O álbum Abbey Road, lançado em 1969, é considerado um dos mais complexos do Rock, por envolver arranjos instrumentais e vocais elaboradíssimos e muitas, muitas colagens sonoras. Mas isso não intimidou várias bandas cover ao redor do mundo (inclusive no Brasil) que resolveram homenagear seu cinquentenário com shows tocando-o na íntegra. Foi o caso da banda mais bacana de São Paulo, Hey Jude, que na noite de 17 de outubro de 2019, lotaram o Teatro Bradesco para um show inesquecível, com o requinte de ser acompanhada por uma orquestra de 10 músicos.
Apenas o álbum em questão não seria o suficiente para preencher um show de mais de duas horas de duração, por isso o Hey Jude realizou o espetáculo com um apanhado de vários hits de 1963 a 1967, com dois intervalos para trocas de figurinos. Nesses intervalos, por sinal, o “George Martin” da Hey Jude, Anselmo (que regeu a orquestra e pilota os teclados) faz o que pode ser chamado de “Momento Fofura” do show, com algumas versões suaves, intimistas, pessoais e, convenhamos, bastante melosas, de músicas dos Beatles, Macca e Lennon. Sempre aplaudido entusiasticamente.
Mas, enfim, começa o tão aguardado momento. Os caras entraram com o figurino da capa do Abbey Road e, a partir daí, foi uma pérola atrás da outra, quase ininterruptamente e, devo afirmar, com uma precisão impressionante nos arranjos. Com um ou outro deslize (pouquíssimos, mas inevitáveis considerando a difícil tarefa), os meninos foram seguindo com o alinhamento: “Come Together”, “Something”, “Maxwell” e por aí vai. Após “Here Comes The Sun” (a mais aplaudida), um curto esquete bem humorado e aí começa aquela parte que é considerada a mais difícil, com “You Never Give Me Your Money” e todo aquele medley que se segue, até “The End” – que não foi de fato o final do show, já que eles realmente encerraram com a quase obrigatória “Hey Jude” no bis.
A alta qualidade dos shows da banda Hey Jude (que também mantém o projeto Beatles 4 Kids) deve-se principalmente à capacidade e talento dos seus músicos. Mas também à ilimitada simpatia com que trata seus fãs, que após a apresentação formam filas compridíssimas para tirar fotos e trocar uma palavrinha com os rapazes. Sem falar naquela lojinha espetacular, com lindas camisetas, canecas, DVDs, chaveiros e outros itens de merchandising, gerenciada pelo queridíssimo Paulo Newman. Mas o cuidado com pequenos detalhes de arranjos, coisas que os verdadeiros fãs (aqueles que ouvem os álbuns inteiros, com atenção) tanto apreciam, fazem com que a experiência seja quase completa. Os vídeos que são exibidos ao fundo do palco, discretos, precisos e bem escolhidos, também ajudam muito.
Nesse show, o guitarrista Thomas Arques não participou (estava na plateia). Mas mesmo com um George Harrison convidado, os meninos tocaram como se tivessem ensaiado durante muitos anos, com muita coesão, inspiração e competência. Se alguém me pedisse uma nota, eu daria DEZ sem pensar duas vezes. Parabéns aos meninos da Hey Jude (Cesar Kiles – Paul; Thiago Gentil – John; Renato Almeida – Ringo; Gustavo Gazana – George e Anselmo Ubiratan – George Martin), Parabéns São Paulo por ter uma banda tão legal!
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