Fonte: Terra (Deborah Salves)Em julho do ano passado, Paul McCartney e a HP anunciaram o lançamento de uma biblioteca digital com todo o acervo pessoal do músico em suas cinco décadas de carreira. Na conclusão da primeira etapa da parceria entre o ex-Beatle e a empresa de tecnologia, fotos, vídeos, músicas e informações de todos os tipos – um acervo de mais de mil itens – foram digitalizados, catalogados e organizados. Agora, o músico e a HP concluem a segunda etapa do projeto: disponibilizar a biblioteca aos fãs.
Em entrevista ao Terra, o vice-presidente de comunicações para consumidores da HP, Scott Anderson, destaca que não existe para os fãs nenhum registro tão completo do trabalho de um artista. “Usamos o acervo para conectar os fãs de formas novas e diferentes, mas de um jeito fácil e personalizado”, resume, ressaltando que a etapa atual só foi possível graças à organização e digitalização da fase anterior.
No ano passado, a biblioteca digitalizada foi implementada para que a MPL Inc., empresa de comunicação de Paul McCartney, pudesse acessar quaquer item do portfólio do músico a qualquer momento e de qualquer lugar. Agora, o material aberto ao público – alguns conteúdos gratuitamente, outros apenas para quem paga pelo registro Premium na comunidade – serve para ampliar a experiência dos fãs do trabalho no site do músico.
Anderson ressalta que os que gostam do ídolo britânico podem não só acessar o acervo, mas também interagir com as páginas. Ele cita o botão “I was there” (eu fui, em tradução livre) para indicar que o fã esteve em algum dos shows listados na página. Mais do que isso, continua o executivo, o usuário pode mandar para o site os registros de sua experiência, como fotos ou vídeos do show em que esteve.
Os conteúdos multimídia enviados pelos fãs têm espaços exclusivos no site, organizados da mesma forma que o acervo inicial da biblioteca. Na seção de mapas, por exemplo, é possível selecionar um show específico de Paul McCartney em uma determinada cidade e ver fotos e vídeos oficiais ou enviados pelos usuários, clicando nos botões respectivos (“official” e “fan”).
“Os fãs estão enviando uma quantidade massiva de materiais, contando as suas histórias”, comenta Anderson. O executivo menciona que esteve no show de Paul McCartney em São Paulo, em novembro de 2010. “Ele tem muitos fãs no Brasil”, observa, acrescentando que é possível encontrar fotos e vídeos dessas apresentações no País. “Além de compartilhar suas experiências, os fãs ajudam a disponibilizar a outros fãs uma quantidade de conteúdo que nunca houve antes”, exalta.
Interatividade
Para ampliar a experiência dos usuários, que podem se comunicar pelo site em uma espécie de rede social exclusiva, também existe integração com Facebook e Twitter, além de SoundCloud e YouTube. “Queríamos que fosse simples, que os fãs pudessem convidar outros membros da comunidade de fãs a irem até o site e verem o acervo”, revela Anderson. Segundo ele, os amantes de Paul McCartney também tiveram papel essencial em “criar uma identidade para o site e apontar que áreas dele podiam melhorar a experiência dos visitantes”.
A experiência, baseada na interatividade, ganha ainda uma ferramenta a mais, segundo o executivo da HP: os web aplicativos. Anderson cita a Jukebox, que permite ao usuário escolher “qualquer música de qualquer álbum” de Paul McCartney e ouvi-la (na íntegra, apenas para membros premium), além de acessar informações detalhadas sobre a composição, como letra e número de vezes em que a canção foi incluída em turnês. “Você pode ver quando foi o último show em que a música esteve, ver a data e o local da apresentação e aí ver as fotos dessa apresentação”, descreve, exibindo como as seções da página foram interconectadas a partir do conteúdo do acervo.
Outro aplicativo que ele destaca é o Rude Studio, que permite ao usuário remixar as músicas do ídolo britânico. “Você pode alterar a guitarra, a bateria, incluir efeitos, e sua criação fica disponível para que outros fãs ouçam, comentem e compartilhem”, detalha Anderson. “O fator chave é a organização das mídias, que nos permite relacioná-las e disponibilizá-las de formas inéditas”, resume.
“A Timeline – linha do tempo – concentra todo e qualquer material que há na biblioteca, você pode ver todos eles ao mesmo tempo ou selecionar por mídia – fotos, vídeos, turnês e músicas – ou entre oficiais e de fãs”, detalha. “Mais do que tudo estamos usando o site para nos comunicarmos com os fãs”, acrescenta, explicando que a ideia desde o início era disponibilizar à comunidade todo o material sobre o ídolo. “Paul McCartney queria que a homepage do site fosse como uma revista, sempre com algo novo e diferente que fizesse as pessoas voltarem”.
Próximos passos
“Desenhamos tudo de modo que eles pudessem incluir tanto conteúdo quanto desejassem, é uma infraestrutura realmente enorme”, reforça Anderson sobre a infraestrutura escalonável criada para a biblioteca. A HP foi responsável por organizar e digitalizar o acervo pessoal de Paul McCartney, bem como fornecer a lógica e o hardware necessários à montagem da nuvem particular que suporta os dados.
O executivo da HP acrescenta que as tecnologias e serviços desenvolvidos e aplicados ao acervo do ex-Beatle podem agora levar a mesma inovação para outros negócios. “Os clientes sofrem com uma quantidade impressionante de dados e há cada vez mais conteúdos digitais, que incluem todo o tipo de documentos, e encontrar o que se busca no meio de tudo isso é muito demorado”, justifica. “Com os sistemas do acervo, é possível pesquisar e encontrar tudo rapidamente”, completa.
Anderson destaca que a segurança é outra questão que foi central no desenvolvimento da estrutura. “As fotos de Paul e da família também estão na biblioteca, mas não devem ser acessadas pelas fãs, nem interessam aos funcionários da MPL”, exemplifica, sobre a delicadeza de alguns itens da coleção. “A ideia era catalogar o material para torná-lo melhor e mais útil”, conclui.
Segundo Anderson a parceria de longo prazo entre a empresa de tecnologia e o ex-Beatle ainda terá outras fases. Se ele pode revelar algo sobre o que vem por aí? “Gostaria muito, mas o máximo que posso dizer é que virão muitas surpresas”, afirma, com ar de suspense divertido.
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