Um pedaço de uma folha de papel na qual John Lennon escreveu a letra de “A Day in the Life”, a famosa e censurada canção dos Beatles que foi incluída pela revista “Rolling Stone” entre as melhores músicas da história, foi vendido hoje por US$ 1,2 milhão em um leilão em Nova York.
O manuscrito foi comprado por um americano, que se comprometeu a pagar US$ 1.202.500 pela raridade em um leilão organizado pela Sotheby’s, no qual também foi vendido por US$ 218.500 um conjunto de cartas do pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967).
O milionário pedaço de folha de papel documenta a evolução de uma das canções mais famosas dos Beatles, da ideia original até a versão definitiva para sua gravação no estúdio.
“A Day in the Life” é a última faixa do lendário álbum dos Beatles “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, que liderou durante 27 semanas as listas de sucessos no Reino Unido e se manteve durante 15 como número um no ranking americano Billboard 200.
O manuscrito, que foi avaliado em entre US$ 500 mil e US$ 700 mil, foi durante algum tempo propriedade de Mal Evans, agente responsável pelas turnês dos Beatles.
Evans participou do processo de gravação da música, desde marcando os compassos em voz alta, até fazendo soar o despertador que pode ser escutado em seu início.
Para compor a canção, Lennon se inspirou na morte, em um acidente de trânsito, do irlandês Tara Browne, herdeiro do grupo Guinness e amigo do vocalista e de Paul McCartney.
Supostamente, a frase “he blew his mind out in a car” da canção refere-se às circunstâncias da morte de Browne.
Essa é a versão que Lennon e McCartney sempre defenderam, mas também se especulou muito sobre uma possível alusão ao consumo de drogas.
As mesmas alusões também são atribuídas a outros versos da canção, como o que diz “found my way upstairs and had a smoke / and somebody spoke and I went into a dream” (“me encontrei subindo as escadas e fumei / e alguém falou e eu entrei em um sonho”).
“A Day in the Life” gerou controvérsias desde seu lançamento, no dia 1º de junho de 1967, já que a “BBC” a censurou no mesmo dia.
Assim, se tornou a primeira canção a ser censurada na história da rádio britânica e chegou a não ser incluída no disco quando ele começou a ser vendido em alguns países asiáticos.
O profundo sentimento atribuído à letra da música, junto a sua bela melodia e o uso de instrumentos clássicos, dão à composição de quatro minutos e 45 segundos uma maturidade que a distingue de outras anteriores do quarteto de Liverpool.
Há seis anos a revista “Rolling Stone” incluiu o tema no posto número 26 de seu ranking das 500 melhores músicas da história.
Junto ao manuscrito de Lennon, que fazia parte do lote mais caro do leilão, também se destacou uma coleção de cartas escritas e enviadas pelo pintor surrealista René Magritte a seu amigo, o poeta Paul Colinet (1898-1957), que tinha sido avaliada em entre US$ 200 mil e US$ 400 mil.
O mais interessante das cartas, que foram vendidas por US$ 218.500, é que muitas delas incluíam desenhos e rascunhos de Magritte, que mostrava a seu amigo como seria uma de suas obras, para que ele o ajudasse com os títulos.
O artista belga é um dos mais reconhecidos do século XX, em parte por suas características imagens surrealistas que se transformaram em ícones e inspiração da arte pop e conceitual.
Seus característicos chapéus arredondados, maçãs verdes, nuvens brancas e homens de pretos serviram de inspiração para diferentes áreas, desde a capa de um disco dos Rolling Stones e um videoclipe do Oasis, até canções de Paul Simon. EFE