Curiosidades

Lennon & McCartney depois dos Beatles

A eterna parceria superou todos os problemas em nome da amizade

por Adailton Lacerda Leite

É claro que os Beatles não seriam o mesmo sem Ringo. Ele deu o toque final à personalidade da banda. George, além de ser a alma do grupo, teceu arranjos e solos para a maioria das músicas, além de também compor clássicos definitivamente eternos. Mas o mundo sempre irá falar sobre a dupla de compositores e amigos responsável pela grande maioria dos trabalhos da banda: John Lennon & Paul McCartney.

Desde que se conheceram em 1957 e sonhavam em ser maiores que Elvis Presley, John e Paul iniciaram uma parceria muito produtiva e perfeita. Eram os dois lados de uma moeda. Porém, 10 anos depois, a parceria já não era mais a mesma. A essa altura, já não compunham mais como antigamente quando sentavam um de frente para o outro com violões. Cada um trazia para o estúdio as músicas que escreviam individualmente e às vezes um dava os toques finais na idéia do outro.

Conforme iam crescendo, os interesses (dos quatro) tomavam rumos distintos, mas que ainda podiam se unir durante as gravações de um álbum. A amizade da dupla foi conseqüentemente afetada quando os primeiros sinais da separação começavam a aparecer.

É “chover no molhado” e ao mesmo tempo “perigoso” afirmar que Yoko Ono separou os Beatles (ou John e Paul), mas o fato é que em 1968 e 1969, a presença da artista japonesa incomodava os outros três Beatles. O próprio Lennon confessa que o “White Album” é bastante individual, ou seja, os Beatles não eram mais os mesmos. Lennon & McCartney apenas assinavam as músicas em conjunto e praticamente não criavam mais juntos.

Apesar de John se irritar com a suposta liderança de Paul, é notável que nos últimos tempos a maioria das idéias vinham de Paul, enquanto John parecia cada vez mais se importar apenas com sua própria vida (leia-se “John & Yoko”). Havia uma disputa entre os dois pelo lado A dos compactos. Ultimamente, Paul estava vencendo. Existe uma conversa gravada entre Paul e John em 1969 em que este diz: “Fico satisfeito em deixar ‘I Am The Walrus’ no lado B, mesmo sabendo que é muito melhor que ‘Hello Goodbye’“. Mas John se irritou mesmo quando sua “Revolution” perdeu o lado A para “Hey Jude” de Paul, considerada mais comercial.

A famosa idéia de Paul para que os Beatles voltassem às origens com o projeto “Get Back”, incluía até performances da banda em locais pequenos como o Cavern Club. John recusou a idéia de imediato (Paul realizaria isso mais tarde com o Wings). As gravações e filmagens do que viria a ser o disco/filme “Let it Be” retratam o clima descontente dos quatro Beatles.

Após gravarem mais um álbum, “Abbey Road”, o futuro da banda era incerto. Apesar do clima de separação e de todas as divergências em torno da Apple (e Allen Klein), parece que nem mesmo John tinha tanta certeza do fim do grupo. Em setembro ele oferece sua nova composição, “Cold Turkey”, para ser o próximo compacto dos Beatles. Paul não gostou. Então, John resolveu montar sua própria banda, a Plastic Ono Band (que incluía Eric Clapton e Ringo Starr) e gravar a música como um compacto solo.

Não satisfeito, John assinou “Cold Turkey” apenas com seu nome, quebrando o pacto informal que fez com Paul 12 anos antes, que consistia em os dois assinarem as composições mesmo que tivessem sido feitas individualmente (o primeiro compacto solo de John, “Give Peace a Chance”, lançado antes de “Abbey Road”, atribuía a canção a Lennon & McCartney).

John contou que procurou os outros Beatles para que se apresentassem no festival pela paz em Toronto em setembro de 1969. Não localizando nenhum deles, decidiu se apresentar com sua própria banda. No vôo para o Canadá, Lennon decidiu que iria deixar os Beatles.

 

A separação
Ainda em setembro de 1969, durante uma reunião na Apple, John interrompeu Paul para anunciar sua saída da banda. Klein convenceu John a não tornar a decisão pública alegando ser ruim para os negócios. Na época, John estava tentando largar a heroína, e havia um sentimento de todos de que ele poderia reconsiderar sua decisão quando estivesse totalmente livre da droga.

De fato, não se sabe ao certo se John ainda estava indeciso ou apenas queria disfarçar que os Beatles não existiam mais. Em entrevistas entre o final de 1969 e início de 1970, quando questionado sobre o fututo dos Beatles, John dizia coisas como “prefiro não fazer planos” e “não sei se quero isso de novo, vivo mudando de idéia”.

Paul chegou a ligar para George e John perguntando se os Beatles voltariam a se reunir. Resposta de George: “Não sei. Você falou com o John?”. Resposta de John: “Porra, de jeito nenhum”.

As gravações de “Let it Be” foram entregues a Phil Spector, cuja pós-produção irritou Paul profundamente. Principalmente com as alterações em sua “The Long and Widing Road”. Paul tentou impedir, mas quando viu que não tinha mais jeito, deixou vazar a notícia sobre o fim dos Beatles em abril de 1970, anunciando sua saída e o lançamento de seu primeiro álbum solo, gravado secretamente.

John ficou irritado por Paul ter anunciado sua saída da banda. Na verdade, John queria ter sido a pessoa a anunciar o fim do grupo. Ele chegou a dizer que foi um “tolo por não fazer o que Paul fez, ou seja, usar o fim dos Beatles para vender um disco”.

A partir daí, sucedeu uma guerra judicial em torno da dissolução oficial dos Beatles. Paul queria a independência, visto que, por contrato, todos os ganhos dos trabalhos individuais teriam que ser divididos igualmente entre os quatro ex-beatles.

 

Too Many People x How Do You Sleep
Em sua famosa entrevista à Rolling Stone em dezembro de 1970, John declarava que o sonho tinha acabado e fez duras críticas a Paul (e George). Ele aproveitou a oportunidade para definir sua imagem de “roqueiro rebelde” contando vários podres dos Beatles.

Porém, o auge da desavença entre Lennon e McCartney ocorreu em 1971 quando Paul lançou seu segundo álbum solo, “Ram”. A faixa de abertura, “Too Many People”, é repleta de referências a John e Yoko. Frases como “too many people preaching practices” (muitas pessoas pregando atitudes), “that was your first mistake, you took your lucky break and broken in two” (você dividiu seu dom em dois) e mesmo o “piece of cake” que pode ser entendido como “piss off cake” (vai se ferrar), não passaram despercebidos por John, que ficou magoado com o recado.

Outras faixas de “Ram” traziam indiretas a John (e também a George e Ringo) como “3 Legs” e “Smile Away”. O clima era dos piores devido às batalhas judiciais e as idas e vindas de Paul aos tribunais para tentar desmascarar Allen Klein.

Obviamente, John trataria de responder a Paul em seu próximo disco. E como não poderia deixar de ser, não usou recados indiretos, mas sim, frases diretíssimas e amargas contra o ex-parceiro. A idéia e a primeira parte de “How Do You Sleep” é obra de John, mas o restante foi basicamente escrito por Yoko e Allen Klein.

John não poupou o ex-parceiro e desferiu frases como “those freaks was right when they said you was dead” (aqueles loucos tinham razão quando diziam que você estava morto) e “the only thing you’ve done was ‘Yesterday’, and since you’ve gone you’re just ‘Another Day’” (a única coisa que você fez foi Yesterday, e desde que você se foi é apenas Another Day).

Consta que Ringo visitou John durante o processo de composição de “How Do You Sleep”. A música era composta enquanto era ensaida. A cada nova frase que surgia, John e Yoko se divertiam muito enquanto os músicos se irritavam calados. Mas a certa altura, Ringo interferiu dizendo: “Já chega, John, você sabe que isso é um pouco demais”.

Vários dos versos originais foram cortados. Havia um sobre Paul cantar imitando Little Richard. Allen Klein contou que após o verso sobre “Yesterday”, John pretendia cantar “you probably pinched that bitch anyway” (e mesmo esta você deve ter plagiado). Phil Spector, que co-produzia o álbum “Imagine” e George Harrison que tocou guitarra em “How Do You Sleep” (e em outras faixas do álbum), não pareceram se importar com a letra. O fato é que a música deixou Paul magoado.

John se arrependeu (em termos) de ter composto a música. Justificou que estava usando seu ressentimento em relação a Paul na hora de escrever. Ele lamentou a canção em entrevista contida no filme/documentário “Imagine” de 1988 onde diz que a música acabou sendo sobre ele próprio, assim como “Steel And Glass” que seria para Allen Klein.

Durante sua participação de 5 dias no programa The Mike Douglas Show no início de 1972, John contou que os músicos que o acompanhavam no programa sugeriram que tocassem “How Do You Sleep” ao vivo, mas ele preferiu não fazê-lo por causa das referências a Paul. Mas John comenta que a letra é uma resposta e que se trata de uma bela música.

Ainda no The Mike Douglas Show (disponível em DVD duplo), John afirma que os Beatles não se odeiam. “O problema é quando entram os advogados e a coisa sai nos jornais”, diz. Curiosamente ele conta que falava com Paul uma vez por semana. Ele fala da parceria entre os dois e que Paul só não é seu melhor amigo porque não o vê tanto quanto antigamente.

Paul ainda tratou de compor uma resposta a “How Do You Sleep”, a faixa “Some People Never Know” do primeiro álbum do Wings, “Wild Life”. Apesar das “cutucadas” em frases como “some people can sleep at nightime believing that love is a lie” (algumas pessoas dormem à noite acreditando que o amor é uma mentira), ele parece querer fazer as pazes com John: “I’m only a person like you…but who in this world can be right all the right time?” (sou só uma pessoa como você…mas quem neste mundo pode estar certo o tempo todo?).

 

Reaproximação
Depois de muito tempo e muita dor de cabeça, Paul conseguiu nos tribunais a dissolução oficial dos Beatles e os ganhos independentes para cada um. Ao mesmo tempo, conseguiu desmascarar Allen Klein diante dos outros ex-companheiros. Klein desviava dinheiro da Apple. Paul nunca confiou nele (“You Never Give Me Your Money”). John, George e Ringo ainda trabalhavam com Klein nos primeiros anos após a separação, e o empresário seguia com atitudes nada amigáveis para com eles a fim de aumentar suas contas bancárias, chegando até mesmo a desviar dinheiro da comercialização de cópias promocionais do álbum “Concert For Bangladesh”. Dinheiro que deveria ir para a UNICEF, de acordo com as intenções de George.

De fato, após toda essa luta judicial em que os Beatles tiveram que processar uns aos outros, e sendo Paul o único a ir às audiências e conseguir o que seria o melhor para os quatro, uma reaproximação entre os ex-parceiros ficava mais fácil. George chegou a encontrar Paul e agradecer meio sem jeito por Paul ter livrado todos de Klein.

Somente em 1973, quando Allen Klein criticou Yoko é que esta se voltou contra ele, o que fez com que John o dispensasse. Muitos acreditam que a faixa “I Know (I Know)” de John, gravada no álbum “Mind Games”, é um pedido de desculpas a Paul sobre o caso Klein. Pouco depois, John e Yoko se separaram, e o ex-beatle foi morar em Los Angeles com seus amigos músicos e também recém-solteiros Harry Nilson, Keith Moon (baterista do The Who) e o velho Ringo.

Obviamente, sem Yoko por perto, era muito mais fácil para John e Paul se reaproximarem. Antes da famosa visita de Paul ao novo lar de John em Los Angeles, Yoko foi até a casa dos McCartneys contar que John havia ido embora com a secretária May Pang. Paul disse a Yoko que estava indo para Los Angeles e perguntou se ela queria mandar algum recado para John. Yoko disse que queria que o marido voltasse para Nova York, mas que teria que cortejá-la e reconquistá-la para que pudessem reatar.

Paul foi até o estúdio onde John trabalhava na produção do álbum “Pussy Cats” de Harry Nilson, mas não ficou lá por muito tempo. No dia seguinte, Paul foi até a casa de John para conversarem melhor. À tarde, John acordou e foi cumprimentar o velho amigo. Paul contou a história de Yoko e John acabou fazendo como ela queria.

O reencontro de Lennon e McCartney não serviu só para o recado de Yoko. Passaram o dia todo juntos, conversando e tocando. Existe um CD pirata com essa jam session. A qualidade não é das melhores, mas o registro é inegavelmente histórico. Há uma famosa foto em que John e Paul estão sentados num sofá tendo Keith Moon entre eles. Harry Nilson contou que os dois se comportaram como velhos amigos, ou seja, apesar de tudo, a amizade que começou na adolescência em Liverpool prevalecia.

 

Reunião?
Os boatos sobre uma reunião dos Beatles eram uma constante durante os anos 70, e nenhum deles escapava desse assunto durante as entrevistas. John disse em 1973 a seu amigo e repórter Elliot Mintz que gostaria que a tal reunião acontecesse.

De fato, John chegou a telefonar para Paul para tentar trazer os Beatles de volta. O próprio Macca revelou isso em entrevista concedida em 1995. John perguntou: “O que você acha dos Beatles voltarem?”, e Paul respondeu: “Olha, o que eu acho é que vamos ficar juntos por uns três dias e depois separar de novo, talvez seja melhor deixar como está”.

Recentemente, May Pang afirmou que John desejava muito reativar a parceria com Paul e que isso só não ocorreu porque John voltou a morar com Yoko e após conseguir seu visto de permanência nos EUA e após o nascimento de Sean, decidiu abandonar o mundo da música.

 

Amizade renovada
Entretanto, o período de 5 anos de reclusão de John foi benéfico para sua amizade com Paul. Talvez não existisse o mesmo grau de intimidade entre os dois como antes, mas Paul e Linda visitaram John e Yoko no Dakota diversas vezes. Nunca falavam sobre negócios, ou coisas do tipo. Preferiam conversar sobre suas vidas atuais, suas respectivas famílias, ou como Paul gosta de definir, sobre “pães, gatos e bebês”.

John, com seu humor e sarcasmo típicos, disse em entrevista: “Paul me visita sempre que está em Nova York, assim como todos os outros puxa-sacos do rock…eu o vejo sempre que está na cidade…simplesmente ficamos sentados sem fazer nada. Bebemos até ficarmos meio de porre e relembramos velhas histórias”.

Em maio de 1976, as ofertas para uma única reunião dos Beatles eram uma constante (haviam até boatos de que se reuniriam durante a turnê do Wings pelos EUA). A piada do dia do programa Saturday Night Live, que misturava música ao vivo e quadros de humor, era a seguinte: O produtor do programa, Lorne Michaels, aparecia dizendo que poderia oferecer a “tentadora” quantia de 3 mil dólares para os Beatles se apresentarem em seu programa. Acontece que John e Paul estavam juntos no Dakota assistindo ao programa e se divertiram com aquilo. John disse a Paul: “A NBC é aqui perto, podíamos aparecer lá”. Paul até se entusiasmou a entrar na brincadeira, mas os dois resolveram não ir porque, segundo John, estavam cansados.

De acordo com John, essa foi a última vez que eles se encontraram. Entre 1977 e 1980, John, Yoko e Sean dividiam a vida no Dakota com viagens à Grécia, Bermudas e Japão. Somente no segundo semestre de 1980 John voltou à ativa gravando novamente e dando entrevistas. Numa delas, ele comentou o derradeiro encontro com Paul: “Era uma época em que Paul vivia aparecendo lá em casa com um violão. Eu o deixava entrar, mas um dia acabei dizendo (pelo interfone): ‘Desculpe, mas você não pode subir agora. Por favor, telefone antes de vir. Não estamos mais em 1956. Hoje a gente não fica aparecendo de repente na casa dos outros. Basta telefonar antes’. Ele ficou irritado, mas não disse por mal. Só queria dizer que estava cuidado de um bebê o dia todo”.

Em outra entrevista, em 1980, John disse que gostou muito do novo compacto de Paul, “Coming Up”. Mas enjoou tanto de ouvir que acabou escrevendo uma resposta, a canção “I Don’t Wanna Face it”, lançada somente em 1983 no álbum póstumo “Milk And Honey”. Há também a suposta influência de Yoko na prisão de Paul por posse de maconha em 1980 no Japão.

Apesar desses episódios, Paul se orgulha muito de ter reatado a amizade com John. Paul tinha filhos pequenos e dava conselhos a John que havia acabado de ser pai (visto que ele não participou muito na criação de seu primeiro filho, Julian). É essa a lembrança mais doce que Paul tem de John. Essa última fase da amizade. Dois velhos amigos que tocavam juntos na juventude e conversavam sobre como criar filhos.

 

O fim
Na última entrevista de John, em 8 de dezembro de 1980, ele reclamou de como Paul, George e Ringo tratavam Yoko na época dos Beatles. “Não posso perdoá-los pelo que fizeram à Yoko, mas também não consigo deixar de amá-los”.

Na manhã de 9 de dezembro de 1980, Paul acordou com a notícia do assassinato de John. Seu empresário na época, Steven Shrimpton telefonou informando a tragédia. Paul declarou que este foi “o maior de todos os choques”. Contou que ficou perplexo o dia todo e depois que voltou do estúdio para casa à noite, chorou muito e xingou o assassino de “o maior dos babacas” (o que se transformaria depois em um poema de ódio contra um monstro assassino).

É notório que até hoje o assassinato de John deixa Paul extremamente incomodado e emocionado. Desde 2002 ele tem tocado ao vivo a canção “Here Today” composta em homenagem a John em 1982 e muitas vezes sua interpretação é carregada de emoção, ficando difícil segurar o choro.

Lennon & McCartney “trabalharam juntos” por mais uma vez. Em meados dos anos 90, o projeto “Anthology” surgiu como o registro definitivo História dos Beatles contadas pelos próprios. Duas novas canções foram lançadas: “Free As A Bird” e “Real Love”. Gravações inéditas de John que receberam o acréscimo de vozes e instrumentos de Paul, George e Ringo. E no caso de “Free As a Bird”, Paul (com ajuda de George) preencheu o restante da letra deixada incompleta por John. Após o resultado, Paul afirmou se sentir seguro em dizer que se tratava de mais um original de “Lennon & McCartney”. E mais uma pode estar por vir: “Now And Then”.

 

Eternamente
Mais do que a parceria mais influente e bem sucedida do século XX (e por que não dos séculos anteriores e dos séculos ainda por vir?). John Lennon e Paul McCartney foram amigos, companheiros e parceiros de vida. O legado deixado pelos dois é absolutamente eterno. É muito provável que o tempo passe e continue havendo sempre muitas pessoas ao redor do mundo ouvindo, lendo e escrevendo à respeito, aprendendo a tocar músicas belíssimas que trazem abaixo do título a marca “Lennon/McCartney”. Eternamente.

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José Carlos Almeida

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