BH Beatleweek 2014

Astros mineiros são o destaque da segunda noite da BH Beatleweek

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O segundo dia da BH Beatleweek trouxe um inconveniente: por serem 3 eventos praticamente simultâneos, temos que escolher onde ir e perder os outros dois. Com algum esforço e ajuda do amigo Jeová Guimarães, conseguir a dois.

O primeiro foi o grandioso evento Minas e os Beatles, onde o palco se tornou um céu estrelado, com praticamente todos aqueles músicos mineiros que nos fazem viajar desde os anos 60.

Isso aconteceu no Cine Teatro Brasil, uma casa lindíssima e bem estruturada, daqueles teatros com camarotes laterais e tudo. A base musical foi feita pela banda O Fio da Navalha, acompanhou todos os convidados, com muita sofisticação e uma sonoridade que lembra muito o Jethro Tull. O primeiro a ser coberto pela banda O Fio da Navalha foi o anfitrião Aggeu Marques, que cantou lindamente “The long and widing road” e a sua própria “Máquina do Tempo”. Pedrinho Pedra Azul entrou em seguida, com “Till There Was You” misturando as duas versões nacionais que existem (dos Incríveis e do Beto Guedes). Emocionou ainda mais a sua “Bem te vi”, fazendo-nos todos viajarmos no tempo.

E eis que aparece ao palco esse guitarrista extraordinário, o Affonsinho, que a cada solo lembrava cada vez mais o “god” Eric Clapton, com aquelas notas certeiras, como só os grandes guitarristas sabem fazer. Os solos de Affonsinho ficam gravados na nossa mente e volta e meia voltam à lembrança. Além de duas músicas próprias, apresentou uma “You can’t do that” em versão suingada. Tunai chega em seguida, com uma versão de “My Love” em português (confesso que não conhecia), além de dois sucessos eternos do seu repertório, “Frisson” e “Certas Canções” (que nasceu inspirada nos Beatles).

Márcio Greyck, como bem disse Aggeu, mostrou que, além de ser um grande beatlemaníaco, continua com a voz intacta, em “Yesterday” e, principalmente, na sua própria “É impossível acreditar que perdi você”. Faltou “Aparências” e tantas outras, mas… valeu pela participação, principalmente por tratar-se de um beatlemaníaco de verdade, que entende até de curiosidades que só os fãs mais dedicados sabem (conversas de camarim).

E aí, meninos e meninas, aparece o Beto Guedes, magrinho e lento como sempre, e também muito simpático e engraçado. Após algumas palavras, e a tentativa de contar algumas histórias dos anos 60, nota-se uma semelhança muito grande (não só visual, mas também no jeito de falar) com o Mutante Arnaldo Baptista. Com a participaçãoo (ou melhor, ajuda) de Aggeu Marques, Guedes atacou logo com uma improvável “Handle With Care”, dos Traveling Wylburys. Seguem para “Nowhere Man” e em seguida, pura emoção ao ver o próprio Beto Guedes com “Amor de Índio”. Aplaudido de pé, ele ainda protagonizou a cena mais engraçada da BHBW 2014 (e provavelmente de todas as edições) ao procurar desesperadamente por sua palheta e, ao ser atendido por um fã, descobrir que “ih, já terminou!”. Pensa que acabou? Chegou a vez de nada menos que Lô Borges nos brindar com 3 músicas – na verdade, clássicos da nossa música – próprias (“Quem sabe isso quer dizer”, “Trem Azul” e, claro, “Para Lennon e McCartney”). O grand finale foi em alto estilo, com todos no palco cantando “Don’t Let Me Down” com participação de Flávio Venturini.

Só este show já era o suficiente para gravar a BHBW como um dos grandes festivais da história, mas dentro da problemática de escolher a atração seguinte, acabamos seguindo para o Jack Rock Bar. Apesar de não ser tão bacana quanto a parceira do Circuito do Rock, a Circus, a casa é muito bacana, com decoração igualmente rica e um serviço pra lá de eficiente – onde um dos lugares mais legais era justamente o “fumódromo”, uma salinha apertada com porta de vidro onde as figuras mais interessantes passavam o que parecia ser horas e horas em altos papos etílicos (de vez em quando valia a pena virar fumante passivo só para participar dessas rodinhas). A primeira atração da noite, a Beat And Shout, já havia se despedido quando chegamos, mas os comentários gerais era de que tinha agradado muito, e até conquistado fãs importantes – como o lendário Adal Henrique, que lá no “fumódromo” fez elogios entusiásticos, com os próprios caras radiantes (já que se trata de uma verdadeira lenda do rock, como explicaremos mais para a frente).

A atração seguinte foi a Hey Baldock, um quinteto que mandou ver com versões muito competentes, daquelas que beiram a gravação original do disco, mas com a energia ao vivo. Todos os músicos são excelentes, mas vou fazer aqui um destaque para o guitarrista que fica no cantinho, fazendo o papel do George, um senhor meio grisalho que manda ver, com precisão, nos solos. E no final, mas não menos surpreendente, a Liverpool Punk Rock Band que, conforme o nome já sugere, faz uma coletânea de músicas dos Beatles como se fossem tocadas pelos Ramones, Sex Pistols, Buzzcocks e outras lendas do movimento Punk. E não estou falando das que já nasceram roqueiras. Já imaginou ouvir “Something” e “Here, There and Everywhere” em versões hardcore? Eles fazem isso e muito mais!

Fim de show, hora de mais uma sessão de agonia: escolher o que ver e o que perder no dia seguinte. O terceiro dia tem Gary Gibson em uma casa e as BGirls em outra. São os dois que aguardo com mais ansiedade. Espero poder correr de um lugar pra outro sem perder nenhum dos dois.

Por José Carlos Almeida

 

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