Segundo o próprio John Lennon, o seu número de sorte era o número nove. O status dado a este dígito em particular lhe veio primeiramente pelo acaso. Sim, acaso. Sistematicamente o número nove aparece em sua vida. Quando ele mesmo reparou isto, passou a usar o número com frequência em diversas ocasiões.
Um exemplo do acaso está no fato dele nascer no dia 9 de outubro. John conta que um dos seus desenhos de escola, quando tinha ainda onze anos, mostra um grupo de meninos jogando futebol. O rapaz no centro do desenho, de costas veste a camisa número nove. Lennon aponta este desenho como exemplo da fixação ainda inconsciente que ele já nutria pelo número. Este desenho faz parte de uma serie oferecida na capa original do álbum de 1974, Walls And Bridges. Entre as canções deste álbum, “#9 Dream” já exemplifica a opção consciente do número.
Outras canções mais antigas que carregam o número nove são “Revolution #9” e, a mais antigas de todas, “The One After 909”, que John escreveu no final da década de cinquenta na casa de seu avô, que por acaso morava em 9 Newcastle Road, Liverpool. Embora Lennon só fosse se interessar por numerologia depois de 1965, ele logo percebeu uma longa lista de fatos históricos pessoais ligados ao número. O ônibus que pegava para escola era o 72, números que somados dão nove; Brian Epstein foi ao Cavern Club pela primeira vez ouvir os Beatles no dia 9 de novembro (1961); o primeiro contrato dos Beatles com EMI foi confirmado no dia 9 de maio (1963); a grande apresentação no Ed Sullivan Show foi dia 9 de fevereiro (1964). Mesmo sem os Beatles, a primeira aparição de Lennon solo foi no programa cômico de Dudley Moore chamado Not Only But Also, que foi ao ar em 9 de janeiro (1964); John conheceu Yoko Ono no dia 9 de novembro (1966); a sociedade entre os Beatles acabava oficialmente no dia 9 de janeiro (1971); seu filho Sean Lennon nasceu no dia 9 de outubro de 1975 no Roosevelt Hospital que fica na Avenida 9.
Como podem ver, as coincidências persistem com Lennon e o número nove. Se quisermos ser mais obsessivos com o número, Lennon morava no edifício Dakota que fica na Rua 72. Somando os números, 7 + 2 = 9. Este foi inclusive o lugar onde John acabaria sendo assassinado. De fato, embora ele tenha sido declarado morto as 11:07 do dia oito de dezembro, em Liverpool onde ele nasceu, com um fuso horário de seis horas entre os Estados Unidos e a Inglaterra, já era manhã do dia nove. Concluindo o aspecto mais mórbido da questão, somando numericamente a hora da morte (11:07), o nove aparece novamente: 1 + 1 + 0 + 7 = 9.
Conversando sobre a sistemática reaparição do número nove em sua vida, Lennon disse certa vez que imaginava como provável morrer no nono dia do mês. Em 1966, ele chegou a predizer que ele morreria em um dia com o número nove entre seus dígitos (09, 19 ou 29) no mês de dezembro, tomando como base a morte de Jayne Mansfield, que ele conhecera em 1964. Foi Mansfield que primeiro despertou sua curiosidade para a numerologia e as coincidências de certos números com a vida particular de um indivíduo. Ela nascera em abril e morrera em junho, dois meses após seu aniversário em 1966.
Como Lennon mesmo diz na canção “Nobody Told Me”, “Strange days indeed. Most peculiar, mama”.
Sem falar que ele simpatisou por Paul por que PAUL nasceu no dia 18 (1+8=9) dos 6 (9 de cabeça para baixo)