A história do músico herdeiro e sua conturbada relação com o pai
por Adailton Lacerda
“Não vou mentir para o Julian. Noventa por cento das pessoas neste planeta, especialmente no Ocidente, nasceram de uma garrafa de uísque numa noite de sábado. Julian faz parte da maioria, junto comigo e todo o resto. Não amo menos o Julian como filho. Ele ainda é meu filho, mesmo que tenha vindo de uma garrafa de uísque ou porque não existiam pílulas anticoncepcionais naquela época. Ele está aqui, pertence a mim e sempre pertencerá” (John Lennon, 1980).
A sincera declaração de John Lennon, cerca de um mês antes de sua morte, revela tanto sua falta de preparo à época em que se tornou pai pela primeira vez, quanto o ressentimento que acompanharia a vida de seu primogênito. Julian chega aos 50 anos de vida. Saiba mais sobre a história deste legítimo Lennon.
Um pai famoso
John Charles Julian Lennon nasceu em 8 de abril de 1963, em Liverpool. Seu pai começava a vivenciar a fama com os Beatles. Basta dizer que o LP “Please Please Me” havia sido lançado na Inglaterra duas semanas antes, com a faixa título já tendo conquistado o primeiro lugar nas paradas britânicas.
Julian é fruto do namoro entre John Lennon e Cynthia Powell. Seu nome é uma homenagem à avó paterna, Julia, com referência à avó materna, Lillian. O jovem beatle tinha apenas 22 anos quando o filho nasceu. Ele decidiu se casar com Cynthia meses antes de ela dar a luz. O empresário da banda, Brian Epstein, providenciou o famoso “casamento às escondidas”, para que as fãs não se decepcionassem com o estado civil do ídolo. Epstein foi padrinho do casamento e do filho do casal.
Os Beatles se tornavam cada vez mais famosos e conquistavam mais e mais países, levando a América à rendição em 1964. Com isso, John estava em ascensão na carreira, com turnês e gravações quase ininterruptas durante um bom tempo. Cynthia cuidava de Julian com ajuda de sua mãe e da tia Mimi de John.
Claro que a ausência de John não era por completo. “Eu só o vi um punhado de vezes”, se queixou Julian, certa vez. Apesar do trabalho intenso e de aproveitar as glórias da fama e da juventude, ele posava para fotos com o filho frequentemente, ainda que meio desajeitado. Era notória sua falta de prática para lidar com crianças. Paul McCartney tinha mais facilidade para brincar com Julian. “Como você faz isso?”, John perguntou para Paul ao ver a interação dele com o garoto durante uma viagem de barco para a Grécia em 1967.
John Lennon comprou uma casa para sua família em Weybridge, ao sul da Inglaterra, em 1964. Ele compôs diversas canções lá até sua saída em 1968. Julian cresceu sabendo que o pai era um músico famoso, o que de certa forma explicava os períodos de ausência de John.
O fato é que em 1968, John não curtia mais sua vida como estava. Nos últimos tempos, a monotonia em Weybridge, afastada do agito de Londres, o abatia. A fama cobrava seu preço. Foi criticado por suas declarações distorcidas envolvendo Jesus Cristo. Os Beatles haviam encerrado as turnês por diversos motivos. Sentiu-se pressionado a compor material para “Sgt. Pepper’s”. Brian Epstein, que cuidava de sua carreira, morreu. Uma reaproximação com seu próprio pai ausente, Alfred, não deu muito certo.
A vida de casado do criador dos Beatles era um fracasso. “Meu casamento com Cynthia não era infeliz”, disse Lennon. “Era apenas um estado conjugal normal onde nada acontecia, e que continuávamos a manter”, avaliou posteriormente. Sua busca por paz interior e iluminação através do guru Maharishi terminou em decepção. John Lennon estava insatisfeito e precisava de algo que o renovasse.
Em maio de 1968, John deixou seu lar para viver com Yoko Ono. Ele encontrou na artista plástica japonesa a superação de todas as suas frustrações. Até do trauma da morte da mãe. Iniciava-se uma nova fase para John Lennon. Ele não seria mais o mesmo. Os Beatles também não. A separação de Cynthia foi problemática com acusações de adultério, mas o divórcio viria em 1969. E, assim, Julian se tornou parte de outra grande porcentagem do mundo, a dos filhos de pais separados.
A adolescência em busca do pai
Em 1969, os Beatles tinham chegado ao seu limite. A separação oficial foi anunciada em abril do ano seguinte. John Lennon vivia e trabalhava com Yoko Ono. O casal lançava discos e campanhas pela paz mundial. Em 1971, John e Yoko estavam morando no Tittenhurst Park onde instalaram um estúdio para as gravações do álbum “Imagine”. Julian, então com 8 anos de idade, foi convidado a passar uns dias no enorme local. “Foi a primeira vez que ele me chamou em muito tempo”, lembrou Julian. Na ocasião, John deu atenção ao filho dando-lhe liberdade para correr pela propriedade e o levando para passeios de barco no lago.
Em setembro de 1971, John e Yoko foram para os EUA. Sem saber, John jamais retornaria à Inglaterra. Além de se apaixonar por Nova York, de ser bem tratado pela imprensa local (diferentemente dos tablóides britânicos), de gostar da abordagem sem histeria dos fãs e de fazer amigos, um grande problema passaria a impedi-lo de residir legalmente nos EUA. Por suas convicções anti-guerra, sua militância e influência, John passou a ser perseguido pelo FBI. Como o ativismo político ou pacifismo não eram motivos legais para condenações, o governo americano decidiu deportá-lo por causa de uma prisão por porte de maconha em Londres, em 1968. John apelava da sentença para permanecer no país. Além disso, ele apoiava Yoko em sua luta para encontrar Kyoko, a filha do primeiro casamento de Ono, que havia sido sequestrada pelo próprio pai. Julian passaria um longo período na Inglaterra sem ver o pai.
Por volta de 1974, as coisas não iam muito bem para John Lennon. Ele ainda lutava na justiça para não ser expulso dos EUA. Estava temporariamente separado de Yoko. Sua relação com Cynthia não era das melhores, mas eles tinham um filho. Nesta época, John convidou Julian a passar férias com ele em Los Angeles. O garoto de 11 anos desfrutou da companhia do pai como nunca. Chegou a participar do álbum “Walls And Bridges” tocando bateria enquanto John cantou “Ya Ya” ao piano.
Pai e filho passaram o fim daquele ano na Disney. Era o período do “fim de semana perdido” de Lennon. Mesmo assim, se mostrou disposto a passar um tempo com o filho. Julian aproveitou a boa fase com o pai, mas teve que retornar à Inglaterra.
Nos anos seguintes, o contato não seria tão constante. John se reconciliou com Yoko e juntos tiveram o aguardado filho, Sean. Ao mesmo tempo, Lennon ganhava o visto permanente que o tornava livre para sair e voltar aos EUA. Mas o ex-beatle entrou em um período de hibernação. Anunciou sua retirada da vida pública e da música alegando que queria ter tempo para criar seu novo filho. Uma oportunidade que não tivera e nem poderia ter quando Julian nasceu. John sumiu dos olhares públicos e das notícias quase por completo durante cinco anos, dividindo sua vida no edifício Dakota em Nova York com Yoko e Sean, e algumas viagens como Japão, Grécia e ilhas Bermudas.
Em 1979, Julian tinha 16 anos. Ele levava uma vida suburbana aparentemente normal e, inevitavelmente, desenvolveu gosto por música. John convidou Julian a passar as férias e seu 16º aniversário em Palm Beach, na Flórida, onde deu uma festa para o filho. Depois o levou para Nova York e, em seguida, Julian retornou para a Inglaterra sem imaginar que nunca mais veria o pai novamente. Ainda naquele ano, John ficou furioso com uma biografia escrita por Cynthia, na qual ela detalhava o casamento que tiveram nos anos 60.
A relação entre Julian e John é, sem dúvida, o ponto central da vida do jovem Lennon. Ele se tornou um adolescente revoltado pela ausência do pai, assim como John havia sido. Entretanto, quando estavam juntos, Julian apreciava cada momento e admirava o pai como um artista importante. Neste último período de contato, os dois podiam falar abertamente sobre música, um assunto em comum para ambos.
Em uma de suas últimas entrevistas, John falou sobre a reaproximação com Julian. “Eu voltei pra casa e tinha esse menino de 12 anos com quem eu nunca tive nenhuma amizade. Agora ele está com 17, e nós estamos desenvolvendo uma amizade porque eu posso falar de música e de qualquer coisa que ele estiver interessado”, disse John. Em 1980, John retomou sua carreira com as gravações do álbum “Double Fantasy”. Consta que ele pediu a opinião de Julian, via telefone, sobre algumas músicas. Pai e filho podiam ser amigos.
A perda e o trauma
Na noite de 8 de dezembro de 1980, John Lennon foi assassinado covardemente na entrada do Dakota. Ele tinha apenas 40 anos. Estava cheio de planos. O mundo perdia um ícone. Julian perdia o pai. “Não havia mais uma parede entre nós”, disse Julian no documentário “Imagine”, em 1988. “É difícil explicar emoções lidando com aquela situação, especialmente quando estávamos nos aproximando”, lamentou.
Julian viajou imediatamente para Nova York quando soube da morte do pai. Ele se reuniu com Yoko e Sean. Apesar de não ter uma boa relação com a madrasta, Julian demonstrou apoio à Yoko e, segundo ela, foi uma grande ajuda. Sua relação com Sean sempre foi carinhosa, de irmão para irmão.
A partir de então, o trauma de Julian se agravaria. Do menino que mal sorria ao adolescente que passara a amargurar a ausência eterna do pai, ele alternaria momentos de orgulho por ser filho de John Lennon com a amargura por ter crescido longe do pai e pela morte prematura que o tirou de seu convívio para sempre.
Certa vez, John Lennon disse que perdera a mãe duas vezes: aos 5 anos, quando ela foi embora de casa e aos 17, quando ela morreu. Assombrosamente, o mesmo aconteceu com Julian em relação ao pai. Ele tinha 5 anos, quando John se separou de Cynthia, e 17 quando John foi assassinado. Em algumas ocasiões, Julian comentou sobre essa suposta maldição que o impedia de se sentir capaz de ter filhos.
Julian carregou o trauma de não conviver com o pai e não fazia questão de esconder o rancor em entrevistas (como um legítimo Lennon). Em 1999, ele foi abordado por turistas em uma praia e falou abertamente sobre suas mágoas. A conversa foi filmada e está disponível no Youtube com legendas em português.
Em 2000, o mundo lembrou os vinte anos sem John Lennon. Procurado pela imprensa, Julian limitou-se a declarar que seu pai “podia falar de paz e amor ao mundo, mas nunca os mostrou para as pessoas mais próximas”, encerrando com uma tentativa de paz com a memória de John: “Eu te amo, pai, onde quer que você esteja”.
Já em 2005, na ocasião do 25º aniversário da morte de John, a história se repetiria, ainda que com um tom de lamento. “Tenho sentimentos divididos em relação a ele”, declarou Julian. “Ele foi o pai que eu amei e que me decepcionou em muitos sentidos. Quem sabe como o nosso relacionamento estaria se ele não estivesse morto? É doloroso pensar que sua morte prematura tirou a chance de nos conhecermos melhor. Mas o que nunca poderá ser tirado de mim são suas letras e músicas. Esse é o seu legado pra mim”, disse Julian.
O perdão
Quatro anos mais tarde, em 2009, Julian afirmou ter finalmente perdoado o pai. “A raiva e o ódio são uma grande perda de tempo”, disse em entrevista. Julian acredita que ter escrito a canção “Lucy” (lançada em 2009) ajudou a superar o trauma. “Acho que essa música me ajudou a lidar com os problemas que tive com o meu pai, e a finalmente perdoá-lo de uma vez por todas”, declarou. A canção foi escrita para Lucy Vodden, a menina que um dia inspirou “Lucy in the Sky with Diamonds”, e que faleceu naquele ano.
Ainda sobre ter perdoado o pai, Julian disse que “se meu pai entrasse agora por aquela porta, nos abraçaríamos e choraríamos juntos”. Ele parece em paz com o passado e orgulhoso por ser um Lennon e carregar a música no DNA.
Inspirando canções dos Beatles
Julian Lennon nasceu junto com o início do sucesso dos Beatles e foi responsável pela inspiração de pelo menos três músicas do repertório da banda:
Lucy in the Sky with Diamonds – Aos 4 anos de idade, Julian voltou da escola com um desenho que intrigou John Lennon. O garoto havia desenhado uma figura feminina voando em um céu estrelado. Ao ser perguntado pelo pai do que se tratava, ele respondeu que era “Lucy no céu com diamantes”. Lucy era sua colega na escola e o desenho inspirou John a criar umas das canções mais psicodélicas dos Beatles. Mais tarde, teve que negar que as imagens descritas na música representavam alucinações causadas pelo uso de LSD, sigla do ácido lisérgico que, coincidentemente, também era a sigla de “Lucy in the Sky with Diamonds” (desconsiderando as preposições). John explicou que o título foi dado por Julian, sendo o ponto de partida para a composição, e que escreveu a letra inspirado em imagens de “Alice no País das Maravilhas”.
Hey Jude – Quando John Lennon se separou de Cynthia, em 1968, Julian tinha apenas 5 anos de idade. Paul McCartney resolveu fazer uma visita à ex-esposa do amigo e ao filho do casal. No caminho, dirigindo seu Aston Martin, Paul pensou em versos como se fosse um poema dedicado ao pequeno Julian. “Hey Jules, don’t take it bad, take a sad song and make it better”, numa tentativa de dar apoio ao menino que via seu pai indo embora de casa. Pouco depois, McCartney trabalhou na ideia resultando em uma canção completa chamada “Hey Jude”.
Paul sempre lembra do momento em que mostrou a composição para John e estava decido a descartar o verso “the moviment you need is on your shoulder” (“o movimento que você precisa está no seu ombro”), sendo impedido por John que insistiu que o verso fosse mantido. “É o melhor verso da música. Entendi o que quer dizer”, disse John. E assim ficou a música. Mais tarde Lennon citou esta como a melhor canção de Paul. “Começou como uma canção para o meu filho, Julian, mas sempre vi como uma música para mim”, diria Lennon anos depois. Provavelmente, John entendia trechos como “you have found her, now go out and get her” (“você a encontrou, agora vá conquiste-a”), como sendo pra ele. A música é um dos maiores sucessos dos Beatles. Em 2000, Julian comprou os direitos autorais de “Hey Jude”.
Good Night – Esta foi a música que John compôs para Julian. Foi desenvolvida como uma canção de ninar para o filho pequeno. Talvez por assumir sua falta de tato para lidar com crianças, John cedeu os vocais da música para Ringo Starr. Também é provável que a canção tenha sido composta especialmente para os padrões vocais do baterista. A canção fecha o “Álbum Branco”, de 1968. O disco experimental “Wedding Album” (1969) de John e Yoko, contém um breve registro de John cantando essa música, quase que imitando Ringo. O engenheiro de som dos Beatles, Geoff Emmerick, afirma que John gravou uma versão demo completa, cantando “Good Night” de forma muito bonita. A fita foi tocada no estúdio algumas vezes para Ringo aprender a música, mas, infelizmente, a gravação foi perdida.
Carreira musical
A primeira incursão de Julian Lennon no mundo da música foi aos 11 anos marcando o tempo na bateria na curta versão de “Ya-Ya”, que John Lennon lançou em seu álbum “Walls And Bridges”, em 1974. Naturalmente, Julian tinha inclinação para música, mas só decidiu se lançar como cantor em 1983.
Seu primeiro disco, “Valotte”, foi lançado em 1984. Apesar das inevitáveis comparações com o pai, Julian alcançou sucesso com o single “Too Late For Goodbyes”, um memorável hit radiofônico dos anos 80, que chegou ao primeiro lugar nos EUA e fez parte da trilha sonora da novela brasileira Corpo a Corpo (Rede Globo, 1984/1985). O álbum foi gravado no Hit Factory Studios, em Nova York, mesmo local onde John Lennon gravou discos como o “Double Fantasy”. O jovem Lennon confessou ter se inspirado no LP “Imagine” para compor seu primeiro trabalho, e que a faixa “Well I Don’t Know” foi escrita para John. “É sobre procurar sinais pós-vida de meu pai”, revelou. Steve Holley, ex-Wings, tocou bateria em algumas faixas. Julian sairia em turnê em 1985.
O segundo trabalho veio em 1986. “The Secret Value of Daydreaming” não agradou tanto quanto seu álbum de estreia. Ainda assim, Julian garantiu mais um hit single, “Stick Around”. O músico Billy Joel tocou piano em “You Get What You Want”. No mesmo ano, ele regravou a faixa “Because” do Dave Clark Five, original de 1964. O clipe mostrava Julian cantando a canção e tocando piano. Apesar do visual típico de um jovem inglês da década de 80, suas feições e voz lembravam muito seu pai. Julian lutava para ter reconhecimento próprio, mas é algo bem difícil quando se é filho de John Lennon.
Em 1991, após cinco anos de hiato, Julian lançou seu terceiro álbum, “Help Yourself”. O disco não se saiu tão bem nos EUA, mas fez sucesso na Europa, especialmente com o single “Saltwater”. George Harrison participou das gravações do álbum tocando guitarra, embora sua colaboração não tenha sido creditada. Logo após, Julian se afastou temporariamente do mundo da música. Em meados da década de 90, seu nome foi amplamente cogitado pela imprensa como substituto de John Lennon em uma reunião dos Beatles. Entretanto, Paul, George e Ringo negaram que isso pudesse acontecer. “Sinto pena dele no meio disso”, assim McCartney fecharia a questão.
O álbum seguinte de Julian foi lançado em 1998. “Photograph Smile” foi um trabalho discreto, mas obteve algum sucesso com o single “I Don’t Wanna Know” que ganhou um videoclipe cheio de referências aos Beatles, no melhor estilo The Rutles. Nessa época, Julian promoveu o disco aparecendo em diversos programas de TV. Alguns críticos observaram que, no mesmo ano, Sean Lennon lançou seu primeiro disco, “Into The Sun”. Mas se ambos competiam com seus novos lançamentos, perderam em vendas e críticas para uma caixa de quatro CD’s chamada “John Lennon Anthology”, também lançada em 1998. Ainda no mesmo ano, Julian gravou uma versão de “When I’m Sixty-Four”, dos Beatles, para um comercial de TV.
Cerca de dez anos depois, Julian soube que sua antiga colega de escola, Lucy Vodden, a mesma que inspirou “Lucy in the Sky with Diamonds”, estava sofrendo de lúpus (uma doença crônica que faz com que o sistema imunológico ataque os próprios tecidos). Tocado pela notícia, Julian conseguiu retomar o contato com Lucy, fazendo visitas e enviando flores. Ele escreveria uma canção batizada com o nome da colega em sua homenagem e a lançou em 2009 doando 50% dos lucros à instituições que tratam do lúpus. Lucy morreu em 27 de setembro de 2009, aos 46 anos.
Somente 13 anos após “Photograph Smile”, Julian prepararia seu quinto trabalho de estúdio. “Everything Changes” foi lançado em outubro de 2011 trazendo as reflexões de um Lennon mais maduro. O título, “Tudo Muda”, parece se referir a uma nova fase de paz com o passado. Julian esperou o momento certo para a inspiração. “Se você senta para tocar, as ideias surgem”, disse na época. “Uma coisa leva à outra e logo eu tinha umas 30 ideias, então convidei alguns amigos para torná-las músicas”, completou Julian que acredita ser este o seu melhor álbum. O primeiro single extraído foi “Lookin’ 4 Luv”, lançado na internet.
Em 2012, Julian colaborou com a banda Aerosmith fazendo harmonias vocais na faixa “Love Three Times a Day”, do álbum mais recente dos americanos. E o vocalista Steven Tyler participa do novo single de Julian, “Someday”, com lançamento no iTunes no dia em que Julian completa 50 anos. Em um comunicado, Julian disse que sua nova canção “mostra os melhores momentos de minha inspiração no último ano, levando em conta minha música, fotografia e trabalho filantrópico. ‘Someday’ é um reflexo disto”.
Outros projetos
A primeira turnê de Julian, realizada em 1985, virou um documentário chamado “Stand By Me: A Portrait of Julian Lennon”, de Martin Lewis. O filme mostra imagens dos shows, dos bastidores e um resumo da vida e carreira do músico. Uma canção dos Beatles entrou no repertório das apresentações, “It Won’t Be Long”.
Outras aparições de Julian em video incluem sua participação no show de aniversário de 60 anos de Chuck Berry, em 1987. No ano seguinte, Julian esteve presente na introdução dos Beatles no Rock ‘n’ Roll Hall of Fame, e também discursou brevemente ao lado de Yoko, Sean, George e Ringo. Ele também participou do documentário “Imagine: John Lennon”, de 1988, contribuindo com depoimentos sobre seu pai. Outras incursões de Julian no audiovisual incluem pontas em alguns filmes, dublagens em desenhos animados e a produção de um documentário sobre uma tribo aborígine australiana.
Em 2006, Julian investiu no site MyStore.com que ajuda artistas a vender seus próprios trabalhos online. O passo seguinte foi a criação de uma companhia chamada Revolution LLC. Foi através desta que Julian lançou o single “Lucy”, em 2009. No mesmo ano, ele fundou a The White Feather Foundation para arrecadar fundos para questões ambientais e humanitárias. Julian também montou uma gravadora, a Music from Another Room, e sua própria produtora de filmes chamada Pictures from Another Room.
Julian desenvolveu uma paixão por fotografia. Ele documentou em fotos as turnês de Sean Lennon em 2007 e U2 em 2010, inclusive passando pelo Brasil e comemorando seu aniversário em São Paulo com Bono Vox. A primeira exposição fotográfica de Julian, chamada “Temeless”, ocorreu em setembro de 2010.
Na inauguração em Nova York ele reuniu sua mãe Cynthia, Yoko Ono e Sean Lennon. Também estiveram presentes May Pang e Pattie Boyd. Julian posou para fotos com a mãe, a madrasta e o meio irmão, provando que a relação familiar pode ser pelo menos cordial.
Em 2012, uma nova exposição foi inaugurada. “Alone” mostra cliques de Julian descritos como melancólicos. Novamente, a banda U2 faz parte do trabalho fotográfico de Lennon. Algumas fotos foram postas à venda com parte do lucro destinado à The White Feather Foundation.
Os amores
Julian Lennon nunca se casou. Seus relacionamentos sempre foram discretos, mas alguns deles são de conhecimento público. Sally Hodson foi namorada de Julian entre 1980 e 1982, seu primeiro relacionamento sério. Julian também namorou a badalada modelo Debbie Boyland de1982 a 1983. A cantora e atriz Fiona se rendeu aos encantos do jovem Lennon em 1988. Ela acompanhou Julian no evento que introduziu os Beatles no Rock ‘n’ Roll Hall of Fame.
Julian teve um namoro de cerca de dois anos com a atriz Olivia d’Abbo, que na época (início dos anos 90) interpretava Karen Arnold no famoso seriado “Anos Incríveis”. O casal chegou a noivar. Em seguida, ele se relacionou com a musa Brooke Shields e, mais tarde, com a atriz Tori Spelling, a Donna Martin da série Bervely Hills.
O relacionamento mais longo de Julian foi com a modelo Lucy Bayliss. O romance durou dez anos (1997-2007). Não se sabe os motivos do término do noivado. Algum tempo depois, surgiram rumores de que o casal teria reatado, mas não houve confirmação disso. Certamente, muitos fãs de John Lennon gostariam que Julian e/ou Sean dessem sequencia à linhagem. A hora certa pode não ter chegado ainda, mas o tempo vai passando…
50 anos
“Ele (John Lennon) era jovem e não sabia que diabos estava fazendo. Esta é a razão de eu ainda não ter filhos. Eu não queria fazer a mesma coisa. Não, eu não estou pronto. Quero saber quem eu sou, primeiramente” (Julian Lennon, 2011)
E Julian Lennon chega ao seu 50º aniversário. São dez anos a mais do que seu pai viveu. Músico, fotógrafo, filantropo, herdeiro de um dos artistas mais influentes da história, Julian jamais almejou superar o sucesso e o talento de John Lennon. Mas ele faz de sua própria aptidão artística um meio de se conectar com o pai que lhe fez falta e que foi brutalmente impedido de ter uma nova chance de conviver com seu primogênito.
Ei, Julian! “Não carregue o mundo em seus ombros”.
Happy birthday! God bless you!
Portal Beatles Brasil
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Emocionante, me sensibilizou muito, muito…