Um dos mitos mais adorados do século 20 foi o grupo inglês The Beatles e, naturalmente, cada um de seus integrantes. Dentre eles, destaca-se a figura simbólica de John Lennon.
O músico possui diversas facetas. Desde as mais óbvias, como as do garoto sonhador e talentoso de Liverpool, até as mais complexas, que vêm à tona quando Lennon decide dar um novo rumo à sua vida, passando algum tempo em Nova York.
Sometime in New York City
O livro do jornalista americano James A. Mitchell, John Lennon em Nova York – Os Anos de Revolução, publicado no Brasil pela editora Valentina, fala sobre este episódio da vida dele e como suas decisões e ações contribuíram para a perpetuação da nova imagem do antigo ex-beatle.
Dividido em sete capítulos mais um posfácio que contam, não de forma cronológica, a saga do músico inglês nos EUA, o livro foi dedicado ao finado Wayne Tex Gabriel, guitarrista da banda americana de Lennon, a Elephants Memory.
“Meu passo inicial para escrever este livro foi através de uma entrevista anterior que fiz com Wayne Gabriel a respeito de suas curiosas aventuras com Lennon – que eu julguei ser uma história não muito conhecida pelos fãs dos Beatles de hoje em dia”, explica Mitchell, que já escreveu biografias como a do músico americano Mitch Ryder.
O livro de James A. Mitchell, que é biográfico, mas principalmente jornalístico, mostra como John Lennon se voltou contra o conservadorismo e sofreu uma abusiva perseguição do governo do então presidente estadunidense Richard Nixon.
“A luta de Lennon foi apenas um de vários abusos na administração de Nixon”, pontua Mitchell, que disse estar sempre ao lado da liberdade de expressão e de quem protesta pacificamente – o que era o caso de John Lennon.
O início
Tudo começa quando o ex-beatle se engaja na libertação do ativista radical John Sinclair, que fora condenado a dez anos de prisão por porte de dois baseados de maconha. Entre idas e vindas com os chamados yippies, provenientes do YIP (Youth Internacional Party), partido fundado por Abbie Hoffman e Jerry Rubin ou como eram conhecidos os hippies engajados politicamente, Lennon consegue fazer um show em 1971 com direito a uma música de sua autoria dedicada a Sinclair, que entoava “let him be, set him free”.
Dois dias depois, dado o apelo midiático do rock star, Sinclair foi libertado. “Ele [Sinclair] foi preso pelo que fez ou por representar a todos?”, questionou o ex-beatle referindo-se à evidente perseguição política do governo para com a juventude revolucionária da época.
The Band of Love
A Elephant’s Memory era formada por Stan Bronstein, Rick Frank, Gary Van Scyoc, Adam Ippolito, Michal Shapiro e Wayne Tex Gabriel. Os elefantes eram considerados uma banda da cena do underground nova-iorquino e passaram por algumas transformações até encontrarem o leão-marinho e sua Apple Records.
“A Elephants Memory passou muito tempo com Lennon e trouxe perspectivas bastante interessantes nesta saga”, opina Mitchell sobre a banda que acompanhou Lennon em uma fase na qual o cantor procurava construir algo diferente daquilo que já havia produzido.
Problemas
Apesar de terem uma nítida conexão quando tocavam juntos, John e os Elefantes não duraram, devido a diversas problemáticas, como a questão da imigração do músico – que era torturado continuamente pela espera de uma resposta definitiva do governo dos EUA.
Enquanto não tivesse seu passaporte ajustado pelas autoridades locais, Lennon estava incapacitado de produzir algo musicalmente sério. Para se ter ideia, o máximo que o astro conseguiu foi fazer um show para caridade no Madison Square Garden de Nova York, em 1972.
A parceria entre os elefantes e o leão-marinho durou o ano de 1972 inteiro e um álbum: Sometime in New York City que, infeliz e injustamente, não agradou à crítica da época. “Da próxima a gente acerta”, disse Lennon em 1973, que sempre esperou por dias melhores.
Fonte: A Tarde
Comente