“Sinto muito, mas aos 54 anos já respondi a estas perguntas um milhão de vezes. Você pode facilmente encontrar todas as informações no meu site pessoal. Não estou aqui para refletir sobre essas questões mais. Tenho uma vida cheia, produtiva, bonita. Vivo o aqui e agora. Não vivo do passado e nem quero revisitar o que já passou outra vez”.
Essa foi a resposta um tanto ríspida com a qual Julian Lennon respondeu a pergunta da jornalista Sofia Patsch sobre sua relação com seu pai, John Lennon, em entrevista publicada ontem no ESTADÃO. Leia a entrevista na íntegra:
Filho de John Lennon não quer mais saber de falar sobre o pai
Julian Lennon – filho mais velho de John Lennon com Cynthia Powell, sua primeira mulher – está no Brasil para abrir duas exposições fotográficas, hoje, na Leica Gallery, em Higienópolis. Além de músico, fotógrafo e produtor, Julian também apoia a filantropia. É fundador da White Feather Foundation, que luta por diversas causas, como levar água potável a regiões secas, proteção à cultura indígena, educação para as mulheres e preservação do meio ambiente. Por esse trabalho, ele será um dos homenageados do amfAR deste ano, que acontece amanhã, na casa de Dinho Diniz. Pelo modo como respondeu às perguntas da coluna, enviadas por e-mail, o fotógrafo deixou claro que é de poucas palavras. Questionado sobre a conturbada relação que teve com o pai, enquanto este era vivo, Julian deixou claro que isso faz parte de seu passado. “Sinto muito, mas aos 54 anos já respondi a estas perguntas um milhão de vezes. Você pode encontrar todas as informações sobre minha vida no meu site pessoal. Vivo o aqui e agora. Não vivo do passado e nem quero revisitar o que já passou”. A seguir, trechos a conversa.
Você é cantor, compositor, produtor, fotógrafo, filantropo e músico. Acha que a arte é algo hereditário? Acredito que todos nós somos artistas de alguma forma. A arte é algo que ajuda a nos encontrarmos. Acredito mesmo que ela nasce de nossos próprios desejos.
Como surgiu seu interesse pela fotografia? Ele veio através de um amigo que é um grande fotógrafo de celebridades, Timothy White. Ele viu minhas imagens e sugeriu que eu fizesse uma exposição. Passamos um ano editando as fotos e depois montei minha primeira mostra, que abri em Nova York, em 2010. O resto é História.
O que prefere hoje: fotografar ou cantar? Gosto de todos os aspectos criativos. Não acho que devemos escolher um específico.
Esta é a primeira vez que você visita o Brasil? Já estive aqui há alguns anos, acompanhando uma turnê da banda U2.
Gosta de música brasileira? Pelo pouco que sei, sim.
Além de estar aqui para suas exposições, amanhã você será um dos homenageados do amfAR. Como é essa sua ligação com filantropia e quais as causas que apoia? Tenho uma fundação, a White Feather, na qual nossa maior missão é a conservação da vida. Abraçamos questões ambientais e humanitárias em conjunto com parceiros de todo o mundo e ajudamos a angariar fundos para essas causas. Procuro maneiras de tornar o mundo mais sensível e equilibrado. Uma pena branca tem um grande significado para mim, então foi natural nomear a minha fundação com esse nome.
Mas quais são as causas que a fundação apoia? Ela foi concebida por muitas razões, mas o que mais me motivou foi o desejo de fazer o bem e dar de volta. No nosso site há uma longa lista de organizações nas quais a fundação acredita firmemente. É um pequeno passo para ajudar os outros e fazer a diferença.
Tem interesse em desenvolver um trabalho filantrópico no Brasil? Não há planos imediatos para isso, embora não signifique que não possa vir a acontecer em algum momento.
Você já deu inúmeras entrevistas sobre o relacionamento não tão amigável que mantinha com seu pai, John Lennon. Como foi crescer sendo filho de um beatle? Sinto muito, mas aos 54 anos já respondi a estas perguntas um milhão de vezes. Você pode facilmente encontrar todas as informações no meu site pessoal. Não estou aqui para refletir sobre essas questões mais. Tenho uma vida cheia, produtiva, bonita. Vivo o aqui e agora. Não vivo do passado e nem quero revisitar o que já passou outra vez. /SOFIA PATSCH
Tenho muito mais simpatia pelo Julian do que pelo Sean. Julian aparenta ser um cara simples e muito educado.
Quem seria se não fosse filho de John Lennon?
Mas deve ser realmente um saco responder às mesmas perguntas por 40 ou mais anos, ainda mais por não ter lembranças nada felizes daquele período e também em respeito à sua mãe, que comeu o pão que o diabo amassou nas mãos de John Lennon e faleceu recentemente.
O cara é um ser humano e quer fazer as coisas dele, viver a própria vida e as próprias realizações.
Compreensível sua relação com o assunto.