LONDRES (Reuters Life!) – O guitarrista dos Rolling Stones Keith Richards diz em sua nova autobiografia que Mick Jagger se tornou insuportável com o passar dos anos e revela que chama o autoritário vocalista da banda de “Vossa Majestade” ou “Brenda”.
O livro de memórias é repleto de referências a outras celebridades, desde Johnny Depp a John Lennon, mas é a dinâmica espinhosa entre Richards e Jagger que domina o volume de 527 páginas, que será publicado em fascículos no jornal The Times.
Richards também inclui algumas observações mordazes sobre John Lennon: “Johnny. Um tolo babaca, sob tantos aspectos”, escreve. “Acho que John nunca saía de minha casa, exceto em posição horizontal.” Ele descreve como encontrou Lennon deitado ao lado da privada, dizendo: “Não me movam – esses azulejos são lindos.”
Richards, de 66 anos, conheceu Mick Jagger aos 4 anos de idade. Ele diz que não põe os pés no camarim de Jagger há 20 anos. “Foi no início dos anos 1980 que Mick começou a ficar insuportável”, escreve Richards na autobiografia “Life”, que lhe valeu um adiantamento de 4,8 milhões de libras (7,7 milhões de dólares), após uma enorme briga de lances entre diferentes editoras.
Keith Richards e Mick Jagger foram dois dos membros fundadores dos Rolling Stones, em 1962, e compuseram os sucessos da banda, levando o grupo a ter vendas de mais de 200 milhões de álbuns em todo o mundo. “Às vezes penso: ‘sinto saudades de meu amigo'”, escreve Richards. “Me pergunto: ‘Para onde ele foi?'”.
Mas o guitarrista disse ao Times que seu colega de banda leu o livro e pediu que fosse tirada apenas uma coisa: uma referência ao fato de Jagger ter um treinador de voz. Richards se recusou, dizendo: “Estou tentando contar a verdade”.
Com relação a Jagger, ele acrescentou: “Já tivemos nossas desavenças, mas quem não tem? Você tenta manter uma coisa unida por 50 anos”, acrescentando que a banda estuda a possibilidade de sair em turnê outra vez. Acho que vai acontecer. Bati um papo com … Sua Majestade. Brenda.”
A turnê mais recente dos Stones terminou em agosto de 2007, provocando as especulações de praxe sobre a possibilidade de não haver outras futuras.
VIDA REPLETA DE GRANDES NOMES
Keith Richards fala com igual franqueza sobre outras celebridades. Ele conta que durante muito tempo não reconheceu Johnny Depp, mesmo depois de o ator indicado ao Oscar ter passado um tempo com seu filho por dois anos.
“Então, um dia, ele estava conosco no jantar, e eu disse ‘Epa! É o Mão de Tesoura!”.
Depp, que fez o papel-título no filme “Edward Mão de Tesoura”, de 1990, atribui a Keith Richards a inspiração para seu personagem Capitão Jack Sparrow nos filmes “Piratas do Caribe”, e os dois estão no momento rodando o quarto filme da série, em que Richards retoma seu papel de pai de Jack Sparrow.
O próprio Richards é célebre por seu apetite insaciável por drogas, embora tenha aberto mão da heroína em 1978, após a quinta vez em que foi preso por uso de drogas, e tenha parado de usar cocaína depois de uma queda em Fiji, em 2006, o ter obrigado a passar por uma cirurgia cerebral.
O guitarrista disse que não se arrepende de suas façanhas.
“Eu adorava uma boa ‘viagem’. E, se você continua acordado, você entende as canções que as outras pessoas deixam de curtir porque estão dormindo.”
Durante sua época de viciado, nos anos 1960 e 1970, ele passou uma década na “Lista de Pessoas Com Mais Chances de Morrer”.
“Bem, não estou colocando a morte em minha agenda”, disse ele ao Times. “Não quero encontrar meu velho amigo Lúcifer por enquanto.”
“Life” será lançado em 26 de outubro.
(Reportagem de Anna Yukhananov)
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