A história da menina que descobriu que era irmã de um Beatle
Em 1964, os Beatles se tornaram os artistas mais populares do planeta. Foi naquele ano que John Lennon soube, através de sua tia Harriet, que tinha uma meia-irmã que havia sido adotada por outra família.
Vinte anos antes, quando John tinha apenas 4 anos de idade, sua mãe Julia Stanley se envolveu com um soldado galês chamado Taffy Williams. Nesta época, o pai de John, Alfred “Freddie” Lennon, que trabalhava na marinha mercante, deixou de dar notícias e de enviar dinheiro à mulher e ao filho pequeno. Não se sabia nem se ele estava vivo. Julia engravidou do soldado Williams.
Pouco tempo depois, Freddie reapareceu e encontrou Julia grávida de seis semanas. Ela alegou que havia sido estuprada. Então, Lennon foi ao encontro do suposto homem que violentara sua mulher. O soldado confirmou o envolvimento com Julia, mas disse que foi uma relação consentida e que ele tinha intenções de casar com Julia e criar o filho que eles teriam. Curiosamente, Alfred aceitou a situação. Entretanto, Julia recusou seguir a vida com Williams, expulsando-o de sua casa quando Freddie o levou até lá para conversarem.
Alfred mostrou-se disposto a aceitar Julia de volta e cuidar da criança como se fosse sua. Foi então que Pop Stanley, o pai de Julia, entrou em cena. Descontente com as atitudes da filha e, possivelmente, temendo o falatório na vizinhança, insistiu que o bebê fosse entregue à adoção.
No dia 19 de junho de 1945, Julia deu à luz Victoria Elizabeth Lennon, batizando-a assim em homenagem às duas Rainhas mais poderosas da Inglaterra, e dando-lhe o sobrenome de Alfred. O bebê nasceu em uma maternidade do Exército da Salvação, em Elmswood, Liverpool. Seis semanas depois, a criança foi adotada por uma amiga de Julia chamada Margaret Pedersen, cujo marido, Peder Pedersen, era um marinheiro norueguês.
Pouco tempo depois, Freddie foi embora para a Nova Zelândia e Julia deixou o pequeno John aos cuidados da Tia Mimi. Julia se casou com o garçom John “Bobby” Dykins e teve duas filhas com ele, chamadas Julia e Jackie. A mãe de John entendeu que o casal Pedersen levara a pequena Victoria para a Noruega e nunca mais soube da filha.
John Lennon ficou extremamente emocionado quando soube da história. O beatle fez de tudo para encontrar a irmã perdida. Ele espalhou anúncios em jornais e contratou detetives para procurar a menina que já tinha 19 anos e não fazia ideia de que era irmã de uma das personalidades mais famosas do mundo. Entretanto, mesmo vasculhando toda a Noruega, todas as buscas foram em vão e John jamais conheceria Victoria.
Somente em agosto de 1998, a irmã perdida reapareceu e trouxe à tona os motivos pelos quais John Lennon não conseguiu encontrá-la. Primeiramente, Victoria Elizabeth foi rebatizada como Lillian Ingrid Maria Pedersen. Além disso, ela jamais morou na Noruega como acreditava-se, e sim, mais perto do que se imaginava, no número 86 da Northern Road, em Crosby, Liverpool. Ingrid procurou a imprensa e contou sua história logo após a morte de sua mãe adotiva. “Guardei este segredo por causa da minha mãe, mas agora que ela morreu quero encontrar minha verdadeira família”, disse.
Ingrid descobriu que era irmã de um dos Beatles somente em 1966, quando ela tinha 21 anos. A jovem mexia no guarda-roupas da mãe e encontrou uma caixa com documentos de família. “Quando ninguém estava por perto, eu abri tremendo”, contou Ingrid. “Encontrei um papel de adoção amarelado emitido pela Corte de Liverpool. Então vi meu nome completo Lillian Ingrid Maria Pedersen e minha data de nascimento. Acima, estavam os três nomes que eu procurava: Victoria Elizabeth Lennon – o nome com o qual eu nasci. O nome da minha verdadeira mãe também estava lá, Julia Lennon. Comecei a chorar”.
Trabalhando como enfermeira, Ingrid contou ao The Sun que, logo que soube que era irmã de John Lennon, passou a colecionar fotos e recortes do músico. Após a morte de sua mãe adotiva em 1998, Ingrid levou seu pai adotivo para a Noruega, de acordo com o desejo dele, enquanto ela teria se mudado para a França e resolveu se apresentar como a irmã perdida de John Lennon. “Agora, finalmente, posso admitir quem eu sou – a irmãzinha que John amava e nunca conseguiu encontrar”, declarou.
Ingrid lamentou o fato de não ter conhecido John Lennon pessoalmente. “Eu prometi a mim mesma que não o abordaria até que meus pais adotivos morressem”, disse Ingrid. “Mas antes que eu tivesse a chance de conhecê-lo e estabelecer qualquer tipo de relacionamento, ele foi assassinado. O que é igualmente triste é que John havia contratado detetives para me procurar, então, obviamente, ele sentiu que algo estava faltando em sua vida também”.
Ingrid Pedersen (algumas fontes citam como Pederson) foi recebida como membro da família Lennon por Cynthia, Julian, Yoko, Sean, Stanley Parker (primo de John) e as outras filhas de sua mãe biológica, Julia e Jackie. De fato, Yoko Ono convidou Ingrid para conhecer o apartamento de John no Dakota e a levou para um passeio por locais de Nova York que John gostava, como o Central Park. Ela também esteve em Mendips, a casa onde John cresceu em Liverpool, e conheceu vários parentes.
Ao todo, John Lennon teve cinco meio-irmãos. Além de Ingrid, que ele nunca conheceu, sua mãe Julia teve outras duas meninas: Julia Baird (nascida em 1947) e Jacqueline Dykins (nascida em 1949) com as quais John tinha um bom relacionamento e mantinha contato. Ambas viram os Beatles se apresentarem no Cavern Club diversas vezes. O pai de John, Alfred, tinha 56 anos quando se casou com Pauline Jones, de 19 anos. Juntos, eles tiveram dois filhos: David Henry Lennon (nascido em 1969), que John viu uma vez quando David era muito pequeno, e Robin Frances Lennon (nascido em 1973), que John não chegou a conhecer.
Yoko Ono e Ingrid Pedersen no Dakota, em Nova York
Ingrid visita o Memorial Strawberry Fields no Central Park
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