Paul McCartney, o eterno Beatle que parece ter um estoque infinito de talento e generosidade, acaba de jogar luz sobre um nome que o tempo quase engoliu: Joe Cocker. Em um texto escrito para o Sunday Times em 23 de março de 2025, o ex-Beatle presta uma homenagem cheia de coração ao cantor britânico, morto em 2014, que transformou “With a Little Help from My Friends” em um hino soul de arrepiar. McCartney não economiza nos elogios, chamando Cocker de “o maior cantor de covers do mundo” e destacando como sua versão rouca e visceral da música dos Beatles, lançada em 1968, virou um marco que até os criadores originais aplaudiram de pé.
No relato, Paul relembra o impacto que a interpretação de Cocker teve sobre ele e seus companheiros de banda. “Quando ouvi a versão de Joe pela primeira vez, em 1968, eu e os outros Beatles ficamos impressionados”, escreve McCartney. Ele descreve a transformação da canção – originalmente um número leve e brincalhão cantado por Ringo Starr no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – em algo “tão diferente e cheio de alma” nas mãos de Cocker, com direito a uma introdução à lá Hendrix (originalmente gravada por Jimmy Page) e uma entrega vocal que parecia arrancada do fundo do peito. Para Paul, essa releitura não foi só um cover, mas uma reinvenção que capturou o espírito de uma era e elevou a fasquia para todos os que vieram depois.
A homenagem de McCartney é mais do que nostalgia; é um acerto de contas com o legado de um artista que, apesar de seu brilho, nem sempre teve o reconhecimento devido. Joe Cocker, com sua voz única e presença magnética, levou a música dos Beatles a novos públicos, especialmente com a performance icônica no festival de Woodstock em 1969, que Paul cita como um divisor de águas. “Ele pegou nossa música e a fez alcançar um outro nível”, afirma McCartney, reconhecendo o papel de Cocker como um intérprete que não apenas cantava, mas vivia cada nota. Em um mundo onde covers muitas vezes caem no esquecimento, esse tributo reacende a chama de um talento que merecia mais aplausos – e prova que, mesmo aos 82 anos, Sir Paul ainda sabe honrar quem merece.
