No dia 07 de novembro de 1979, o jovem fã carioca Dilson Dantas desabafava em papel (as redes sociais não eram nem sonhadas nessa época) sobre o vazio deixado pelos Beatles. Mal imaginava a notícia que ouviria um ano depois. Hoje, mesmo depois de tanto tempo, ainda é interessante ler o relato:
Isso já foi há mais de 10 anos, uma nova ideia nascia para ser implatada por intermédio “deles”. Revolucionaria todos os costumes, do tamanho do cabelo ao redescobrimento da filosofia oriental pelos ocidentais. Eles foram protestos do princípio ao fim, seguidos por toda uma juventude que os adorava e os consumia, que dizia “yes, yes, yes” a tudo de novo que através deles surgia e “no, no, no” aos tabus e chavões de uma sociedade decadente e restrita de visão.
Agora esses que foram os líderes dos movimentos juvenis, que derrubaram costumes, que guiaram a todos nós durante anos, são só uma dolorosa recordação. Dos protestos e revoluções surgiu uma nova geração, que já não encontra muitos tabus para quebrar, nem tem um guia para orientá-la; geração perdida no nada, sem expressão; o poder de decisão, que da nossa geração teve como maior herança, as experiências e difusão daquilo que, sem dúvida nenhuma, foi o que nos arruinou: os tóxicos.
É por essa geração e outras que virão que eu gostaria que eles voltassem para tirá-los desse vazio em que se encontram, que os fizessem valer como as gerações de Presley e Beatles. Que lutariam, como nós lutamos por direitos que achem justo e buscassem, como nós procuramos, uma fórmula mágica para melhorar a vida nesse planeta tão conturbado e dividido de paz e amor.
Dilson Dantas, Rio de Janeiro 07/12/79
Observação feita no ano seguinte:
John Lennon faleceu hoje, 09/12/80, assassinado estupidamente, com três tiros por um imbecil de 25 anos em New York.
[Nota do Editor: Na verdade, John morreu no dia 08, mas de fato, no Brasil, a notícia só explodiu no dia seguinte]
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