A revigorada paixão de fãs e músicos brasileiros pela obra dos Beatles transformou o país em um dos mais importantes na Beatlemania do novo milênio, acredita Julia Baird, irmã de John Lennon, o lendário fundador do grupo.
“O Brasil tem tudo a ver com os Beatles. As bandas brasileiras são absolutamente fantásticas, e os fãs são apaixonados pela música como poucos. O Brasil é importantíssimo para o legado dos Beatles”, disse à Agência Efe Baird, autora do livro “Imagine: crescendo com o meu irmão John Lennon”, publicado também no Brasil.
A força da Beatlemania brasileira pode ser comprovada com a participação de destaque das bandas do país na edição deste ano do International Beatleweek, festival que reuniu, na última semana, 70 grupos de 20 nacionalidades diferentes em Liverpool, a cidade natal de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.
A edição deste ano da semana beatle teve sete representantes brasileiros: Yesterdays (MG), 3 Of Us (MG), Clube Big Beatles (ES), The Calangles Rock Band (RJ), Blue Beetles (RJ), BGirls (SP), e a Starclubbers, que tem integrantes espalhados por Inglaterra, Holanda, Alemanha e Brasil. O número impressiona, já que somente o Reino Unido teve mais bandas inscritas no festival, e o talento desses músicos é encarado como fundamental para o sucesso do Beatleweek.
“A cada ano temos mais bandas brasileiras atravessando o Atlântico para se apresentar aqui. Só que mais importante que o número de inscritos é a qualidade desses músicos. São profissionais que optaram por se dedicar à obra dos Beatles, que trazem sua própria leitura das músicas. Eles têm um valor inestimável para nós e enriquecem em muito o festival”, afirmou à Efe a irmã de John Lennon, que também é uma das diretoras da Cavern City Tours, empresa que organiza o Beatleweek.
Mais importante ainda é o fato de que a maioria dos brasileiros que viajou a Liverpool na última semana nem sequer tinha nascido quando os Beatles se separaram, há 45 anos. “Experimentamos no Brasil uma Beatlemania jovem, muito influenciada pelos artistas brasileiros que, por sua vez, tiveram suas influências nos Beatles. E ainda por cima existem todas estas bandas de tributo que estão por aí se apresentando todas as noites pelo país, o que acaba por divulgar ainda mais o trabalho dos Beatles”, analisou o músico mineiro Aggeu Marques, da banda Yesterdays.
O olhar atento para a Beatlemania brasileira levou Aggeu a criar, em 2013, a BH Beatle Week, que está indo para sua terceira edição em dezembro. O festival reúne na capital mineira bandas de tributo e músicos consagrados brasileiros e de outros países sul-americanos, e rende elogios dos organizadores da Beatleweek de Liverpool.
“Estive em Belo Horizonte durante o festival e fiquei muito impressionado. As casas de shows estavam sempre lotadas com um público jovem, que canta todas as músicas do começo ao fim. É incrível presenciar pessoalmente a força que os Beatles têm no Brasil”, disse à Efe Jon Keats, um dos diretores da Cavern City Tours, que planeja ampliar suas ações no país para aproximar ainda mais o público brasileiro de Liverpool.
“O Brasil hoje representa um mercado importantíssimo para nós. E não falo apenas da participação em massa na Beatleweek. Durante todo o ano, recebemos muitos turistas brasileiros em Liverpool. Estamos desenvolvendo estratégias para entrar com ainda mais força no mercado brasileiro”, afirmou à Efe Victoria McDermott, diretora de marketing da empresa.
Esse esforço para espalhar a presença do quarteto de Liverpool pelo país é facilitado pelos próprios fãs brasileiros, que há muito tempo transformaram sua paixão em meio de vida. Um dos exemplos disso vem de Vitória, lar da banda Clube Big Beatles. Em setembro, o grupo vai comemorar seus 25 anos de existência com um megashow na capital capixaba que contará com a presença de astros como Ivan Lins, Andreas Kisser (Sepultura), Jerry Adriani e Pete Best, o primeiro baterista dos Beatles.
“O esforço que as bandas brasileiras fazem para levar a obra dos Beatles a todos é fantástico, e a Clube Big Beatles é um ótimo exemplo disso. São eventos como esse que acontecerá em Vitória que fazem esse fenômeno que surgiu há mais de meio século em Liverpool se aproximar de um público jovem que está do outro lado do Atlântico”, disse Jon Keats.
Um claro exemplo desta Beatlemania rejuvenescida vem de Campinas, com as meninas da BGirls. “Os Beatles representam centenas de coisas para nós. Nascemos nos anos 90, décadas após a linda história e obra que eles construíram. O que nos motivou a homenageá-los? Não sabemos explicar em palavras como eles até hoje contagiam e inspiram tantas pessoas, gente que não viveu naquela época, de todas as idades e posições sociais. Eles eternizaram sua mensagem, sua história e até mesmo sua cidade natal”, afirmaram Juliana Milasseno e Marina Tavares, guitarrista e baixista, respectivamente, do grupo, que este ano estreou no International Beatleweek.
Difícil de explicar, mas fácil de perceber, o fenômeno Beatles não para de crescer no Brasil, confirmando o país como um dos “centros nervosos” da Beatlemania do terceiro milênio. Ótimo para quem faz do maior fenômeno pop um meio de vida, mas também para quem simplesmente quer ter música de qualidade inquestionável ao alcance das mãos. EFE
Não só os músicos colaboraram para que os Beatles sejam ainda atuais! Nós, que vivemos na época do auge deles, como eu, que cantei todas as músicas, que vi todos os filmes e documentários, passei para os meus filhos esse amor e reconhecimento da qualidade das músicas, e hoje, minhas netas, ainda crianças de 9, 8 e 5 anos, também curtem os Beatles! Então, fãs que hoje têm 67 anos, como eu, ensinaram aos filhos e esses aos seus filhos também a gostar dos quatro garotos de Liverpool! Eles são para sempre!
Ótima matéria. Fico muito grato por participar do mundo Beatle brasileiro. E não nos esqueçcamos que esse portal tbém tem uma grande parcela nisso. Abs e sucesso sempre.
BEATLES FOREVER