Nas duas vezes em que chegou ao estádio do Morumbi para os shows em SP, no último domingo (21) e segunda (22), Paul McCartney emocionou os fãs ao abrir a porta do carro e colocar meio corpo para fora, para saudar quem o esperava. Mas para o motorista Vlamir Antequera esses foram os únicos momentos de absoluta tensão nos três dias em que atendeu o cantor. “Já pensou se ele cai, se acontece alguma coisa?”, comenta. No mais, Vlamir diz que apenas coleciona bons momentos ao lado de Paul.
“Ele foi muito simpático, puxava conversa comigo”, conta o motorista, que diz falar inglês “relativamente bem”. Isso porque as primeiras instruções que Vlamir recebeu foram as de nem olhar, quanto mais falar com o cantor. “Ele quebrou todo esse protocolo. Na despedida, veio até minha janela, pediu para que eu descesse do carro e me abraçou. Eu dei um beijo nele.”
Além do motorista-admirador, o dono do veículo que transportou o cantor em SP também é um fã, o presidente da Audi do Brasil, Paulo Kakinoff. Foi ideia do próprio executivo ceder seu carro particular, um Q7, vendido no país a partir de R$ 278 mil. “Como sou superfã do Paul, queria fazer um pedido [à produção] e pensei: será que ele não gostaria de ficar com o meu carro?”, conta Kakinoff. “O Paul topou na hora. Foi um favor que ele fez para mim.”
Antes de a unidade ser cedida, os produtores foram checar o SUV equipado com TV, DVD e 18 alto-falantes, para saber se o modelo atendia às necessidades e ao gosto do artista. O motorista, Vlamir, também foi avaliado pela produção de McCartney um mês antes de o cantor vir ao Brasil. Quando soube que iria dirigir para o próprio Paul, Vlamir disse que guardou segredo até de sua mulher. “Fiquei na angústia, pensando se aconteceria mesmo.”
O motorista buscou Paul no Aeroporto de Guarulhos no sábado (20) de manhã, quando o ex-beatle chegou a São Paulo, e o atendeu até a segunda-feira (23), quando ele saiu do Morumbi direto para o aeroporto, para deixar o Brasil. Detalhe: na volta dos shows, Paul fazia questão de ir no ônibus junto com a banda. Na segunda-feira, saiu do ônibus no meio do trajeto para pegar o carro e seguir para o aeroporto.
Passeio de bicicleta acabou mais cedo
Foi Vlamir quem levou Paul e a namorada dele, Nancy, ainda na manhã de sábado, para o passeio de bicicleta que surpreendeu quem estava no Parque do Povo, na Zona Sul de SP. “Antes demos uma volta no local, eu e o segurança. Depois voltei ao hotel e os levei para o parque em uma van, com as quatro bicicletas: as do casal e as de dois seguranças”, conta. Quando Paul começou a ser assediado no local, o grupo decidiu partir. “Fomos embora rapidinho, sem as bicicletas, que ficaram lá no parque com um dos seguranças”. Mas Paul, diz o motorista, em nenhum momento reclamou: “Ele só elogiou o parque”.
Segundo Vlamir, o cantor também ficou impressionado com a região do entorno do estádio do Morumbi. “Perguntou se era a mais nobre de São Paulo”, diz. Na Marginal Tietê, Paul também teria reparado na poluição do rio. “Ele comentou com a namorada.”
A simpatia do artista fez Vlamir até ‘mudar’ de nome. Para Paul, ele era Vladimir. “Paul perguntou o meu nome logo que entrou no carro, ao chegar. Achei que Vladimir seria mais fácil para ele falar, lembrei do Vladimir Putin [primeiro-ministro da Rússia]. Ele perguntou se eu era russo”, comenta, rindo. Na ida para os shows, Vlamir conta que o cantor lhe perguntou sobre a pronúncia de algumas palavras em português que falou durante as apresentações. No carro, ele era o único brasileiro. A seu lado, sentava-se um segurança. No banco de trás, Paul e Nancy. “Ele me perguntou como se falava ‘paulista’ e ‘chuva’, por exemplo”.
O motorista conta que Paul ainda perguntou para que outro famoso ele já havia dirigido. “Respondi que pra nenhum. E disse que, depois dele, não iria querer fazer isso para mais ninguém”.
Fonte: G1
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