Marcus Rampazzo é sem dúvida um dos maiores conhecedores da obra dos Beatles. O músico estudou a fundo os arranjos dos Fab 4, em especial, as partes de guitarra de George Harrison, seu ídolo.
Fundador da banda Beatles 4Ever, Rampazzo interpreta Harrison nos palcos desde 1976 com maestria e possui uma coleção completa de guitarras idênticas às usadas por George. Marcus também administra aulas para quem quiser aprender a tocar como os 4 rapazes de Liverpool.
Confira agora um especial sobre Marcus Rampazzo. Uma homenagem à competência e dedicação deste brasileiro apaixonado por Beatles e que foi elogiado pelo próprio George Harrison.
Vintage Guitar – O site mais completo no Brasil sobre guitarras antigas e raras. Rampazzo, e o também colecionador Fernando Fioravanti, contam tudo sobre os instrumentos clássicos e valiosos com riquesa de detalhes, fotos, entrevistas e curiosidades. Um prato cheio para quem é fã de guitarra. Acesse: www.vintageguitar.com.br/m_marcus.shtml
London Studios – Localizado no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo, é o estúdio de Marcus Rampazzo. Lá ele dá aulas de música para aqueles interessados em aprender a tocar Beatles, e rock em geral, com perfeição. Para mais informações ligue para (11) 2268-4406.
Beatles Brasil – O guitarrista concedeu uma bela entrevista ao nosso Portal falando sobre assuntos como a primeira vez em que ouviu os Beatles, sua carreira e sua reação à morte de George Harrison. Confira no link abaixo.
www.thebeatles.com.br/entrevista-marcus-rampazzo.php
Coleção de Guitarras – Para marcar os 10 anos sem George Harrison, o Estadão realizou uma matéria com Rampazzo que falou sobre sua coleção de guitarras idênticas às usadas pelo beatle. Vale a pena conferir Marcus mostrando seus instrumentos preciosos com depoimentos e diversas fotos, além de um vídeo muito bacana. Clique neste link:
www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,george-harrison-a-brasileira,804180,0.htm
George Harrison – Em 1988, Marco Antonio Mallagoli visitou o guitarrista dos Beatles em Los Angeles e levou consigo uma fita que continha canções de George tocadas por Marcus Rampazzo. À princípio, Harrison pensou tratar-se de si mesmo em uma gravação pirata, mas quando soube que era uma fiel interpretação de um fã músico, fez questão de lhe mandar uma mensagem de voz.
Ouça aqui George Harrison mandando um recado para Rampazzo com comentários deste:
Ao vivo – Marcus Rampazzo fundou a banda Beatles 4Ever em 1976. Pela primeira vez no Brasil, um grupo de jovens ia além da interpretação das músicas dos Beatles e realizavam uma performance teatral em que cada membro se caracterizava de acordo com o respectivo beatle que representava utilizando instrumentos, roupas e acessórios alusivos à cada fase da banda.
No vídeo abaixo, o Beatles 4Ever se apresenta na Virada Cultural Paulista de 2011 e o destaque é Rampazzo tocando e cantando “Something”.
Marcus Rampazzo também está no facebook:
www.facebook.com/marcus.rampazzo
MAESTRO E GUITARMAN MARCUS RAMPAZZO – O ÚLTIMO DE UMA ERA
Hoje a tônica no mundo é a especialização. No Direito, por exemplo, há pelos menos 60 modalidades, desde as mais comuns a estranhas como das Sucessões e das Coisas etc. Na Medicina há cirurgiões especializados em dedo. Isso mesmo, em dedo.
Bem, o Marcão era especializado em Beatles. E bota especialização nisso. Descobriu, por exemplo, detalhes curiosos e inusitados como o movimento da palhetada em músicas como “A day in the life”, no contratempo e de baixo para cima, ao contrário do senso comum.
Referia-se a certas passagens criativas entre acordes ou dentro de linhas melódicas que conseguira identificar no meio de uma canção como “truque”. Na juventude, com o irmão e a namorada do irmão, formou uma banda chamada Family. Na hora do solo, virava de costas para o público para que ninguém aprendesse o “truque”.
Sabia cada marca e modelo de guitarra que fora usada em cada música dos Beatles: o ano, a cor, a regulagem, a afinação, o efeito utilizado. Conhecia a digitação (tablatura) exata dos solos de George Harrison, isto é, qual dedo foi utilizado em qual traste e como se dava a sequência, o hammer-on, o pull-of, o bend, ou seja, a torsão, o movimento para obter determinado som. Sim, é o que parece: ele quase se identificava mais com George que com os Beatles.
Desde os efeitos primitivos, como alavanca, vibrato, distorção, até os mais complexos como fuzz, overdrive, echo, compressor, flanger, Marcão dominava tudo. Durante os anos dos Beatles, era a invenção que sobressaía, tipo gravar uma pista em cima da outra e depois rodar a fita de trás para a frente. Não se pode esquecer que a orquestra e demais vocais, instrumentos e efeitos do LP “Sargeant Peppers” foram gravados em um “tape recorder” de 4 canais. Apenas 4. Marcão conhecia cada pequeno meandro das gravações. No máximo, poderia alimentar uma dúvida razoável sobre alguma passagem. O resto tava tudo dominado.
Marcão disse certa vez em uma entrevista ao jornal digital Brasil 247: “Não tive infância: só pensava em música. Não empinei pipa, não joguei bola, nunca tive carrinho de rolimã, fui apenas um dia numa piscina em toda a minha juventude. A guitarra me conquistou. A música clássica naquela época me trazia muita melancolia. Os Beatles e a música pop foram, digamos, a minha salvação. Sempre desenhei muito bem, mas o desenho não emociona. O que sempre me emocionou foi a música”.
Muita gente sabe muita coisa sobre os Beatles. Existem muitos fãs ardorosos. Mas o Marcão reunia várias qualidades: não só sabia como fora gravado o solo, mas o interpretava magistralmente, utilizando o mesmo modelo de guitarra. Por exemplo, nos shows dos Beatles Four Ever, em certo momento tocava numa Gretsch 6119 Tennessean que George usou no álbum “Beatles for Sale” e em algumas apresentações ao vivo em 1963 e 1964. Também foi usada no concerto do Shea Stadium. Era a guitarra que identificava George Harrison no início dos Beatles e pode ser vista no filme “Help!”
George utilizou muitas guitarras e violões, como uma Gretsch 6128 Duo Jet 1957, Gibson J-160E 1962, Gretsch 6131 Jet Fire Bird, Maton Mastersound MS-500, Jose Ramirez Guitarra de Estudio Classical Guitar, Rickenbacker 425 1962, Gibson ES-345-TD, Epiphone E230TD (V) Casino, Gibson SG Standard, Gibson J-200 acoustic guitar. Marcão possuía ou possuiu um instrumento igual a cada um desses modelos.
Marco Antonio Mallagoli, presidente do Revolution fan-club, disse sobre Marcão: “Um dos maiores guitarristas que eu já vi tocar na minha vida e um grande músico, que faz com perfeição todas as músicas dos Beatles na guitarra e de outros grandes ídolos de Rock and Roll”. Mallagoli certa vez encontrou George Harrison em Los Angeles e mostrou ao beatle uma fita k7 de 60 minutos com o Marcão tocando vários solos de “slide” feitos por George na carreira-solo, “com tanta perfeição que o Beatle achou que era um ‘disco pirata’ dele e acabou elogiando Rampazzo”. A mensagem gravada na voz de George com um pouco de sorte pode ser ouvida na internet.
A chegada da morte ceifadeira é mais triste quando leva consigo um imenso e inestimável acervo de conhecimentos musicais que dificilmente será recuperado. Para os beatlemaníacos e amantes da música em geral, Marcão deixa de ser a fonte de informações e detalhes apaixonantes sobre os arranjos e gravações dos Fab 4. Infelizmente, ele não teve tempo de passar para livros ou vídeos todos aqueles truques responsáveis pela magia que os Beatles produziram.
Apesar da rixa entre Beatles e Rolling Stones, Marcão aprendia e executava tudo de que gostava. No Youtube pode-se vê-lo ensinando a tocar “Brown Sugar” dos Stones numa Fender Telecaster igualzinho ao Keith Richards. Marcão também compunha. “Paradise”, por exemplo, está no YT.
O guitarman Ronaldo Paschoa conta uma passagem interessante: “Numa feira da música, eu fiquei babando de vê-lo no stand da Martin! Ele estava tocando, sentado num banquinho para uma pequena plateia num ‘teatrinho’ fechado. E eram composições próprias, eu sabia disso. Fiquei babando em especial na técnica dele pra tocar arpejos com palheta. Isso é usado por muitos guitarristas, mas o Marcão era impecável nessa! Palhetinha pequena, o cara matava a pau!”
Primeiro aluno, o guitarrista André Christovam esteve recentemente com o amigo e professor Marcão, já debilitado, e tocaram juntos Here Comes the Sun: “E como sempre ele soou como um disco e eu um mero mortal!”, disse o bluseiro. Essa visão que André passa mostra bem Marcão como alguém que cumpriu seu destino na Terra. A despeito de problemas pessoais e da doença, já havia transcendido a arte de empunhar um instrumento. Criava estrelas ao fazer vibrar as cordas do violão. Conheceu os mais bem guardados segredos do maior grupo de rock do século XX. Deve voltar em breve como um astro da música mundial.
“And in the end…”