Marcelo Froes*
Na noite desta quinta-feira 11 de novembro, Paul McCartney encerrou a primeira parte desta surpreendente etapa sul-americana de sua Up and Coming Tour, com um segundo show em Buenos Aires, capital argentina. O show, transmitido ao vivo pelo Canal 13, diferiu ainda mais em seu repertório dos demais realizados nos estádios Beira Rio (Porto Alegre, dia 7) e no mesmo estádio River Plate (dia 10) – ainda que todos tivessem trazido variações.
Em ambas as noites o estádio lotou, mas com toda tranquilidade do acesso do público nas longas filas que se estenderam pelas imediações. Um público de nível europeu, ainda que caloroso na hora em que a música começou. Na passagem de som do dia 10, Paul convidou 5 fãs da seleta platéia para cantar “Get Back” junto no palco e este vídeo já se encontra no Youtube – para tirar o sono daqueles que estarão no que pode ser considerado shows de abertura que Paul fará a portas fechadas nas tardes dos dias 21 e 22 próximos, no estádio do Morumbi (SP).
O lendário roqueiro argentino Charly Garcia foi um dos VIPs presentes no dia 10, enquanto Diego Maradona compareceu no dia 11. Maradona teria inclusive levado uma camisa 10 da seleção argentina para Paul, com direito a seu nome McCartney escrito no verso. Ao retornar ao palco para o bis naquela noite, ao invés de trazer a bandeira do país – como fizera na véspera -, Paul entrou correndo com a camisa na mão e exibindo sua frente e seu verso, para delírio dos argentinos. Como tal ocorreu no final da noite, os jornais da manhã seguinte já tinham fechado e perderam a notícia – que certamente seria aproveitada nas capas do dia seguinte, mas que acabaram ficando para a manhã do sabado.
A imprensa argentina cobriu com discrição a passagem de Paul pelo país, não lançando nenhuma revista especial com o artista na capa (ao menos que se encontrasse nas bancas do movimentado centro da cidade). A revista Newsweek, em sua edição argentina, até dedicou sua capa ao “Sir Beatle” – mas a edição só chegou às bancas na manhã do dia 11, quando todos os jornais já traziam a cobertura do primeiro show. Havia sim, muitos posters dos Beatles e de John Lennon nas bancas, ao lado de Rolling Stones, Queen e outros ídolos do rock. De especial, para não dizer caça níquel, apenas uma revista poster que oferecia o DVD filmado no Canadá e que é na verdade um produto pirata.
Como a especulação sobre a vinda de McCartney à América do Sul começou bem em cima de sua confirmação, para surpresa dos que achavam que a Up and Coming Tour havia se encerrado em agosto, as gravadoras pouco tempo tiveram de repor o catálogo do artista nas lojas. Na Argentina, meses atrás a Universal já havia lancado o EP “Amoeba’s Secret” em CD, coisa que no Brasil não aconteceu. Mas, nas lojas de Buenos Aires, o marketing todo estava bem feito pela EMI – com posters e displays dos produtos de John Lennon lançados mês passado. Além disso, a gravadora está lançando as edições remasterizadas das coletâneas Red & Blue dos Beatles.
Quem andava na rua só sabia de Paul McCartney se visse algum dos outdoors veiculados nas highways, mas pedrestes apenas tropeçavam em camelôs que vendiam camisetas piratas e posters de gosto duvidoso. Ao me deparar com um poster que trazia três fotos de Paul, não pude evitar o susto ao verificar que o terceiro Paul do mosaico não era Paul… nem Billy Shears… era o baixista de alguma banda cover. Fruto do trabalho porco de algum malandro no Google, certamente. Perguntei ao camelô: “Quem é esse?”, apontando para a figura. “Es Paul McCartney!”, disse o portenho. “Não, não é!” Aí, para encerrar a controvérsia, o cidadão disse: “Es John Lennon!” Ah sim.
O que torna Paul McCartney uma figura tão especial, em qualquer parte do mundo em que se apresente? Além de ser um ídolo, um compositor espetacular e um cantor e compositor de enorme talento, ele foi um dos Beatles e tem um carisma que o transformou em paradigma para milhões de pessoas mundo afora. Fãs nasceram, cresceram e alguns até já morreram, amando a música e a figura deste cara. Mais que tudo, Paul McCartney é um highlander. Um imortal, que atravessou décadas que, vistas num conjunto, mais parecem séculos. Um homem experiente, vivido e que conheceu seu tempo em todos os tempos que viveu, e todas as gentes que conheceu. Um homem amado em qualquer lugar do mundo que pise os pés. Uma figura admirável de se ver em 3D no palco mais próximo que você puder alcançar, porque esta é a sensação que se tem, ao ver a figura de perto num palco bem iluminado – com qualidade que blueray algum, monitor de LCD algum permitira. É uma experiência única na vida, que eu tive a chance de vivenciar e que faço questão de ver mais vezes no Morumbi semana que vem.
Até lá! Adios muchachos!
* a bordo do vôo 7653, voltando para casa após uma semana mágica e misteriosa no sul da América do Sul
** Veja mais fotos feitas por Marcelo Fróes em:
http://centraldenoticiasbeatles.blogspot.com/2010/11/paul-mccartney-up-and-coming-tour.html
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