Badfinger
Começando a carreira como The Iveys, foram uma das primeiras contratações da Apple, apadrinhados por Paul McCartney. Seu primeiro single, e o quinto da Apple, foi a “enfeitada” Maybe Tomorrow. Já como Badfinger, tiveram seu primeiro hit mundial escrito e produzido por McCartney, Come And Get It. Mas Pete Ham e Tom Evans eram músicos e compositores talentosos e escreveram seus próprios sucessos posteriormente. Seguindo a canção de Paul, outro sucesso foi o maravilhoso rock No Matter What, que está em seu segundo LP, No Dice. Em 1971, George Harrison também deu uma mãozinha, produzindo e participando de Day After Day, que chegou ao primeiro lugar nos EUA. Escrita em parceria por Ham e Evans, a famosíssima Without You também chegou ao topo, mas na voz de Harry Nilsson. O Badfinger teve um trágico fim. Após várias complicações legais e o cancelamento do contrato com a gravadora (Warner), Pete Ham suicidou-se em 1975. Ainda assim, a banda voltou à ativa em 79, mas surgiram novos desentendimentos entre Tom Evans e Joey Molland, culminando também com o suicídio de Tom em 1983. |
The Family Way
O primeiro projeto musical solo feito por um dos Beatles foi a trilha sonora do filme inglês “The Family Way”, lançado em 1966, cujo tema principal foi escrito por Paul McCartney. O arranjo foi de George Martin e gravado pela George Martin Orchestra, tendo sido primeiramente editado como single na Inglaterra (Love In The Open Air – Theme from The Family Way) pela United Artists, em dezembro de 66. O álbum com a trilha completa saiu um mês depois, pela Decca. Nos Estados Unidos, somente foi editado em junho de 1967, pelo selo London, com uma capa totalmente diferente da edição original inglesa. |
Desprezo Americano
Os Beatles demoraram a emplacar nos EUA, provavelmente devido ao inexplicável desinteresse da Capitol, a gravadora americana pertencente grupo EMI inglês. Depois que “I Want To Hold Your Hand” foi para primeiro lugar, em janeiro de 1964, foi uma avalanche de discos americanos dos Beatles lançados, por causa de contratos anteriores firmados entre a EMI e selos menores como Vee Jay, Swan e Tollie. O contrato com a Vee Jay, por exemplo, só foi expirar em 1966. No empenho em lançar tudo depressa e em primeira mão, a Capitol editou “Ticket To Ride” anotando no selo “do filme da United Artists, Eight Arms To Hold You”, que era meramente o título de trabalho de Help!. Outro detalhe: é Paul quem toca os solos de guitarra em Ticket To Ride. |
Jackie Lomax
Uma das primeiras produções da Apple foi o cantor Jackie Lomax, que integrou a banda The Undertakers, de Liverpool, e a Lomax Alliance, que até chegou a ser empresariada por Brian Epstein. Com a morte de Brian, a Apple responsabilizou-se pela carreira de Jackie, lançando três singles e o LP “Is That What You Want?”, com produção de George Harrison. Entre os singles estava “Sour Milk Sea”, escrita por George e planejada originalmente para o Álbum Branco. Mesmo tendo como banda três Beatles, Eric Clapton e Nicky Hopkins, Lomax não obteve grande sucesso. |
The Applejacks
The Applejacks era um grupo muito bom, da mesma safra dos Beatles, originários de Solihull, em Warwickshire. Tendo como diferencial uma garota tocando baixo (Megan Davies, irmã de Ray e Dave Davies dos Kinks), obtiveram um rápido sucesso em meados de 1964 com seu primeiro single, “Tell Me When”, pela gravadora Decca. Participaram, junto com outras bandas, do filme “Just For You”, considerado um precursor dos atuais “pop films”. Num ensaio para um programa de TV conheceram os Beatles e ganharam uma original de Lennon & McCartney para gravar: “Like Dreamers Do”, nossa velha conhecida das famosas “Decca Audition Tapes”. Infelizmente, a canção só chegou ao 20° lugar nas paradas e a popularidade do grupo foi caindo novamente. |
Cilla Black
Cilla Black foi indubitavelmente a figura feminina central da cena musical de Liverpool: ao vivo, era sempre acompanhada pelo The Big Three ou por Rory Storm and the Hurricanes. Foi também acompanhada por Garry and the Pacemakers e pela banda Sounds Incorporated, que participou do álbum Sgt. Peppers na faixa “Good Morning Good Morning”. Gravou três originais de Lennon & McCartney: “Love of the Loved”, “It’s For You” e “Step Inside Love”. E ainda, George Harrison escreveu para ela “I’ll Still Love You”, gravada por Cilla, porém jamais editada. Esta música foi aparecer no álbum Ringo’s Rotogravure, de Ringo Starr. |
Brian’s Deception
A maior decepção para Brian Epstein talvez tenha sido o fracasso de “Tip of My Tongue”, de Lennon & McCartney. Foi gravada em agosto de 1963 por Tommy Quickly, acompanhado pelo competente Remo Four, pelo selo Picadilly e com produção de Les Reed. Apesar da produção maciçada Nems Enterprises, o single não decolou, sequer entrou nas paradas. Os Beatles lhe ofereceram outro original, No Reply, que foi anunciado para agosto de 1964, mas depois foi cancelado. |
Country & Western
“Country & Western” era o tipo de música favorito nos clubes de Liverpool, e não rock, como se acredita. Quando o som “beat” se estabeleceu como sucesso, antigos grupos de C&W tentaram se reciclar para aproveitar a nova onda, entre eles Sonny Webb & The Cascades (seu nome é uma combinação de dois ícones do country autêntico, Sonny James e Webb Pierce), Johnny Sandon & The Remo Four e The Bluegenes, que misturavam jazz tradicional, C&W e skiffle e deram origem aos Swinging Blue Jeans. Bill Murray, que editava o jornal Merseybeat, a bíblia musical da cidade, estima que por volta de 1960, Liverpool tinha mais grupos de C&W que qualquer outra cidade do mundo, exceto Nashville. O sotaque country que os Beatles mostraram no álbum Beatles For Sale não foi por acaso. |
Howie Casey
Um dos mais antigos músicos de Liverpool, Howie Casey é o que se pode chamar de pioneiro e sobrevivente. Saxofonista, Casey formou o Howie Casie & The Seniors, o primeiro grupo de Liverpool a tocar em Hamburgo, abrindo caminho para Tony Sheridan, Beatles, Lee Curtis, Livebirds e todos os outros. A banda de Casey tinha dois crooners, Derry Wilkie e Freddie Starr. Wilkie foi responsável pelo primeiro single gravado por uma banda de Liverpool, “Hallelujah, I Love Her So”, como Derry Wilkie & The Pressmen. Nos anos 70, Casey reemergiu, excursionando com Paul McCartney and Wings e vindo até, eventualmente, a gravar com eles. |
Números
O País onde os Beatles fizeram maior sucesso, proporcionalmente à população, foi provavelmente a Dinamarca. Em maio de 1966, os Fab Four receberam um prêmio vindo da Dinamarca pela vendagem de um milhão de cópias de discos, quando a população dinamarquesa não passava de quatro milhões e meio de habitantes; na mesma época, a soma total de discos vendidos no mundo todo pelos Beatles era cerca de 135 milhões de cópias. Entre janeiro de 1964 e janeiro de 1966, os Beatles tiveram 12 singles colocados no primeiro lugar do Hit Parade americano, superando os dez singles ingleses colocados em primeiro lugar de janeiro de 1963 (Please Please Me) a janeiro de 1966 (Day Tripper). |
The Merseybeats
Os Merseybeats apareceram quando os Beatles ainda lutavam por um contrato com uma gravadora, mas já eram um grande sucesso nos clubes de Liverpool. São da primeiríssima geração de músicos com as mesmas influências dos Beatles. Seu primeiro disco, de agosto de 1963, “It’s Love That Really Counts”, vendeu mais de cem mil cópias ao longo dos vários anos em que permaneceu em catálogo. Todos os seus singles venderam solidamente, mas nenhum foi o estouro que todos previam. Somente em 1966, quando a cena beat já não existia mais, tiveram seu grande hit, “Sorrow”, que foi citado nos segundos finais de “It’s All Too Much”, da trilha de “Yellow Submarine”. Lennon produziu uma versão de “You Can Do That” com os Merseybeats em 1965, que jamais foi editada. |
Rory Storm & The Hurricanes
Rory Storm & The Hurricanes ficaram famosos na árvore genealógica dos Beatles por ter no seu line-up Ringo Starr. A banda era popularíssima em Liverpool, onde estavam estabelecidos desde 1958, quando eram conhecidos como The Raving Texas, um grupo de skyffle semelhante aos Quarrymen. Rory (cujo nome verdadeiro era Alan Caldwell) era um performer surreal, anfetamínico, com visual coloridíssimo, predatando o glitter rock em mais de dez anos. Gravaram apenas três singles em toda sua carreira: Dr. Feelgood/I Can Tell, pelo selo Oriole; Ubangi Stomp/I’ll Be There e America/Since You Broke My Heart, pela Parlophone, sendo o último produzido por Brian Epstein. Em tempo, Brian também produziu uma canção chamada What A Memory Can Do, o primeiro compacto da banda The Rustiks, que chegou a excursionar com os Beatles entre outubro e novembro de 1964. |
Baby, You Can Drive My Car
Não bastassem os castelos e palacetes, os Beatles investiram também em automóveis para curar os traumas dos tempos de dureza. Esta era a frota no final de 1965… John: um Mini-Cooper, uma Ferrari e um Rolls Royce, todos pintados de preto, inclusive o tradicional cromo-platinado do Rolls. |
A Beatlemania também
não era perfeita… A maioria de nós pensa que por todos os lugares onde os Beatles passaram, foram recebidos como reis, com extrema adoração e entusiasmo, certo? Bem, quase todos… Nas Filipinas, quase sofreram um linchamento, comandado pela própria polícia local, depois de uma campanha de ódio desfechada pela Primeira Dama, Imelda Marcos, porque os Beatles se recusaram a participar de um jantar que ela tinha organizado. Durante as filmagens de “Help!”, os Beatles passaram por Salzburg, na Áustria, onde foram hostilizados pela população, indignada com a presença daqueles músicos esquisitos “na terra de Mozart”. Porém, a coisa mais estranha aconteceu na Itália. Em junho de 1965, a tour européia dos Beatles passava por Milão, Gênova e Roma. Na Cidade Eterna, 150 policiais estavam no aeroporto para garantir a integridade dos Fab Four, mas apenas nove fãs compareceram. Um dia antes, em Gênova, num estádio onde cabiam 20 mil pessoas, apenas três mil assistiram ao show. |
Billy Preston
Ao longo de toda sua carreira fonográfica, vez ou outra os Beatles usaram músicos de estúdio em suas gravações, conforme está documentado em inúmeros livros; porém, o único desses músicos creditado nas capas dos seus discos foi o tecladista Billy Preston, que participou dos álbuns Let It Be e Abbey Road. Preston, um músico do Texas desde os dez anos de idade, acompanhou astros como Mahalia Jackson, Little Richard e os geniais soulmans Sam Cooke e Ray Charles antes de ser convidado a tocar com o Beatles. Também tocou no histórico concerto de Bangladesh. Sua pegada no piano e no hammond são inconfundíveis e sensacionais. Algumas de suas composições são clássicos da época como You Are So Beatiful. Tocou também com os Stones, ou seja, o homem estava em todas. Preston também gravou seus próprios discos nos selos Contract Derby, Vee Jay, Capitol e A&M, além da Apple. Discos estes que tem um clima soul refrescante que permanece, apesar de tanto tempo. |
The Fourmost
Antes de assinarem com Brian Epstein, The Fourmost eram conhecidos como The Four Jays. No seu primeiro single, em setembro de 1963, gravaram uma antiga composição de Lennon & McCartney, “Hello Little Girl”, uma música que chegou a ser gravada por Gerry & The Pacemakers e jamais editada. Para o segundo single, ganharam outro original da dupla Beatle, “I’m In Love”, que tinha sido gravada antes por Billy J. Kramer e inexplicavelmente abandonada. A versão original de Kramer somente foi sair em 1991. A demo gravada por Lennon apareceu em inúmeros bootlegs. The Fourmost apareceu no filme “Ferry Cross The Mersey” (também nome de uma ótima canção de Gerry Marsden, que possui uma versão cantada em parceria com Paul McCartney), assegurando sua importância histórica na cena musical de Liverpool. Há um boato de que Paul McCartney canta na música “I Love You Too”, do Fourmost, mas Marco Antônio Mallagoli nos diz que isso não é verdade, confirmando em diversas fontes ser mesmo apenas um boato. Em 1969, Paul produziu e tocou piano em “Rosetta”, um single gravado pelo Fourmost editado apenas na Inglaterra. |
Tobogã inglês
Aproveitando um dos mais recentes tópicos da nossa lista de e-mails, aqui vai o resumo da discussão “Helter Skelter”. Falando das versões desta música, tivemos um relato de Marco Antônio Mallagoli (postado em nossa lista pelo JC, nosso webmaster), explicando que ouvira o famoso Big Boy (Newton Duarte), em entrevista na Rádio Mundial na década de 60, dizendo que a desconhecida versão de mais de 25 minutos na verdade não existia, era apenas um boato. Anos depois saía o livro “The Beatles Recording Sessions”, iniciado por John Barret e terminado por Mark Lewisohn, de onde Paulo Soares nos cita um trecho: na página 143 consta que no dia 18 de julho de 68, os Beatles gravaram três takes da música, com as seguintes durações: take 1: 10′ 40″ Isso até faz sentido, pois somente tocando uma música durante 27 minutos faria Ringo exclamar a famosa frase “I’ve got blisters on my fingers!!!” (“Estou com bolhas nos dedos!”), como lembrou o membro Maccafreakbr. Mas isso foi mais uma vez retrucado por Carlos Assale que, baseado no livro “The 910 Guide to The Beatles Outtakes”, de Doug Sulpy, disse que a versão de 27 minutos é semelhante àquela do Anthology (mais lenta), e não a pauleira que ouvimos no Álbum Branco (onde a frase de Ringo é ouvida). Foi também na “enciclopédia Assale” que descobrimos que Helter Skelter era como os ingleses chamavam os tobogãs, com um sentido próximo a “descida desordenada”. Infelizmente também existem fatos ruins sobre Helter Skelter. Charles Manson, um psicopata, e seu bando escolheram-na como hino e culparam sua letra pelos assassinatos que cometeram em 1969. |
John e o OVNI
Em agosto do ’74, John Lennon declarou ter visto um OVNI da varanda de seu apartamento em NY. Lennon descreveu assim a nave: ovalada, com uma luz vermelha em cima e luzes brancas em círculo na parte de baixo. O OVNI passou por cime de seu prédio, sem emitir qualquer tipo de som, até mesmo o barulho do motor. O músico era fascinado por seres alienígenas. Tanto que era assinante da revista inglesa Flying Saucer Reveiw. Ele também incluiu óvnis numa cnção que fez parte do álbum Walls and Bridges: “There’s UFOs over New York, and I ain’t too surprised”. Fonte: Revista dos Curiosos – Ano 1 – No. 1 |
A capa do açougueiro
Em junho de 66 saía Yesterday & Today, um LP dos Beatles planejado para o mercado americano. A surpresa foi que ele saiu com a capa mais polêmica até então editada. Chocante, surrealista, mostrava os Beatles rindo, divertidos, com aventais de açougueiros e pedaços de carne crua e corpos de bonecas desmembradas, espalhadas sobre eles. A má reação da imprensa fez o Capitol recolher os LPs e redistribuí-los depois, com uma capa convencional. Parte das capas foi aproveitada, com a nova capa simplesmente colada por cima. Com o tempo, a “capa do açougue” virou item de colecionador, uma raridade. Para alguns, a “butcher cover” é uma peça de arte, como se Salvador Dali tivesse criado uma capa de LP; para outros foi um “protesto” contra a guerra do Vietnã. Para a maioria, foi apenas um deslize no bom-gosto dos Beatles. Fonte: Book Cards Beatles – Edição 3 |
Por Marcel Massa
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