Pouca gente comemorou o aniversário de David Peel, no dia 03 de junho, pois mesmo entre os fãs dos Beatles, ele é um personagem dos mais obscuros. Peel foi um dos grandes amigos que John Lennon e Yoko Ono tiveram. Tanto que John fez questão de incluí-lo no cast da gravadora Apple, que os Beatles tinham recém acabado de inaugurar.
Mas, produzido pelo próprio John, o disco tinha tudo para naufragar, já começando pelo título: “The Pope Smokes Dope” (O Papa fuma maconha). O lançamento imediatamente causou furor mundial, sendo banido de praticamente todos os países em que poderia ser lançado, exceto EUA, Canadá e Japão. E virou apenas mais uma curiosidade para beatlefans completistas, além de outro item na coleção de trabalhos censurados de John Lennon – ao lado de “Cold Torkey” e o disco Two Virgins.
Frustrado com a censura, fundou seu próprio selo, o Orange Records, por onde lançava seus discos (quase sempre com temática ligada à defesa da maconha) e os de outros artistas igualmente alternativos. Seu último lançamento conhecido é o disco “High Times Potluck” de 2004.
Peel também aparece acompanhando John e Yoko no David Frost Show de 1972, além de participar do famoso show do casal no Madison Square Garden, em New York, no evento conhecido como “One to One Concert” em um número instrumental, além de se juntar aos outros no final, cantando “Give Peace a Chance”.
John Lennon certa vez o comparou a Picasso. Em uma entrevista concedida a Andy Warhol, declarou que “produzir David Peel foi um dos pontos mais altos da minha vida”. E na música “New York City”, Lennon cita o amigo: “Up come a man with the guitar in his hand/Singing ‘have a marijuana if you can’/His name was Dave Peel/And we found that he was real/He sangs ‘The pope smokes dope everyday…'”. Será que o rapaz gosta da coisa? (Por José Carlos Almeida)
John e Yoko, Elephants Memory Band e David Peel tocando “New York City Hippie” no David Frost Show em 1972
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