George é talvez o mais famoso guitarrista da face da terra a não se exibir com seu instrumento. Na realidade nunca precisou. Harrison não recorreu a caras bocas e gestos teatrais para fazer a guitarra ‘falar’ porque jamais foi guitarrista de pose. A tal ‘atitude’ de que falam tanto hoje em dia, funcionava diferente com George Harrison. Ele simplesmente tocava. Mansamente. No mais das vezes, sutilmente. Inscreveu na história solos e riffs que estarão sempre na memória do mundo. E se quisesse, poderia ficar numa rede branca ou numa cadeira de pedra no Havaí apontando os próprios feitos e se auto-exaltando. Continuaria sendo aclamado e bajulado.
Felizmente a transcendência de George Harrison vai muito além. Por isso é que não basta ouvi-lo e reouvi-lo. ELE é que faz falta. O cara que ele foi. Quantos discos teria feito se continuasse entre nós? Talvez lhe faltasse apetite para uma turnê. O que ele achava bom mesmo era subir ao palco durante o show de um amigo do rock para tocar sem planejamento nem combinação. Só pelo prazer.
Quer sentir falta mesmo de George Harrison? Vá a um show de banda cover num desses barzinhos da vida. Se o guitarrista não tiver feeling, a coisa não vai fluir. Até quem não entende muito de música, mas curte Beatles, por certo notará a falta de algo naquela execução. É o espirito do George, a gentil presença concebida para sentir. [Cláudio Teran]
Let me in here/I know I’ve been here/let me into your heart…
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