenagem mais sentimental. Durante a execução de “Maybe I’m Amazed”, o público ergueu fotos de Linda McCartney e cantou junto ao ídolo. Em seguida, os cartazes com as imagens da falecida esposa de Paul foram virados do lado oposto, e estampavam o costumeiro coração vermelho demonstrando o apoio dos fãs ao novo amor de Paul, Nancy, homenageada com a canção “My Valentine”.

Corações vermelhos (Floripa/SC, 2012)
Na capital catarinense, a homenagem foi uma espécie de “back to the basic”, com corações vermelhos recortados de cartolinas, alguns com o nome “Paul” em letras brancas. Aos poucos, a imagem do coraçaozinho vermelho vai entrando para o lendário da beatlemania nacional. Fotos de John Lennon foram erguidas enquanto Paul tocava “Here Today”. Ao final, o músico estava com os olhos marejados. A empolgação dos fãs presentes no estádio da Ressacada, apesar da chuva, empolgou o próprio Macca, que resolveu incluir uma música a mais no repertório: “Birthday”.

Kit de surpresas no show de Ringo Starr (Recife/PE, 2011)
A incansável Cláudia Tapety é conhecida pela sua “mccartníase”. Mas o primeiro beatle a pisar em Recife, sua terra, foi Ringo Starr… e ela não deixou por menos e provou que o baterista é tão querido quanto os outros 3. Em praticamente todas as apresentações em solo brasileiro, aconteceram pequenas homenagens e surpresas. Mas em Recife foram distribuídos centenas de saquinhos plásticos com 3 balões coloridos, uma foto (xerox de ótima qualidade) de Ringo Starr (para a música “Photograph”), um panfleto explicativo e o melhor de todos os itens: um belíssimo poster azul em PVC com a imagem do icônico submarino do desenho animado. Coisa de luxo, indispensável citar em qual música foram erguidos os posters. Durante todo o show Ringo agradeceu, com centenas de “Thank You”, mas os fãs mais espertos conseguiram guardar seus kits – e principalmente os posters – como relíquias incomensuráveis da Beatlemania nacional. De quebra, Ringo ainda levou pra casa um souvenir do Nordeste – um chapeu de cangaceiro, que figurou ao lado da sua bateria durante todo o show. Detalhe: tudo patrocinado pela Tapety Records, com ajuda de alguns poucos amigos.

Roteiro de homenagens a Ringo (SP/SP, 2011)
Semelhante às homenagens descritas acima no inesquecível show de Ringo Starr em Recife, foram as preparadas pelo público paulista. Com o roteirinho e o material devidamente distribuídos na fila, os fãs puderam encantar o músico e pegá-lo de surpresa com as folhas A4 que estampavam o submarino amarelo. As fotos de Ringo, além de algumas de George Harrison, levantadas pela plateia durante a performance de “Photograph”, fez com que o beatle perguntasse com humor: “Onde vocês conseguiram essas fotografias?”. Estrelas confeccionadas para “Act Naturally” e balões coloridos para “With a Little Help from my Friends” completaram a festa. Algumas dessas homenagens se repetiram em outras cidades brasileiras por onde Ringo passou (Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, além de Recife). Após a turnê, o amado baterista postou um vídeo em seu site agradecendo as homenagens.

Thank You” (Belo Horizonte/MG, 2013)
Dias antes da apresentação de Paul McCartney em Belo Horizonte, ele concedeu uma entrevista lembrando algumas das homenagens que o público brasileiro fez em seus shows. Uma mensagem via twitter revelava que Paul estava ansioso pelo que lhe esperariam em BH. Como era a estreia mundial da turnê e, portanto, o repertório era ainda segredo, a mais significativa homenagem ocorrida no Mineirão pode ter sido simples, mas é aquela que resume o que os fãs brasileiros tem a dizer em unanimidade para Paul: Obrigado! Os cartazes com a inscrição “Thank You”, que também continham imagens de Paul e da bandeira de Minas Gerais, estavam programadas para serem exibidos na Pista Premium quando Paul voltasse do bis. Porém, as pessoas começaram a erguer as folhas durante “Hey Jude”, e deu certíssimo. Ao mesmo tempo, balões coloridos agitavam as arquibancadas. Os telões mostraram alguns cartazes com o “NA NA”, para o refrão final da mesma música, e até um quase despercebido e inusitado cartaz com a frase “pega o cavaquinho” (lembrando a confusão que se fazia no Brasil com uma frase dita aleatoriamente na gravação dos Beatles). Paul McCartney se mostrou igualmente agradecido repetindo o “thank you” diversas vezes.

Cartazes “I Love Meat Free Mondays” (Goiânia/GO, 2013)
Paul McCartney, vegetariano convicto desde o começo dos anos 70, criou e lançou várias atividades e lançamentos na militância pela causa – a grande maioria ao lado da sua esposa Linda McCartney e dos seus filhos e filhas. A mais inteligente e bem sucedida dessas campanhas é a Meat Free Mondays, onde ao invés de sugerir um rompimento radical no consumo de carne, as pessoas (principalmente seus fãs) passem a deixar de comer carne durante um dia por semana – justamente a segunda feira. Pois bem, essa idéia foi difundida mundo afora e captada por (quem mais poderia ser?) Cláudia Tapety, que teve a idéia de criar posters do tamanho da capa de um disco de vinil, utilizando uma caricatura da Linda McCartney (copiada do site oficial da própria) e a mensagem “I Love Meat Free Mondays”. Com o patrocínio da própria Planmusic e em parceria com o Portal Beatles Brasil (design), foram produzidas 8 mil placas, erguidas pelos fãs durante a música “Maybe I’m Amazed”, justamente em Goiânia, uma das cidades mais marcadas pela participação significativa no desenvolvimento pecuário brasileiro. Mais um item muito bacana para adicionar ao relicário de qualquer fã que esteve presente naquele lendário show (que sempre será lembrado também pela participação do gafanhoto Harold e seus amigos).

Balões Verdes e Amarelos em (Fortaleza/CE, 2013)
A Tapety Records também estava presente na derradeira apresentação, através dos balões (centenas deles) verdes e amarelos, lindíssimos com a estampa de Paul McCartney retirada da foto do cartaz oficial da turnê e um grande “We Love You”. Essa singela e bela homenagem fechou de maneira colorida e bem nacionalista a série de homenagens e manifestações realizadas pelos fãs brasileiros nos shows, tornando-se, repito, marca registrada dos shows aqui realizados. O que virá nos próximos? Deixa o homem confirmar.

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