Há 45 anos… dia 23 de novembro de 1970.
Quando “My Sweet Lord” chegou às lojas dos Estados Unidos, os Beatles caminhavam a toda velocidade para o terrível e inevitável fim. Não havia clima nenhum para a banda se manter junta. Tanto que os projetos solo estavam a pleno vapor, com três discos na praça.
Ringo puxara a fila, em março, com Sentimental Journey. Em setembro, sairia ainda Beaucoups of Blues. Paul também já lançara o seu McCartney em abril. E John havia gravado e finalizado seu projeto solo com Yoko, o John Lennon/Plastic Ono Band, que seria apresentado em 11 de dezembro.
Mas foi George Harrison, o “quiet one”, o primeiro beatle a experimentar o topo. E logo em seu primeiro single lançado! Um prêmio para quem fora o pioneiro em projetos individuais fora dos Fab Four (vide Wonderwall Music e Eletronic Sounds).
“My Sweet Lord” chegou ao primeiro lugar em quase todas as paradas do planeta e foi o single mais vendido no Reino Unido em 1971, ano em que chegou às lojas lá na Ilha do Norte. É, disparado, o maior hit da carreira solo de George.
“Toda vez que eu ligo o rádio, é ‘oh, my lord’! Estou começando a acreditar que deve mesmo existir um Deus!”, brincou John, na época.
Realmente, “My Sweet Lord” é quase a prova da materialização divina em forma de letra e melodia. O slide de guitarra – “o equivalente musical da assinatura do Zorro”, como escreveu Alan Clayson, em biografia de George -, o coral transcendental, um mantra bonito e sereno, a levada rítmica ascendente, o piano elétrico de fundo… Tudo, enfim, nos transporta ao espiritual.
Para tanto, George Harrison contou com uma boa “little help from his friends”! Um time com nada mais nada menos que Eric Clapton, Ringo Starr, Klaus Voorman, Billy Preston, além do pessoal do Badfinger. Na produção, Phil Spector. Aliás, o grande responsável pelo lançamento do single, ao convencer George de que seria importante jogar algum petisco para o público, antes de All Things Must Pass chegar às lojas.
Nem a polêmica sobre um suposto plágio, que chegou aos tribunais e se arrastou até meados dos anos 1980 (ver links abaixo), apaga o brilho e a beleza de uma canção com a marca do generoso George Harrison.
Seu primeiro álbum solo, um disco triplo, seria lançado quatro dias depois. “Foi como ir ao banheiro depois de uma prisão de ventre”, disse George, à época, definindo com extrema exatidão o descarrego sentimental e musical na produção do trabalho, após anos de inibição imposta pela dupla Lennon/McCartney.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
“My Sweet Lord”, no vinil:
Fonte:
efemérides do éfemello
e +MAIS:
NADA DO QUE FOI SERA,DE NOVO E DO JEITO QUE JA FOI UM DIA.