G1 – Ansiedade é pouco para definir o que passa na cabeça da funcionária pública pernambucana Cláudia Tapety, 46 anos. Este sábado, 21 de abril, será um dia marcante na vida dela: Paul McCartney faz o primeiro de dois shows agendados no Recife – o rasante termina no domingo (22), quando o estádio do Arruda verá o ex-Beatle se despedir da capital pernambucana. “Esse show é imperdível, eu iria nem que fosse para a arquibancada, pendurada no holofote”, revela a superfã.
Mas, para Cláudia, vale o bordão: não basta ser fã, tem que participar. E ela, junto com mais dez amigos, participam de um grupo que está criando homenagens para que Paul sinta a energia da plateia brasileira mais uma vez. Tem de tudo: camisetas, cartazes, balões, máscaras de ‘Paul’ em diversas fases da vida… Tudo personalizado e em grande quantidade: são 4 mil kits com máscaras e balões e mais 4 mil com máscaras e outros adereços. “Estou fazendo isso por amor a Paul. É muita responsabilidade recebê-lo aqui no Recife, tenho medo de perder o que conquistamos em São Paulo, a troca de energia entre o público e ele, por isso a gente está se empenhando tanto”, diz ela, que contratou uma pessoa para, na entrada da pista premium, entregar o kit e as “instruções de uso”.
As máscaras, por exemplo, devem ser usadas na hora de “Ob-la-di, ob-la-da” e os balões, jogados para cima ao final da canção. Quando Paul entoar “My valentine”, todos do grupo têm corações vermelhos de papel para erguer. Há 4 mil folhas impressas com os nomes dos integrantes da banda, que serão levantadas na hora de “Band on the run”. A brincadeira não para por aí, mas o G1 não vai estragar a surpresa. “Isso é para surpreendê-lo mesmo, é uma homenagem, porque ele adora essas coisas e a gente adora vê-lo contente”, afirma.
Para deixar tudo pronto, ela trabalha há mais de uma semana, entrando pela noite e madrugada, empacotando os kits com a filha e os amigos. O custeio das homenagens saiu das cotinhas feitas com o grupo, que conseguiu reunir cerca de R$ 4 mil para bancar toda a produção.
Independentemente dos pacotes de papeis, camisetas e balões espalhados pela casa de Cláudia, a devoção pelos Fab Four está em cada parede do imóvel. Capas de discos, cartazes, livros… Tudo se acumula em nome da admiração da recifense pelo grupo. Tanto assim que ela tem, perto de casa, uma ‘réplica’ da faixa de pedestres imortalizada na capa do disco “Abbey Road” e um muro decorado com outras imagens referentes ao grupo britânico.
Em junho do ano passado, Cláudia organizou uma festa no Arruda, para celebrar o aniversário de Paul McCartney. Com direito a “Yesterday” executada por uma orquestra de frevo, passistas e telões instalados para quem queria acompanhar a festa, até um boneco gigante de Paul deu o ar da graça no estádio – e o vídeo resultado da comemoração foi enviado para o músico.
Paixão antiga
A paixão pelos Beatles nasceu cedo, quando Cláudia tinha ainda 11 anos. “Ser beatlemaníaco não tem comparação, porque os Beatles têm canções que falam para sua alma. Não é que ‘Satisfaction’ seja ruim, é porque você dança e deixa para lá. Um amigo meu diz que eles [os Beatles] são celestiais e eu concordo, são divinos, não são terrenos”, declara-se.
Ela teve oportunidade de se aproximar de Paul McCartney uma vez, em 1993. “Foi quando ele desceu do avião para um show em São Paulo. A gente estava perto da grade da pista e ele veio, falou com a gente e deu autógrafo”, relembra. Segundo Cláudia, o empresário de Paul McCartney veio ao Recife em maio do ano passado, por ocasião dos shows no Rio de Janeiro. A apresentação na cidade, para ela, ainda está no terreno do inacreditável. “Eu até hoje estou me beliscando para ver se é verdade. Eu venho fazendo essa campanha há muito tempo, desde o tempo em que Linda [McCartney] era viva, eu mandava material daqui, presentes para eles. Acho uma grande homenagem ele estar vindo para cá, uma honra inenarrável”, reitera.
Perguntada sobre o que faria se tivesse uma chance real de encontrar com o ídolo, Cláudia não titubeia. “Eu não tenho nem o que dizer a ele, porque é tanta coisa… Eu agradeceria, tiraria foto e pediria autógrafo, porque deve ser superemocionante. Eu não queria nem conversar, mas queria que ele sentisse a minha energia, que eu sou ‘do bem’. Acho que ele ia me achar legal, engraçada. O pessoal acha que eu sou doida, mas não é isso, eu gosto do cara, somente”, encerra.
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