Por José Carlos Almeida
Como um legítimo “calouro” na vida beatlemaníaca de São Paulo, algumas coisas eu ainda acho meio esquisitas nos shows daqui. Acostumado que estou com a vibração das bandas que tocam em Belo Horizonte (onde as pessoas cantam, gritam, dançam, choram, suam e bebem sempre em pé, geralmente segurando alguma garrafa, como num jogo de final de campeonato), na capital paulista o ambiente parece um pouco morno, contido, mais cerebral, talvez. Mas em se tratando de Beatles, o que conta mesmo é a música. E nisso as bandas daqui são muito boas. A Beatles 4ever é uma das mais antigas e tradicionais cover do Brasil, tem um público fiel e faz um espetáculo bastante competente, no estilo teatral – com perucas, figurinos e até diálogos e brincadeiras típicas do humor inglês.
Nesta apresentação do Teatro Italia, um espaço lindo e muito confortável por sinal, o som estava perfeito: alto e de qualidade. O espetáculo da Beatles 4ever é bastante sofisticado, com projeções de vídeos e o uso de samplers (sons pré-gravados reproduzindo orquestras, efeitos e teclados usados nas gravações originais). Nos intervalos para a troca de figurino, sempre rola alguns clipes bacanas projetados ao fundo. Sem falar naquele desfile de instrumentos incríveis.
Musicalmente, fazem aquela linha de tentar reproduzir detalhes de arranjos igualzinho aos que ouvimos nos discos. Se por um lado é interessante, por outro tira um pouco da energia dos Beatles ao vivo, já que eles, os originais, sempre faziam apresentações energéticas e com as músicas em compasso um pouco mais acelerado. Por isso mesmo, é na segunda parte do show, aquela que abrange o ano de 1967 (Sgt Pepper e Magical Mystery Tour) que a banda se dá melhor. Em faixas como “Lucy In The Sky With Diamonds”, “A Day In The Life” e “Magical Mystery Tour” a platéia realmente viaja e nesses momentos os aplausos são mais entusiásticos. Com um toque de bom gosto, eles não só utilizam o figurino de Sgt Pepper (azul, verde, rosa e vermelho), como também reproduzem aquelas roupas de bruxos do filme Magical Mystery Tour – algo agradavelmente inusitado. Na última parte, assumem um visual misto (Abbey Road/Mad Day Out) e o destaque musical fica por conta de “Something”, “Golden Slumbers/The End” e “Hey Jude”.
Uma observação interessante: aquela que um dia já foi uma banda centrada no “George Harrison” (época do saudoso Marcus Rampazzo), hoje tem a participação dos músicos mais distribuída entre os quatro, com um certo destaque para o Paul McCartney e, claro, o Ringo Starr (Ricardo Felício, que além de cantar algumas músicas, faz a apresentação e um resumo histórico das atividades da Beatles 4ever).
Semana que vem tem mais… e a Beatles 4ever promete várias surpresas. Quais serão elas? Estaremos lá pra conferir.
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