Beatlemania Nacional Entrevistas

Entrevista: Jéssica Abreu fala sobre a Niterói Beatle Week 2018

Em todos os estados, a Beatlemania nacional continua se renovando, através de milhares de fãs, músicos e bandas que fazem tributo aos Beatles, cada um com seu estilo, seus diferencial, sua peculiaridade. A grande vitrine dessas bandas são os festivais, como a BH Beatle Week e, já no segundo ano, a Niterói Beatle Week, que deverá acontecer na segunda quinzena de novembro. O Portal Beatles Brasil sempre acompanha de perto esse tipo de iniciativa. Para começar, apresentamos aqui uma entrevista especial com Jéssica Abreu, a talentosa cantora da The Calangles Rock Band, de Niterói, que também é a empreendedora por trás do coletivo que organiza a Niterói Beatle Week. [JC]

Conheci vocês (The Calangles Rock Band) na BH Beatle Week. Há alguma inspiração do evento mineiro na criação da Niterói Beatle Week?
A primeira vez que eu ouvi falar em Beatle Week foi uns 20 anos atrás e esse papo saiu da boca do Leandro Souto Maior, que na época tinha uma importante banda de Beatles chamada “Mulheres Cantam Beatles”. Isso me marcou porque o Leandro (hoje um grande amigo, dono da Casa Beatles em Visconde de Mauá junto com a também amiga querida Mari Dantas) era referência pra mim como conhecedor da história do nosso quarteto favorito. Depois disso, se não me engano em 2007, a banda de uns amigos muito próximos foi convidada para tocar na International Beatle Week em Liverpool. O nome da banda era Eletrika Barbarella e os integrantes dessa banda meio que realizaram por tabela o sonho de todos nós que somos amantes dos Beatles em Niterói. Estive com Rodrigo Bessa em Liverpool no ano 2012 para a Beatle Week e voltamos de lá com a ideia fixa de fazer esse evento em Niterói. Ainda em 2012 estivemos pela primeira vez na BH Beatle Week e então tivemos certeza de que esse sonho era possível, pois se estava dando certo em BH, certamente daria certo em Niterói. A Beatle Week de Liverpool nos inspirou, porém a de BH nos fez ter a certeza de que Niterói merecia um evento nesses moldes para homenagear os Beatles e a nossa cidade.

Que balanço você faz da Niterói Beatle Week do ano passado?
Extremamente positivo! Superou todas as nossas expectativas em todos os campos: público, bandas, clima… Movimentamos a cidade em apenas uma semana através das nossas redes sociais e conseguimos levar para cada dia do evento um público de aproximadamente 3 mil pessoas. Foi lindo ver a ideia dos dois palcos funcionando em revezamento, foi emocionante ver como a cidade estava carente de eventos assim e foi uma grande conquista dos músicos amigos que aderiram à nossa causa e compraram totalmente a ideia de tocar apenas por amor, amizade e muita vontade de fazer o evento acontecer! Já era promessa há alguns anos e não saía do papel, então realizar foi um grande prazer. Todos os envolvidos no projeto da Niterói Beatle Week 2017 devem guardar essa conquista com muito carinho e orgulho!

Já estão definidos data, locais e atrações da edição 2018 do evento?
Estamos lutando para realizar o evento entre os dias 22 e 25 de novembro a pedido do Cavern Club Liverpool, que é nosso parceiro nessa empreitada. De 15 a 18 de novembro acontecerá em São Francisco de Paula, uma pequena cidade na Serra Gaúcha, a São Chico Beatle Week. Para que os diretores e alguns sócios do Cavern Club Liverpool possam vir ao nosso evento e, ainda, para que possamos ter os Cavern Beatles – banda cover oficial do Cavern – e dividir os custos de outras possíveis atrações internacionais com a produção de São Chico é necessário que as datas dos eventos aqui no Brasil sejam próximas. Estamos trabalhando em cima dessas datas, nosso prazo final para essa definição é dia 31/07.
Sobre o local podemos dizer que a orla de Niterói será contemplada, mas ainda é cedo para falar exatamente a localização dos palcos por questões de logística e autorizações do poder público. Já sobre as atrações fico mais à vontade de falar. Todas as bandas/artistas que tocaram no ano passado estão previamente convidados para voltar esse ano! São eles:
– Casal Beatles (Visconde de Mauá/RJ)
– Teachers On The Rocks (Niterói/RJ)
– Dr.Ones (Niterói/RJ)
– Coverdose (Niterói/RJ)
– Calangles (Niterói/RJ)
– Sonido Club (Florianópolis/SC)
– Bezzouros (Niterói/RJ)
– Evandro Halabey (Niterói/RJ)
– Gui Lopes (Rio de Janeiro/RJ)
– Eduardo Camacho e Trio (Niterói/RJ)
– Bluebeetles (Rio de Janeiro/RJ)
– Carlos Malta e Fernando Moura (Rio de Janeiro/RJ)
– Sonzera Clube (Niterói/RJ)
Mais que justo e mais que merecido, pois lutaram junto com a gente por essa realização, agora que o evento está crescendo todos continuarão conosco. Até mesmo porque consideramos esse um evento “dos músicos para os músicos”. Isso virou um lema nos nossos bastidores. Mas temos novas atrações confirmadas, só faremos um pouquinho mais de suspense! A gente conta na próxima conversa, pode ser? Rsrs

Para realizar um evento com o título “Beatle Week” vocês tiveram que buscar a autorização de alguém em Liverpool?
Veja, nós temos um relacionamento com os diretores do Cavern Club Liverpool, eles são nossos amigos, há 6 anos vamos a Liverpool para a Beatle Week deles. Seria muitíssimo desconfortável pra gente divulgar um evento com esse nome sem a anuência deles e com os nossos nomes envolvidos, principalmente porque há anos a gente conversa com eles sobre a possibilidade dessa parceria para a nossa realização. Antes de qualquer questão legal, a gente se preocupa de verdade em não deixar chateado nenhum amigo, em especial os que jamais “pisaram na bola” com a gente e esse é o caso! Então respondendo mais diretamente a sua pergunta, sim, o Cavern Club Liverpool chancela nosso evento e é um de nossos parceiros. Imagino que tenha algumas questões legais mais burocráticas envolvidas nisso, mas para isso a equipe do Cavern disponibilizou o advogado que representa o Cavern aqui no Brasil e é ele quem está nos dando essa assistência jurídica.

Um evento como esse certamente projeta o nome da cidade para um público imenso. Há algum apoio da Prefeitura, do Governo ou de algum órgão público ligado à Cultura?
Sim!!! Com toda certeza projeta o nome da cidade. Nossa intenção é encaixar a Niterói Beatle Week no calendário de festivais internacionais de tributo aos Beatles e assim movimentar o turismo, o lazer e a cultura em nossa cidade. No ano passado a ajuda da Prefeitura chegou aos 45′ do segundo tempo, mas chegou! Já estávamos decididos a bancar todos os custos junto com alguns empresários da cidade do ramo de gastronomia quando recebemos a agradável notícia de que teríamos um apoio do governo municipal. Achamos maravilhoso que a Prefeitura ou outros órgãos públicos se envolvam no evento! Não só em termos financeiros, mas também para questões como autorizações tudo fica mais fácil de acontecer quando todos os envolvidos estão por dentro do projeto desde o nascimento dele. Estamos tentando esse apoio esse ano novamente. Somos brasileiros e não desistimos nunca!

Pelas informações que tenho, há um tipo de disputa sobre quem é o criador da NBW. Você pode nos explicar qual o problema? Já existe uma solução?
Há um ano e meio, mais ou menos, eu e o Rodrigo Bessa fomos chamados por uma pessoa do nosso relacionamento a uma reunião para falar sobre o nosso projeto para a Niterói Beatle Week. Já tínhamos o projeto pronto e o apresentamos, e achamos que seria ótimo unirmos forças para a realizaçâo, mas após essa primeira reunião nada mais foi dito e, poucos meses depois, foi divulgada uma parceria desse grupo que vou chamar de “B” com um terceiro grupo que chamarei de “C”. Entendi que nós estávamos fora dessa parceria, para a qual fomos convidados apenas para tocar e não mais para produzir, o que não tinha sido o combinado. Meses depois o grupo “B” nos chamou de volta para a produção do evento, explicou que a parceria com o grupo “C” não havia dado certo e nos chamou de volta para o projeto juntos. Aceitamos voltar, queríamos mesmo que o evento saísse do papel e fosse para as ruas de nossa cidade! E é importante dizer que o grupo “B” tinha esse caminho para as autorizações necessárias para colocar palcos na rua e o apoio do poder público… de uma certa forma eles tinham (e ainda têm) “a caneta”. Assim, nesse mesmo dia o grupo “B” me pediu a oficialização da anuência do Cavern, o que eu prontamente atendi. Bom… para tentar encurtar essa longa história: eu me expus com os diretores do Cavern, com as bandas (algumas vinham de outras cidades/estados) e faltando 1 mês para o evento acontecer ele foi cancelado pelo grupo “B” que alegou impossibilidade de captar os recursos necessários devido ao pouco tempo que se tinha para tal. Eu ainda insisti para que fizéssemos uma coisa menor, com menos recursos, mas que fizéssemos! Esse projeto precisava acontecer, porém não houve interesse do grupo “B” em fazer esse projeto em 2017, mesmo que fosse com recursos próprios. Eles desistiram do projeto sem se importar com os demais envolvidos. Eu fiquei bem chateada! Só que ainda mais chateados ficaram Daniel de Almeida e Glauco Velloso. Eles se juntaram a mim e ao Rodrigo Bessa na árdua tarefa de não medir esforços para fazer um evento menor, com nossos próprios recursos, mas realizar. E fizemos!!! Acabou que o novo evento foi rapidamente tomando uma proporção maior, novos parceiros foram chegando, os músicos da cidade e de todo o mundo Beatle nos apoiaram, alguns apoiadores que estavam no projeto anterior (com tentativa de execução pelo grupo “B”) aderiram a nossa causa, e quando a notícia de que estávamos realizando o evento sem qualquer ajuda do grupo “B” chegou aos ouvidos deles, ela não foi bem recebida. Esse ano estamos lutando para fazer o evento sozinhos, sem o grupo “B” novamente, pois a parceria de 2017 em todas as tentativas não funcionou. Há uma solução sendo negociada e teremos essa confirmação até 30/06.

A The Calangles Rock Band é uma das mais incríveis que já vi ao vivo. Como pintou a idéia de fazer mashups dos Beatles com outros artistas? Como é que o público de Liverpool reagiu ao som de vocês?
Muito obrigada pela parte que nos toca! Rsrs É extremamente lisonjeador saber que essas maluquices que a gente faz são bem recebidas pelo público, mais ainda por bons ouvintes (cheios de referências) como você! Essa criatividade toda saiu da mente brilhante do Rodrigo Bessa. Eu e Marcinho Bressan (guitarrista e criador da banda) só queríamos uma bandinha bonitinha para participar pelo menos uma única vez da Beatle Week Liverpool. Não tínhamos grandes pretensões. Rodrigo foi trazendo essas ideias para que fôssemos diferentes e ficou diferente demais até pra gente! A princípio achamos estranho e tivemos dificuldade de acreditar nos primeiros mashups. Na nossa primeira apresentação em Liverpool não estávamos ainda seguros se iria funcionar e, de fato, metade do público foi embora do primeiro show, acredita? Teve um senhorzinho que me chamou depois do show e sugeriu:

_ Would you like to come back next year with your band? So you should play more Beatles!

Fizemos 9 apresentações nesse primeiro ano em Liverpool e acho que nos apegamos aos mashups… aos poucos eles foram virando nossa marca, novas ideias não paravam de chegar na cabeça do Rodrigo e logo fomos convidados a voltar em Liverpool no ano seguinte. Foi a dica de que estávamos no caminho certo. Hoje nas nossas apresentações em Liverpool há alguns espectadores que ainda vão embora quando a gente começa o show, mas há muitos mais querendo entrar! Em 2016 e 2017 tocamos no festival Abbey Road on the River nos EUA e o público de lá não teve qualquer resistência às nossas versões, eles entenderam mais rápido a proposta da banda. Mesmo assim Liverpool é o nosso caso de amor eterno e onde queremos tocar sempre!!!

Do repertório de vocês, minha favorita é “Money” (Beatles + Pink Floyd). E você, tem suas favoritas? Há novidades no setlist dos Calangles?
Tenho! A sua favorita, por exemplo, não está entre as minhas favoritas… rsrs Hoje gosto muito de todas as músicas do nosso repertório, mas gosto mais daquelas que o público curte mais: Sgt. Pepper’s + Back in Black (AC/DC), Eleanor Rigby + Enter Sandman (Metallica), Day Tripper + Fire (Hendrix). Isso porque me considero MUITO “roquenrou”, mas o público também curte mashups em que as guitarras falam um pouco mais baixo como Here Comes The Sun + Don’t Let The Sun Go Down On Me (Elton John) e I’m So Tired + Bohemian in Rapsody (Queen). Há novidades… Estamos ensaiando I Feel Fine + Break on Through (The Doors) e outras ideias para trazer Janis Joplin para o repertório. As pessoas têm nos pedido isso!

De 2010 pra cá, Paul McCartney e Ringo Starr realizaram dezenas de shows no Brasil. Em quais você foi? O que achou?
Posso dizer que tentei ir no Paul in Rio em 1990 ou vou denunciar a minha idade assim? Hahahaha! Meus pais foram ao show do Paul no Maracanã em 1990 e eu fiz o maior escândalo do mundo para ir junto, essa história é muito bem contada pelo meu pai. Mas as minhas muitas lágrimas não conseguiram convencer o meu velho a me levar com ele, fiquei em casa chorando…
Em 2010 eu ainda amamentava o Rodriguinho (caçula meu e do Rodrigo) quando fomos assistir ao Paul no Morumbi. Foi uma noite super emocionante pra gente… choramos, cantamos, abraçamos os desconhecidos que também choravam em volta. Esse show marcou a nossa vida! Depois desse show assistimos ao Paul novamente em 2013 no Mineirão (BH) e no Castelão (Fortaleza) e por último em 2014 no HSBC Arena (RJ). Ainda não tive o prazer de assistir ao Ringão ao vivo, nas ocasiões em que ele veio ao Brasil eu estava fora.

Daí de Niterói eu conheço duas bandas espetaculares, The Calangles Rock Band e a Bloody Mary. Existem outras bandas desse nível em Niterói? Há uma cena roqueira aí?
A Bloody Mary hoje é acertadamente uma das melhores bandas que a cidade de Niterói tem. Digo isso em vários quesitos! Eles têm músicos de excelência, são versáteis, extremamente ecléticos sem perder a personalidade, o figurino é um grande diferencial, a produção e a direção musical são top de linha. Eles são um grande orgulho niteroiense!
De novo eu vou agradecer o elogio feito para a Calangles, mas a Calangles é uma banda bem diferente que não entra muito no cenário de bandas que tocam mais frequentemente. Somos uma banda de festival, eu diria! E nos orgulhamos muito disso também… encontramos o nosso espaço nesses tributos internacionais aos nossos meninos queridos e assim tem dado certo.
Niterói é uma cidade de muitos músicos e muitos músicos de elevada qualidade! Há diversas bandas na cidade dedicada à música dos anos 60/70 e há ainda muitas outras que tocam a obra dos Beatles com muita personalidade.
A banda Bezzouros, por exemplo, dos nossos parceiros de evento Daniel de Almeida e Glauco Velloso, é de altíssimo nível em termos de qualidade musical. Um dos integrantes da banda, o guitarrista Rodrigo Toledo, já se apresentou diversas vezes na Beatle Week Liverpool com as bandas Eletrika Barbarella e Bluebeetles. Todos da Bezzouros são músicos extremamente maduros musicalmente falando e grandes conhecedores da obra dos Beatles.
Em Niterói temos ainda a própria Letícia Barbarella, que esteve em Liverpool em 5 ou 6 Beatle Weeks como líder da banda Eletrika Barbarella e depois com o Letícia Barbarella Project. O público de Liverpool até hoje fala das apresentações da Letícia e pede a volta dela aos palcos da Beatle Week.
Há muita coisa boa em Niterói! Tenho certeza absoluta de que estreitando as relações da cidade (e dos músicos da cidade) com esses festivais internacionais de tributo aos Beatles muitas bandas niteroienses serão convidadas para tocar nesses eventos pelo mundo, enquanto tantas outras bandas de outros países poderão vir se apresentar em nossa cidade proporcionando esse intercâmbio de valores musicais que é lindo de se ver!

O que os artistas e bandas devem fazer para participar da NBW?
Tem uma enquete rolando nas nossas redes sociais do evento para que as pessoas sugiram as bandas/artistas que querem ver na Niterói Beatle Week 2018. Por enquanto basta que o nome da bandaapareça lá na enquete como sugestão. Na próxima etapa solicitaremos o material dessas bandas sugeridas e entraremos em contato com quem for selecionado pela nossa banca de seleção de bandas. Você quer fazer parte da nossa banca para selecionar as bandas? Seria um enorme prazer pra gente!

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José Carlos Almeida

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