Por Claudio Teran (Jornalista)
eccTarefa espinhosa taí. Escolher um – entre tantos bootlegs – o favorito. Comecei a comprar no final dos anos 70, e junto ao Mallagoli como tantos de nós, colecionadores.
Os discos saíam em vinil – eram raros e caros. Naquela época (1978/79) uma coleção beatle era medida pelo número de raridades em nível de pirataria. Hoje ainda é assim, porém o advento do CD, e sobretudo do CDR mudou as coisas. Ficou mais fácil ter acesso aos bootlegs. E também ficou banal, ou quase. Hoje, como naquele tempo, não basta ter dinheiro para investir em pirataria. É necessário conhecimento para saber discernir o item de coleção, da propaganda enganosa. Não adianta agregar pirataria à coleção quando não se conhece sequer tudo o que saiu oficialmente.
Meu bootleg preferido é o Decca Tapes. Não foi o primeiro pirata lançado mas é provável que seja o mais importante de todos pelo que representa. Trata-se de uma preciosidade que registra um projeto fechado – a tentativa, frustrada, de obter um contrato para a banda junto a uma gravadora. Houve sessão formal de gravação, e aquele teste para a Decca Records (onde os Beatles foram reprovados) mudou a história. O disco é um documento histórico que merecia lançamento oficial, dada sua importância. Ali estão os Beatles que Brian Epstein conheceu no Cavern Club. Os Beatles com Pete Best na bateria. Os Beatles que tinham coragem, já naquele tempo, de impor suas inocentes composições próprias como “Love of the Loved”, “Like Dreamers Do” e “Hello Little Girl”, a um mercado que preferia ouvi-los interpretando material dos outros como “Sheik of Araby”, “Sure to Fall”, ou “To Know Her is to Love Her”.
Então entre todos é meu favorito. Detalhe: o vinil, com sua impressionante capa, ainda é um dos xodós da minha coleção, embora para escutar eu me sirva da edição em CD lançada pela Yellow Dog.
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