George, Marcelo Guedes, Eu (braços abertos), Maiara, Ze Lennon e Guedezinho,
logo após de vermos Paul McCartney no dia 23.
José Carlos Almeida (JC)
Quem me conhece sabe que não sou um fã colecionador, daquele que compra tudo. Costumo adquirir apenas aquilo que tenho tempo de absorver (ouvir, ler, assistir). Por outro lado, sou do tipo de fanático que vive sonhando com John, Paul, George e Ringo, tanto dormindo quanto acordado. Ver um deles de perto, porém, é um sonho que nunca ousei ter. E por mais incrível que possa parecer… eu consegui ver Paul McCartney de perto 3 vezes – fora do palco, onde já o vi 5 vezes.
A primeira vez foi no Sheraton Hotel Porto Alegre, onde ele se hospedou na sua primeira chegada ao Brasil nesse século. Exatamente no dia 06 de novembro, ao dobrar a esquina e ver aquele público cantando o refrão de “Hey Jude”, foi o exato momento em que “baixou o espírito beatle” em mim. Instantaneamente entrei naquele filme Febre de Juventude, onde jovens viajam de longe para tentar ter contato com os Beatles. Pensei “puxa, vim de tão longe, do sul da Bahia, para ficar aqui atrás dessa grade?” A resposta foi um grande “Não”. Eu queria mais! Naquele momento, vesti a roupa de outro personagem, o “Impostor”, do programa CQC (aquele que entra em qualquer lugar usando apenas a manha e a malandragem brasileiras). Aproveitando que uns amigos mais abonados iriam se hospedar no hotel – mas não tinham chegado ainda – fiz todos os seguranças e a recepção do hotel terem CERTEZA de que eu era um hóspede que aguardava seus companheiros de quarto. Resultado: só fui incomodado pelos gorilas de terno preto duas vezes, mas tinha sempre minha resposta na porta da língua: “quarto 1402”. Essa senha me abriu praticamente todas as portas. E foi no final da tarde que começou toda a movimentação… postes de organização de fila, seguranças perfilados, chefe de segurança a postos (aquele velho grisalho cujo nome não sei, porque sempre o chamei de “inimigo número 1 dos fãs”)… e depois de meia hora de agonia, surge uma mão no elevador, apontando o caminho a ser trilhado. Trilhado por quem? Ele mesmo… esse senhor de pele rosinha que tanto amamos… PAUL MCCARTNEY! A loucura tomou conta do lugar, gritos por toda parte e eu ainda tive coordenação para ligar minha câmera. Com ela, filmei os 10 segundos mais importantes dessas minhas 3 décadas de beatlemania aguda… ele passou por mim e eu o acompanhei, passando por cima de sofás, carregando uma dúzia de postes de fila. Mas eu estava lá! E consegui chegar a 1 metro e meio de Paul McCartney – melhor ainda… tudo devidamente filmado e postado no Youtube! Dois dias depois, tive a felicidade ainda maior de ver que no vídeo postado no seu site oficial paulmccartney.com, eu aparecia segurando minha camerazinha azul, com minha fitinha do Senhor do Bonfim, igualmente azul, comprada no aeroporto de Salvador no dia anterior. Ela me deu sorte!
Próxima Parada: São Paulo, hotel Hyatt, onde ele estava hospedado. Fiquei por ali no hall aguardando uma das chegadas dele, ao lado de figuras de destaque na beatlemania nacional (Lizzie Bravo, Lenny Starr, Cláudia Tapety, Jude, entre outros). Ali não tive tanta sorte, pois até vi o carro passar… mas ele só abriu a janela do outro lado. Dessa vez não deu pra vê-lo de perto, mas posso dizer que aquelas pessoas todas que conheci no entorno do Morumbi são um show à parte e eu poderia escrever um livro só sobre elas. Sem falar nos dois shows maravilhosos que ele realizou ali na capital paulista. Mas… eu teria que esperar mais 6 meses para ver novamente Paul McCartney.
E aconteceu! No dia 22 de maio, dia da primeira apresentação no Rio, estávamos eu, meu filho George (pela primeira vez presenciando um grande concerto de Rock), a amiga Maiara e o parceiro de longa data, o gaúcho Zé Lennon. Quando surge na minha frente aquele mulherão que é a pernambucana Cláudia Tapety, me envolve com um grande abraço e ordena, com aquele seu sotaque característico de Recife: “Menino, não saia daqui, fique aqui comigo, que meu bebê já saiu do hotel e a qualquer momento chega aqui”. Como não sou nada bobo, sei que uma dica da Cláudia Tapety deve ser seguida à risca, pois a moça tem uma verdadeira rede de informações acerca de Paul McCartney. Dito e feito… pouco depois o tal chefe de segurança (o tal Brian não sei de quê, o mesmo inimigo número 1 dos fãs) começa a divulgar para a sua equipe uma espécie de contagem regressiva… e em determinado momento, mostrou os 3 dedos da mão, dizendo “three minutes”. Não demorou nem um segundo a mais e já vimos os batedores acompanhando aquele carro preto, de janelas abertas… e Paul McCartney dando tchauzinho pra nós! O carro passou rápido, mas aqueles 5, 6 segundos a dois metros de distância dele foram capazes de me deixar de pressão baixa, trêmulo e… e aí eu caí no choro. Berrei tanto que chamei a atenção dos jornalistas do Portal Terra, que me entrevistaram na hora. 5 minutos depois, minha esposa me telefonava “Eu te vi no Terra!”. Eu e meu filho (que aparece em uma filmagem da GloboNews) vimos Paul McCartney a 2 metros de distância, com a mesma pele rosinha, o mesmo sorriso beatle, mas com cabelo levemente mais claro.
Dia seguinte no mesmo horários, estávamos lá nós novamente… eu, George, Maiara, Ze Lennon e ainda mais o grande amigo Marcelo Guedes, que no dia anterior tinha dado o vacilo de sumir na hora H. Dessa vez, seguramos o sujeito. O problema é que aquela grade de proteção que fica do lado direito (justamente o lado que ele fica no carro) já estava toda ocupada. O jeito era ficar na rua mesmo, no comecinho da grade, e esperar novamente a contagem regressiva. O lance é que aquela equipe de segurança é muito fajuta (aliás, deveria ser chamada de “equipe anti-fã”, pois eles não teria competência nem coordenação para se garantir contra um atentado) abriu um verdadeiro corredor com placa de bemvindo na minha frente e naquele momento, não pensamos duas vezes: avançamos eu e George em direção ao carro. Esse sim, foi o momento em que eu cheguei mais perto dele! Minha mão passou a menos de 20 centímetros da mão direita de Paul McCartney! Meu filho chegou a tocar no vidro do carro! O que veio depois foi uma verdadeira euforia. Passei a pular como se fosse Pelé ao fazer o gol do título, me sentia no ar. Um dos seguranças indicou-me à equipe do site Paul in Brazil, pra quem eu dei uma longa entrevista, ainda exultante. Foda foi aguentar a resenha da galera, que até hoje me chama de chorão (pois eu havia dado uma entrevista pro Terra chorando) e até hoje insiste em fazer chacota dizendo que eu “me joguei” no carro do Paul. Eu não me joguei, eu apenas corri ao lado!!! Humpf! Mais me jogaria numa boa, se fosse preciso… hehe
Já em casa, dois dias depois, toca o telefone. Reconheci em um segundo a Cláudia Tapety: “Meninoooo, olha que maravilha! Descobri aqui na minha máquina uma foto em que aparece o paul olhando pra você e tentando tocar na sua mão!”. Era ela mesma, a mesma mulher que eu considero um talismã (onde ela estiver, eu encosto, pois sei que vou ter sorte), me revelando o primeiro registro de que eu REALMENTE quase toco na mão dele – pois até eu mesmo já desconfiava de que tinha sido um sonho. A foto não mostra eu, apenas minha mão (com minha fitinha do Senhor do Bonfim Azul) e a do meu filho (o braço mais gordinho, com a mesma fitinha, só que preta).
Para um cidadão comum, um momento como esse é considerado fútil. Mas para eu, você ou qualquer um que realmente seja fã dos Beatles, para um fã como eu, que há 30 anos sonha com eles (dormindo e acordado, como já disse), que os considera como se fossem “da família”… que considera Paul McCartney como um Deus pisando na Terra. Para um sujeito assim, isso é o mesmo que alcançar o Paraíso. Coisa que só um fã dos Beatles pode entender. Aliás, por falar em Paraíso… se eu morresse naquele momento, morreria feliz. Mas ainda não era hora… ainda tinha o melhor show de Rock da minha vida pra curtir.
Resumo da ópera: não toquei nele, mas cheguei perto! E me sinto no paraíso!
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