Na Inglaterra e EUA existem grandes eventos anuais dedicados aos Beatles, geralmente tendo como principal atração um desfile de bandas cover, que literalmente fazem a festa. No Brasil, coube à cidade de Belo Horizonte a missão de se tornar, anualmente, a capital mundial dos Beatles, com a BH Beatle Week. Pelo quarto ano seguido, fãs puderam se deliciar não só com shows musicais, mas principalmente com o clima de confraternização entre os fãs de todos os lugares, que encaram estradas e aeroportos para curtir o evento.
2015 foi um ano complicado, em que esteve em foco a palavra “crise”. Não é por acaso. Esse ano tudo foi mais difícil, financeiramente, para a produção da BH Beatle Week. Sem patrocinadores e com tudo mais caro, o produtor/músico poderia ter até pensado em cancelar o evento esse ano, mas ainda assim, optou por uma solução mais realista e producente: realizou, contra todas as circunstâncias desfavoráveis, mas em uma versão levemente reduzida. Por exemplo, não foram 5 dias de show, e sim 3. Não tivemos também as apresentações ao ar livre na Savassi e as atrações internacionais se limitaram a umas duas bandas latinas. Mas mesmo assim, podemos garantir que foi um evento de primeiríssima, com muita paixão por parte tanto dos músicos, quanto dos convidados e dos públicos.
O Portal Beatles Brasil estava lá e, pela segunda vez seguida, traz uma cobertura completa da BHBW. Já estamos fechados para ano que vem também! Ah, logo após o carnaval soltaremos dois vídeos com as melhores atrações das edições de 2015 e 2016, filmados com exclusividade pelo Portal Beatles Brasil. Mas vamos ao evento.
Primeiro dia
A primeira apresentação musical do festival foi o show Aventuras Instrumentais no Submarino Amarelo, do trio formado por Helio Ratis, Alexandre Guichard e Ivo Ricardo, de Niterói, com versões muito bacanas, algumas até bem inusitadas e criativas.
Ainda no Cine Theatro Brasil, no auditório principal, aconteceu a realização do espetáculo Minas e os Beatles, seguindo a mesma fórmula do ano passado, com astros da música mineira cantando músicas dos Beatles e de suas carreiras. Fernanda Takai cantou “Please Mr. Postman” e “I Call Your Name” em um belo arranjo vocal, estilo The Mamas & The Papas, enquanto Flavio Venturini mandou muitíssimo bem em In My Life.
O final foi com todo mundo cantando “Hey Jude”, inclusive Aggeu, que deu canja em outra música também. Um belo começo para um festival que ainda teria muito mais. Esse dia também marcou o lançamento de duas publicações muito bacanas, a revista Jararaca Elétrica especial sobre o evento, além do tão aguardado livro de fotos e histórias da Lizzie Bravo.
Segundo dia
Renato Caetano – A maratona de shows começa no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil, com “As 10 Cordas de Liverpool”, de Renato Caetano. Sozinho no palco, com duas violas (uma de 10 e outra de 14 cordas), o cara desfilou um repertório de canções dos Beatles de todas as fases, com o cuidado de colocar a capa de cada álbum no telão, identificando a origem de cada faixa. O ponto alto foi sua versão eletrizante de “Come Together”, com efeitos incríveis tirados da sua pedaleira. A faixa agradou tanto que até foi repetida, a pedido do público.
Renato Caetano criou um crowd funding com o objetivo de transformar esse show em um álbum. Vale muito a pena impulsionar o talento desse cara e garantir seu exemplar de um álbum que certamente terá qualidade de primeira – assim como o show que vimos na BH Beatle Week 2015.
Aggeu Marques & Yesterdays – Subindo um andar, chegamos ao palco principal do Cine Theatro Brasil, onde Aggeu Marques, mais uma vez, estrelou o show à frente da já lendária banda The Yesterdays, com um repertório cuidadosamente montado em cima dos álbuns solo dos ex-beatles. O som estava perfeito e a banda ensaiadíssima. O resultado foi um show de rocknroll que deixou a plateia empolgada, com espaço para os grandes sucessos (“Imagine”, “Happy Christmas”, “Mother”, “My Sweet Lord”, “Band On The Run” e “Another Day”) e temas inusitados, como “The Girl Is Mine”, “Give Me Love”, “Love Comes To Everyone” e “Once Upon Long Ago”. O ponto alto, sem dúvida, foi “Mull Of Kintyre”, com a participação de Gabriel Aburre na gaita escocesa, o que certamente deu um tom todo especial à música – a plateia aplaudiu de pé.
Aggeu Marques apresentou-se com a garganta bastante gasta, devido à noite anterior. Mas o cara é talentosíssimo e, com muita manha – e também com a ajuda de um certo “xarope irlandês”, conseguiu levar o show até o final de maneira surpreendentemente correta. Destaque também para aquele excepcional “George Harrison”, também membro da banda Hocus Pocus. Um show que ninguém irá esquecer.
Beatles Rock e Lizzie Bravo – Findo o show dos Yesterdays, toca para o Jack Rock Bar, onde se apresentou a banda Beatles Rock, de Juiz de Fora, aquela mesma que tocou o Sgt. Pepper na íntegra, na edição anterior da BHBW. Desta vez o show não foi temático, nem teve figurino especial. Como sempre, puxada pelo talentoso Luiz Gustavo Mandarano, desfilou sucessos e músicas menos conhecidas dos Beatles. Mas o ponto alto mesmo foi “Across The Universe”, com participação de nada menos que Lizzie Bravo – aquela que gravou a mesma música com os Beatles. Sem dúvida, um momento histórico para a Beatlemania nacional.
Em seguida foi a vez da Banda Revolver, de BH, com um show mais convencional, mas igualmente competente. Enquanto isso, no Lord Pub, se apresentavam as bandas Beatles Again (veteranos do interior de SP), que mataram a pau, seguidos da Anthology (MG).
Terceiro dia
A partir daqui, a BH Beatle Week 2015 ficou menor, sem show no Cine Theatro Brasil, mas igualmente vibrante. Vale a pena registrar um evento “extra oficial” que aconteceu nesse domingão, no restaurante do Cheverny Hotel, em que Aggeu e membros da produção, com Lizzie Bravo, músicos e convidados, promoveram um happening, com direito a histórias, piadas, planejamentos, violão passando de mão em mão e até uma certa batalha pra ver quem tocava a música mais rara. Tudo regado a muita cerveja e uma cachacinha mineira. Quem esteve ali naquela roda roqueira certamente nunca mais esquecerá. A festança começou no almoço e foi até as 21h, forçando todo mundo a correr para algum show.
No Lord Pub se apresentaram as bandas Back Beatles, de Recife, e a 3 Of Us, de BH, com as participações especiais de Danilo Fiani e Gabriel Aburre – ambas perfeitas, em repertórios que alternavam hits e faixas para fãs. Enquanto isso, no Jack Rock Bar, acontecia a apresentação mais espetacular e inusitada da noite (certamente uma das melhores da BHBW desse ano), da Bloody Mary & The Munsters. O show foi basicamente montado com versões de músicas dos Beatles em estilo Rockabilly, além de músicas de outros autores, gravadas pelos Beatles e algumas faixas com relevância histórica. A banda é fantástica, com uma vocalista bonita e com uma baita voz, além de uma banda muito bem afinada. O show deixou eletrizada tanto a galera fã dos Beatles, quanto o público rockabilly que estava ali exatamente por causa da banda. Com aquele instrumental preciso e toda aquela carga teatral, a Bloody Mary certamente está entre as melhores coisas do cenário rocker atual.
Em seguida entrou a igualmente sensacional Hey Baldock, de BH, com versões precisas, em que você fica até na dúvida se não é o disco que está tocando. A essa altura, já passava das 4h.
Quarto e último dia
O último dia foi o. menor, com atrações em apenas uma casa do Circuito do Rock.
Os chilenos da Beat Band foram os primeiros, com um repertório de sucessos, com uma leve ênfase nas músicas de George Harrison. Um show curto, mas bem vibrante. Participação especialissima de quem Ele mesmo, Aggeu, em uma música. Porém, o filé estava por vir: Hocus Pocus, a lenda da beatlemania mineira. Com um repertório impecável e execução à altura, esse show já pode ser considerado um marco histórico. A curiosidade no setlist ficou por conta de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, em homenagem a outra velha banda cover de BH, Sgt Pepper’s Band – que por motivos muito antigos (mais antigos até que o Portal Beatles Brasil) nunca participou de uma BH Beatle Week. Quem sabe ano que vem?
Após o show das duas bandas, obviamente ninguém queria ir embora. A galera continuou bebendo e conversando até que a noite. Mais um evento maravilhoso realizado e devidamente registrado entre as melhores lembranças de quem esteve lá.
Notas soltas sobre a BH BEATLEWEEK 2015
Mercado Municipal e Feira Hippie
Belo Horizonte continua sendo uma cidade linda, povo bacana. Pude aproveitar duas opções imperdíveis para quem tem algum tempinho livre, ambas bem pertinho do Cheverny Hotel, onde fica hospedada praticamente toda a equipe da BHBW. No sábado o Mercado Municipal estava lotado, em alguns trechos até difícil de passar. Mas é obrigatório dar pelo menos uma passada na parte dos queijos e comprar uma pequena coleção desses itens finíssimos que só se encontra em Minas Gerais. Já no domingo, a dica é a Feira Hippie, na Av. Afonso Pena, que apesar do nome, não tem meia dúzia de hippies vendendo artesanato. Trata-se de uma feira livre enorme, onde se pode comprar praticamente de tudo: roupas, calçados, eletrônicos, artesanatos, arte, comida etc. Vale a pena bater perna e percorrer algumas vezes a extensão completa da feira.
E a Savassi?
Uma coisa que fez falta na edição desse ano, em relação ao ano passado, foi o desfile de bandas na Savassi, um complexo de praças boêmias. Segundo consta, além da crise, a Savassi foi suprimida por ter acontecido mudanças na administração dos locais públicos, que inviabilizaram shows ao vivo naquele local. Uma pena.
Jararaca Alegre e Do Rio a Abbey Road
Fora do esquema musical, duas atrações importantes foram os lançamentos de mais uma edição do fanzine Jararaca Elétrica e do livro da Lizzie Bravo, Do Rio a Abbey Road. O JÁ é um fanzine incrível e muito engraçado, com conteúdo basicamente humorístico, com toques de Rock’n’roll. A edição, a exemplo do ano passado, dá destaque especial ao evento BHBW, com muitas páginas dedicadas ao evento, com cobertura do ano passado e agenda da atual edição. Material de primeiríssima e distribuição gratuita. Já o livro da Lizzie tem fotos e textos sobre a época em que a jovem Liz se dedicava ao nobre passatempo de seguir os Beatles em seus trajetos das suas casas aos estúdios e locais diversos de Londres. Rendeu uma coleção fabulosa de fotos inéditas e uma narrativa toda especial, do ponto de vista da Lizzie e amigas. Chega a emocionar, em alguns momentos. O livro está à venda principalmente no próprio perfil da Lizzie Bravo no Facebook – adquira já o seu, pois é edição limitada. Ah, o Portal Beatles Brasil vai sortear um exemplar na semana que vem!
Sorteios
Além do já anunciado sorteio do livro da Lizzie Bravo, o Portal Beatles Brasil também irá sortear um kit da BH Beatle Week, que consiste em 01 camiseta + 01 boné + 01 caneca, tudo com o logotipo oficial. Esse material também pode ser adquirido pela loja virtual no site oficial (www.bhbeatleweek.com.br).
Olimpíadas 2016
Como já dissemos, a BH Beatle Week 2015 aconteceu sob a influência dessa forte crise, que ocasionou a perda de possíveis patrocinadores, causando dificuldades financeiras à produção. Mas graças à garra do produtor Aggeu Marques, aconteceu – porém em versão levemente reduzida. Mas 2016 já está aí e promete uma edição muito mais caprichada da BHBW!
A primeira novidade é que acontecerá não em dezembro, mas em agosto, coincidindo com a época da realização dos Jogos Olímpicos. É que parte da delegação inglesa ficará exatamente em Belo Horizonte e, pelo que pudemos entender, haverá não só um apoio em forma de patrocínio, como também um intercâmbio Brasil – Inglaterra. Em uma entrevista com Aggeu Marques, a ser realizada nos próximos dias, revelaremos mais detalhes. Aguardem.
Lizzie Bravo
Uma das atrações dessa BH Beatle Week foi sem dúvida o lançamento do livro de Lizzie Bravo, Do Rio a Abbey Road. Em todos os eventos musicais, lá estava ela em sua mesa, autografando o livro, fazendo fotos com os fãs, contando suas inúmeras histórias e também prestigiando o show.
Hospedada no mesmo hotel que as bandas, o Cheverny Hotel, no centro de BH, Lizzie vivia cercada dos músicos, que faziam um número infinito de perguntas. Geralmente as sessões no restaurante começavam no café da manhã e ultrapassavam a hora do almoço. Numa dessas sessões, tivemos a sorte de praticamente ter uma apresentação do livro ao vivo, com ela folheando o livro e falando de quase todas as fotos.
Outro momento histórico foi quando, no sábado, no Lord Pub, Lizzie se juntou à banda Beatles Rock, de Juiz de Fora (MG) para uma interpretação de “Across The Universe”.
O livro Do Rio a Abbey Road tem um volume respeitável, formato quadrado, com capa dura e papel couché colorido de alta qualidade. No conteúdo, textos e fotos incríveis, quase todas clicadas pela própria Lizzie, mas também com várias em que ela própria aparece na companhia dos Beatles. Ironicamente não há uma só foto dela no estúdio com os Beatles, durante a gravação de “Across The Universe”. E só há duas de Ringo. Mas em compensação são centenas de John, Paul e George, além de muitos autógrafos, anotações, recadinhos dos Beatles, tudo muito bem distribuído em um trabalho de diagramação primoroso.
Do Rio a Abbey Road custa R$140 + R$30 do correio e, embora tenha acabado de ser lançado, já entra para a lista de itens essenciais em qualquer coleção de beatlemaníaco, já que tem depoimentos e fotos inéditas, do ponto de vista de uma fã brasileira que realizou o sonho de qualquer pessoa: ela gravou com os Beatles – ela esteve lá!
Aggeu Marques
Além de músico talentosíssimo e médico dedicado, o mineiro Aggeu Marques é também um dos caras mais empreendedores do universo beatle internacional. A atual crise financeira e política pela qual o país passa, inviabilizou muitos projetos, em todos os setores e áreas, cortou investimentos públicos, levou empresas à falência e cancelou muitos eventos importantes. Em tese, a BH Beatle Week 2015, um evento realizado sem patrocinadores, nem deveria ter acontecido. Mas Aggeu nunca pensou assim e, apesar da crise, fez com que esse evento acontecesse. Um pouco reduzido em número de dias e de atrações, é verdade. Mas como sempre, em altíssimo nível profissional.
O público respondeu à altura e compareceu em massa, lotando o Cine Theatro Brasil (palco principal e Teatro de Câmara) e as casas do Circuito do Rock (Lord, Jack e Circus). Todas as bandas e convidados realizaram shows vigorosos, como sempre tem acontecido nas edições anteriores.
Como músico, Aggeu se desdobrou para realizar uma verdadeira maratona, que causou seus desgastes, principalmente na garganta. Sua primeira participação foi no show Minas e os Beatles, com o time de astros mineiros (Fernanda Takai, Tavito, Lô Borges, Flávio e Cláudio Venturini, Banda Fio da Navalha e outros). No dia seguinte, foi a vez de estrelar um show maravilhoso com as músicas das carreiras solo dos ex-beatles, como Aggeu Marques & The Yesterdays. E no encerramento, na boate Lord, participou do último show da BHBW 2015, ao lado da lendária banda Hocus Pocus e convidados. Não pode ser esquecido um happening que aconteceu no restaurante do Cheverny Hotel, na tarde de sábado, em que Aggeu e músicos de várias bandas participantes cantaram e contaram histórias mil.
Gabriel Aburre e Danilo Fioni
Além das bandas escaladas, os shows tiveram participação de músicos muito especiais dentro do cenário das bandas cover nacionals. O capixaba Gabriel Aburre vem de duas bandas que já participaram da BH Beatleweek de Liverpool (Vix Beatles e The Starclubbers) e teve uma participação especialíssima no show de Aggeu Marques & The Yesterdays, quando em “Mull of Kintyre” entrou com a gaita escocesa, vestido a caráter (com kilt, também chamada de saia xadrez), surpreendendo e encantando a todos, no solo e até o final da música.
No show da banda 3 Of Us, lá estava Gabriel tocando guitarra, assim como no show da Hocus Pocus. O mesmo circuito de participações foi feito pelo jovem Danilo Fioni, da banda carioca Bluesbeetles (também já participou da BH Beatleweek de Liverpool). Seu auge foi justamente na banda Hocus Pocus, com a já solicitada versão de “My Bonnie”. Dois caras muito legais, que deram um tempero especial à BH Beatle Week 2015.
The End
Dizer que a BH Beatle Week é o maior evento beatle do Brasil é pouco. O melhor é que está sempre se superando. Isso graças a uma equipe de produção pequena, mas impecável (Paula Simões e Jeová Guimarães), que realiza eventos com o mais genuíno amor de fã. Por isso que todo mundo sai de qualquer evento maravilhado. Parabéns a todos e até ano que vem!
Agradecemos demais as palavras carinhosas para a nossa trupe. A Bloody Mary & The Musnters agradece demais pelo texto e estamos muito emocionados, pois confessamos que não acreditávamos que poderíamos estar juntos com os mestres que tanto nos inspiram num festival que sempre lutamos para estar presentes. Foi magico e nos trataram com imenso carinho. Adoramos tudo isso. Não deixe de visitar o nosso site e não deixe de entrar em contato conosco pois somos os seus fans. http://www.bloodymarythemunsters.com
Estive nesse show dos mineiros e achei o máximo. Espero ansiosamente pelo próximo, quando pretendo ir em mais shows. Parabéns.