Live and Let Die
* Victor Hugo Pereira
Toda pessoa leva em suas memórias um momento especial. Seja um grande amor, uma amizade, um jogo de futebol. Enfim, são vários os motivos para tornar um certo momento marcante em nossas vidas. O meu momento aconteceu recentemente, na noite do dia 4 de maio, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.
Tive muitos momentos bons esse grande palco do futebol mineiro, mas todos relativos ao futebol. Desta vez, foi diferente. Não fui ver um jogo, mas sim um show. Entretanto, não era qualquer show, mas sim o maior espetáculo musical dos dias atuais: o show do Paul McCartney.
Já tive a oportunidade de ver Paul em São Paulo, no ano de 2010, e no Rio de Janeiro, em 2011. Entretanto, este show seria mais emocionante. Além de ser na minha cidade natal, eu estava acompanhado dos meus pais, que infelizmente, não puderam ir comigo das outras vezes.
Nem preciso falar da enorme ansiedade que nos cercou até a hora do show. Afinal, não é todo dia que um beatle visita Belo Horizonte. Tivemos a honra de receber o Ringo Starr em 2012, mas de uma forma mais discreta. Além disso, seria o início da nova turnê mundial de Paul, “Out There”. Imagine o que se passava nas nossas cabeças.
Citando alguns versos da música “Venus and Mars” – Sentado na arquibancada da arena de esportes/Esperando pelo show começar – , ficava pensando no que o grande Macca teria preparado para nós, mineiros. Quais grandes clássicos dos Beatles ele vai tocar? E os da época dos Wings? Será que vai ter música nova? E, a grande questão: ele vai falar UAI? (em alusão à campanha “ Paul vem falar UAI).
Como de costume, Paul subiu ao palco pontualmente, às 21h30, vestindo um terno azul.. Um grande frisson tomou conta do Mineirão. E o show não poderia ter começado melhor, pelo menos pra mim. “Eight days a week” abriu os trabalhos, para o meu delírio, e de todos os presentes. Confesso que me emocionei. Após tocar “Junior Farm”, um dos clássicos dos “Wings”, Paul saudou, e trocou algumas palavras em português com a platéia. E então, veio o tão esperado momento: “Finalmente, Paul vem falar UAI”!, diz Macca. O público ficou eufórico. E para completar o momento, um dos maiores clássicos dos Fab Four: “All my loving”. Emoção total! Eu estava em lágrimas, ao ver meus pais curtindo o show!
O show foi correndo normalmente, como era de esperar. Inevitável fazer comparações com os outros shows que vi. Paul manteve clássicos dos Beatles como “The long and winding Road”, “And I Love her”, “Eleanor Rigby” entre outros, e incluiu novidades como “All thogether now”, “Being for the benefit of Mr. Kite” e “ Your mother should now”. O mesmo fez com as músicas dos Wings. “ Mrs Vanderbilt”, “1985”, “Let me roll it” e as novidades – pelo menos, para mim - “Another Day”, “Hope of deliverance”. Além de mostrar toda sua musicalidade tocando baixo, violão, guitarra, piano, ukulele e violão de 12 cordas, o que mais deixou meus pais de boca aberta foi o fato de Macca não parar um minuto sequer para tomar água!!!
Claro que ainda teve espaço para homenagens para a atual esposa Nancy, com a música “My valentine”, e para a eterna Linda, com o clássico “Maybe i’m amazed”. Os companheiros de Beatles, John Lennon e George Harrison, também foram lembrados, com “Here today” (para John), e “Something” (para George). Também teve outra homenagem para nós mineiros, com a frase “ Ô trem bão, sô!” (traduzindo do mineirês, “ô coisa boa!”).
Tudo corria as mil maravilhas, quando na execução das músicas “Ob-la-di Ob-la-da” e “Band on the run” o som falhou. Mas acabou abrilhantando mais as músicas, pois a platéia cantava entusiasmada, mesmo sem o som da banda. Show de bola! Nada iria estragar uma noite tão especial.
Então, veio o momento mais bonito do show. Enquanto Paul tocava “Let it be”, o palco foi se apagando, e o estádio se encheu de luzes de lanterna de celular da platéia. Parecia um céu estrelado. Ao final, o músico agradeceu pelas luzes. Simplesmente fantástico.
Logo após, uma para deixar todos atordoados e enérgicos: “Live and let die”, com direito a canhão no palco e um show de foguetes que “matou” o público. E, formando um imenso coral, com a regência de Macca, “Hey Jude” veio para fechar a primeira parte do show. Placas com a frase “Tkank You” (obrigado, em inglês), foram levantadas pela platéia em direção ao palco, como agradecimento pela ótima noite. Mas não acabou por aí.
Paul subiu ao palco novamente, após uma pequena parada, se não me engano, de uns 5 minutos. Tocou “ Day tripper”, “Lovely Rita” (mais uma novidade) e “Get back”. Após deixar todos loucos outra vez, mais uma parada rápida.
No segundo bis, Paul voltou tocando “Yesterday” e emocionou a todos. Logo após, um momento que causou inveja em muita gente, e claro, em mim também. Paul chamou ao palco as fãs que organizaram a petição “Paul vem falar UAI” e distribuiu autógrafos. Brincadeiras a parte, muito mais que merecido.
E faltava o grande final. Após tocar “Helter Skelter”, Paul foi até o piano e tocou “ Golden slumbers/Carry that weight/The end”, sequência que fecha um dos maiores discos dos Beatles (e da música mundial), “ Abbey Road”, terminando o espetáculo com chave de ouro. E deixou um gostinho de quero mais com a despedida, dizendo: “Obrigado e até a próxima”. Será que vem mais por aí? Nós mineiros, com certeza, iríamos adorar ver Paul falar UAI novamente.
Let It Be
Set list completo do show
Eight days a week
Junior Farm
All my loving
Listen to what the man said
Let me roll it
Paperback writer
My valentine
1985
The Long and winding road
Maybe I´m amazed
Hope of deliverance
We can work it out
Another day
And I love her
Blackbird
Here today
Mother should know
Lady Madonna
All together now
Mrs Vanderbilt
Eleanor Rigby
Being for the benefit of Mr. Kite
Something
Ob-la-di, Ob-la-da”
Band on the run
Hi hi hi
Back in the USSR
Let it be
Live and let die
Hey Jude
Day tripper
Lovely Rita
Get back
Yesterday
Helter Skelter
Golden slumbers / Carry that weight / The end
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