No dia 9 de fevereiro de 1967, um homem cabeludo e de barbas longas bateu à porta da casa de Paul McCartney na Cavendish Avenue. “Eu sempre atendia todo mundo”, lembrou o beatle na biografia Many Years From Now.
A curiosa figura se identificou como Jesus Cristo e pediu para entrar. Paul conta que pensou: “Provavelmente não é ele, mas, se for, não serei eu a mandá-lo embora”, e resolveu receber o homem em sua casa. De acordo com McCartney, eles ficaram conversando por algum tempo. Naquela época, o mundo havia despertado para uma era mais imaginativa e livre. Não era incomum andar no centro de Londres e encontrar pessoas vestidas em trajes de Napoleão.
Naquele dia, uma quinta-feira, os Beatles tinham uma sessão agendada no Regent Sound Studios, em Londres, para a gravação da faixa “Fixing A Hole”, uma vez que o estúdio Abbey Road não estava disponível. Paul disse ao suposto Jesus: “Preciso ir à uma gravação, mas se você prometer ficar sentado e bem quieto num canto, poderá vir comigo”. O homem aceitou.
O sujeito entrou mudo no estúdio, assistiu ao trabalho dos Beatles na canção, e saiu calado conforme combinado. Quando ele se foi, Ringo perguntou quem era. Paul respondeu: “Ele disse que era Jesus”. Todos caíram na gargalhada, incluindo Paul que ainda insistia: “Podia ser, podia ser”.
Sobre “Fixing A Hole”, durante muito tempo, a música foi interpretada erroneamente como uma referência à heroína (uma droga injetável). Depois de Paul negar a versão, surgiu outra interpretação equivocada: a de que a letra tratava da reforma que o próprio McCartney fez em sua casa na fazenda localizada na Escócia. O fato é que esta reforma só aconteceria alguns anos mais tarde.
Paul McCartney confessou que a faixa era sobre a maconha e as viagens psicodélicas promovidas pelo contexto daquela época. Uma época de paz, amor e Sgt. Pepper. Uma época em que você podia cruzar na rua com Napoleão ou com Jesus Cristo.
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