BAND ON THE RUN (Dezembro de 1973) – Relançado em versão remaster, Band On The Run exala vitalidade até os dias de hoje. Clássicos como a faixa-título, “Let Me Roll It”, “Jet”, “Mrs Vandebilt” e “Nineteen Hundred And Eighty Five” integram o set-list atual dos shows de McCartney. Mas as restantes “Picasso’s Last Words”, “Mamunia”, “Bluebird” e “No Words” nada ficam a dever neste trabalho que nasceu em meio a uma crise. Quinto álbum de Macca pós-Beatles, o então frontman dos Wings viu sua banda perder dois membros, quando o baterista Denny Seiwell e o guitarrista Henry McCullough abandonaram a banda às vésperas da viagem para Lagos, na Nigéria, onde o disco seria gravado. Reduzidos a um trio, Paul, Linda McCartney e Denny Laine produziram sua obra-prima. Essencial não só para fãs do Macca, Band On The Run é obrigatório na discoteca de qualquer apreciador de boa música.
RAM (Maio de 1971) – Segundo trabalho solo de Paul McCartney (embora creditado a ele e Linda), RAM foi gravado em Nova York, para onde Paul rumou em busca de novos ares, após o período de depressão ao qual passou após o fim dos Beatles. Grande parte de suas músicas foram compostas na Escócia durante este período difícil, regado a muito whisky e maconha.Talvez por isso mesmo este seja um dos trabalhos mais belos de Paul, com melodias comoventes em “The Back Seat Of My Car”, “Uncle Albert/Admiral Halsey”, “Heart Of The Country”, “Long Haired Lady” e em “Ram On”. A majestosa “Dear Boy” guarda a polêmica de ser dirigida a John Lennon, fato que o ex-parceiro de Paul não gostou nem um pouco, dando o troco na direta “How Do You Sleep”, do álbum “Imagine”.
TUG OF WAR (Abril de 1982) – Tug Of War é um dos discos mais importantes de Paul McCartney por uma série de fatores. Primeiro por marcar o retorno da parceria com Sir George Martin na produção. Segundo, por trazer convidados de peso, como Stevie Wonder, Carl Perkins e Ringo Starr. Terceiro por ser o primeiro trabalho de Macca após o assassinato de John Lennon, em 1980. A tristeza pela perda do amigo pode ser sentida nos versos da tocante “Here Today”, música que integra o repertório atual de seus shows e que é uma das coisas mais bonitas que ele já fez na carreira. O quarto fator que eleva a importância deste disco é que todas as faixas são de uma qualidade extrema. Desde a belíssima faixa-título, sem parar na transição para “Take It Away” (sua música mais beatle desde 1970), passando pela singela “Somebody Who Cares” e atingindo seu mais ponto alto com a obra-prima “Wanderlust”, música injustamente esquecida de seu repertório. As parcerias rendem ótimos momentos com Perkins (“Get It”) e Wonder (“What’s That You’re Doing” e na clássica “Ebony And Ivory”). Interessante também a influência do então amigo, depois desafeto, Michael Jackson em “Dress Me Up As A Robber”. Obrigatório.
McCARTNEY (Abril de 1970) – Básico, rústico, quase experimental, o primeiro trabalho solo de James Paul McCartney foi massacrado pela crítica quando de seu lançamento, semanas antes de Let It Be, dos Beatles. Para quem esperava um requinte ao estilo de Abbey Road (1969), “McCartney” provou ser exatamente o contrário, gravado quase inteiramente de forma caseira, com todos os instrumentos tocados pelo próprio Paul e trazendo fragmentos de canções inacabadas como faixas. Acontece que o tempo fez jus à beleza do álbum, e é exatamente na simplicidade de canções como “Every Night”, “That Would Be Something”, “Man We Was Lonely” e “Valentine Day” que ela se sustenta. Sem contar que as pérolas “Junk” e “Teddy Boy” foram músicas que por pouco não entraram em discos dos Beatles. “Oo You” e “Momma Miss America” também merecem uma audição bastante atenta, antes do gran finale com “Maybe I´m Amazed”, até hoje um dos maiores clássicos da carreira de McCartney.
VENUS AND MARS (Maio de 1975) – Gravado em New Orleans (EUA), Venus and Mars foi o sucessor de Band On The Run e, se não conseguiu repetir a genialidade deste, fez tanto sucesso quanto o anterior e foi o álbum que deslanchou a primeira grande turnê dos Wings. Faixas inspiradas como o rockaço “Letting Go”, “Rockshow”, “Call Me Back Again”, “Venus And Mars” e o hit “Listen To What The Man Said” garantiram mais um primeiro lugar para Macca nas paradas. Cheio de brindes e adereços (o original vinha com dois posters e cartela de adesivos) o disco traz ainda “Magneto And Tittanium Man” (baseada em personagens da Marvel Comics), “You Gave Me The Answer” (para quem ama o McCartney de “Honey Pie”) e as belíssimas “Love In Song” e “Treat Her Gently/Lonely Old People”.
CHAOS AND CREATION IN THE BACKYARD (Setembro de 2005) – 35 anos após sua partida para carreira-solo, muitos achavam que Paul já tinha dado tudo o que podia em seus discos. De certa forma, nem mesmo alguns de seus fãs esperavam que ele soltasse uma pérola do quilate de Chaos and Creation In The Backyard. Embora seu disco anterior, Driving Rain (2001), tenha sido bastante elogiado mundo afora, ele nem de longe parece com seu sucessor. Produzido por Nigel Godrich (parceiro de nomes como Beck e Radiohead), o disco mais uma vez traz Paul tocando quase todos os instrumentos, e sendo forçado ao máximo a produzir o seu melhor (pressão que gerou atritos com Godrich). E o resultado é excepcional. “Fine Line”, “Too Much Rain”, “How Kind Of You” e “Friends To Go” em nada ficam devendo a faixas de Tug Of War ou RAM. “Riding To Vanity Fair” e “Promise To You Girl” são os pontos mais altos deste disco que traz, declaradamente, a influência brasileira em “A Certain Softness”. Um disco que cresce a cada audição.
FLAMING PIE (Maio de 1997) – Após a segunda onda de Beatlemania que acometeu o mundo na metade da década de 1990, graças ao projeto “The Beatles Anthology”, Paul McCartney pôde, enfim, lançar um disco claramente nostálgico sem se importar com as críticas de que sempre foi vítima. Co-produzido por George Martin e pelo Ex-ELO Jeff Lynne (que Macca conheceu nas sessões de Free As A Bird e Real Love, por intermédio de George Harrison), Flaming Pie alterna momentos bem distintos. A pegada Beatle é evidente logo na abertura com a bela “The Songs We Were Singing”, uma das grandes canções de Paul McCartney, em todos os tempos. Ela continua em “Young Boy” e na faixa-título, outra das melhores da carreira do homem. Já “The World Tonight” traz uma guitarra que remete à alguns dos melhores momentos dos Wings, como “Letting Go”. A segunda banda de McCartney também está no clima de mais duas faixas, a soberba “Souvenir” e na acústica “Great Day”. Flaming Pie conta ainda com dois momentos de melancolia pura, em “Calico Skies” e, principalmente, na triste “Somedays”. As duas refletem bem o estado de espírito de Paul na época, com a esposa lutando pela vida e provavelmente resignado com o que estava por vir.
FLOWERS IN THE DIRT (Junho de 1989) – Outro disco marcante na carreira de Paul McCartney, Flowers In The Dirt peca um pouco pelo excesso de produtores (onze ao todo, entre eles Trevor Horn e Phil Ramone) e pela sonoridade por vezes datada. De qualquer forma, o disco traz belas canções, sendo algumas frutos da parceria de Macca com Elvis Costello (a contagiante “My Brave Face” e as baladas “Don´t Be Careless Love” e “You Want Her Too”). Outros grandes momentos ficam por conta de “This One”, “We Got Married” e da tocante “Put It There”, embora o maior destaque seja mesmo “Figure Of Eight”. Este é o primeiro disco de McCartney em sua fase abertamente ecológica, contendo até uma música dedicada à Chico Mendes, o reggae “How Many People”. Celebrado pelos fãs que torceram o nariz para outros trabalhos da década de 1980 (mais notadamente McCartney II e Press To Play), Flowers In The Dirt foi considerado como uma “volta à boa forma”, e empolgou McCartney o bastante para iniciar uma aclamada turnê mundial. Seu recorde de 184 mil pessoas em um único show no Rio de Janeiro, no Estádio do Maracanã, em 1990, é imbatível até hoje.
WINGSPAN (HITS AND HISTORY) (Maio de 2001) – Workaholic como só ele, Paul McCartney compôs mais músicas do que qualquer fã pode imaginar. Muitas delas foram lançadas apenas em formato single, sem sequer aparecerem em álbuns de carreira. Outras, porém, embora tenham ingressado em álbuns de menos destaque, são verdadeiras jóias que não podem ficar de fora do acervo de nenhum admirador. Por isso a inclusão de uma coletânea nesta lista, e neste caso a mais abrangente. Trilha sonora do documentário que aborda os anos de McCartney pós-Beatles, Wingspan traz clássicos de peso como “Live And Let Die” (1973), “Another Day” (1971), “My Love” (1973), “Silly Love Songs” (1976), “Pipes Of Peace” (1983), “Goodnight Tonight” (1979), “Coming Up” (1980), “No More Lonely Nights” (1984), “Girlfriend” (1978), “Waterfalls” (1980) e “Tomorrow” (1971). Obscuridades como a dançante “Daytime Nightime Suffering” (1979) e a power pop “With A Little Luck” (1978) fazem Wingspan valer cada centavo.
PRESS TO PLAY (Setembro de 1986) – Renegado por muitos, este disco é o patinho feio da discografia de McCartney. Projeto que sofreu com uma série de atrasos em seu lançamento e a saída de um produtor, Press To Play marca a parceria de McCartney com Eric Stewart, do 10-CC. Embora revestidas de arranjos bem à moda pop dos anos 1980, as canções são fortes e com melodias tipicamente associáveis a Paul McCartney. “Move Over Busker”, “Press”, “It´s Not True” e “Footprints” são os melhores exemplos ao lado da belíssima “Only Love Remains”, balada que não fica atrás das mais fortes de Macca. “Good Times Coming/Feel The Sun”, “Talk More Talk” e “Pretty Little Head” também fazem este disco valer ser reavaliado pelos fãs.
Na minha opinião os melhores albuns do Paul são: Flowers in the dirty. New. Back to the egg. Press to play. Band on the run. Pipes of peace. Ram. McCartney. Kisses on the button. Flaming pie.