Por Guilherme Lentz
Andamento do contato com o “Egypt station”: tocando no fundo, enquanto vou trabalhando, porque é o jeito. Minha primeira impressão é de que se trata de um álbum menos comercial, menos pop, menos rock do que o “New”; algo mais puxado para a faceta mais artística e experimental do Paul, apesar de alguns medos que sempre estão em pauta, mas sem também um nível de sofisticação tão alto e uma produção tão caprichada quanto em um “Ram”.
“Opening station”: até que achei legal, apesar de ela ter sido pensada mais como uma vinheta mesmo, para abrir a ideia da viagem.
“Happy with you”: doce e linda
“Who cares”: delicinha, com riff contagiante e dançante. Está me lembrando os Eurythimcs. Bem moderna; legal pra caramba!
“People want peace”: gostei demais da entrada do refrão depois da introdução. Bonito!
“Hand in hand”: baladinha bonita e singela. Curti. Paul com vozinha, muito legal!
“Dominoes”: a que estou achando mais tradicionalmente mccartnística até agora, na linha mais pop e melódica do Paul. Obviamente estou adorando!
“Back in Brazil”: canção alegre e com uma ginga especial em se tratando do Paul, mas, como esperávamos, não faz tanto jus a nossa riqueza harmônica e melódica. É evidente que o Paul tentou dar uns passos nesse sentido, e em alguns momentos até caminhou bem, mas talvez simplesmente não haja da parte dele um aprofundamento denso o suficiente na música brasileira para sustentar isso. É uma pena; acho que todos já sonhamos com as maravilhas que poderia emergir de um possível interesse do Paul por Tom Jobim ou Clube da Esquina. O que está aqui me lembra um pouco aquele Brasil meio estereotipado dos musicais americanos. De todo jeito, é legal ver o Paul se arriscar nesse caminho e mais legal ainda receber esse homenagem dele. A canção é legal; é apenas que para nós, brasileiros, a expectativa em termos de música brasileira é alta demais.
“Do it now”: linda. Estou adorando. Bem melodiosa e com arranjos vocais elaborados, bem ao gosto do Paul. Acho que vai ser uma das preferidas no álbum.
“Caesar rock”: a mais descartável até agora, eu achei. Típica canção meio gritada que o Paul compõe em cima de bases improvisadas, para deixar de sobra ou colocar em lado B de single, naquela linha de “Spies like us” e “Oh woman oh why”. Gosto dessas criações, mas não são as minhas preferidas deles.
“Despite repeated warnings”: canção colcha de retalhos, do jeito que o Paul gosta de fazer. Também gosto de ouvir, mas fico levemente incomodado com o fato de a essa altura isso já ter se tornado uma espécie de receita. Alguns dos segmentos claro que são melhores do que outros, mas o resultado geral é legal e gostoso de ouvir.
“Station II”: tão curtinha que quase passou despercebida. Não traz tanto em termos de material novo para a gente ouvir, mas contribui para a paisagem sonora e o conceito do álbum, então está valendo!
“Hunt you down/ Naked/ C-link”: também na linha da colcha de retalhos. Bem legal e divertida essa! Bom fechamento para o álbum!
E vou aqui terminando minha primeira audição do “Egypt Station”! Diante da perspectiva de só o ouvir mesmo no lançamento, eu tinha planejado um momento em família, no dia 7, com som de gente. Em vez disso, acabei desviando o tempo de deslocamento e o ouvindo aqui com fonezinho de ouvido de celular nesse intervalo de trabalho mesmo. E, pelo adiantado da hora, corro o risco de não chegar a tempo para o próximo compromisso – certamente vou perder o tão apreciado biscoito com café do lanche! Foi tudo bem diferente do que eu tinha planejado, mas cada experiência tem seu valor, e acho que daqui a muitos anos vou me lembrar desse momento, celebrando o que foi também, a seu modo, uma partilha.
Obrigado a meu querido João De Deus Filho por ter partilhado o link; ao amigo sumidaço José Carlos Almeida por o ter disponibilizado, a minha amada hand in hand Carolina Lentz por ter recebido o link e me mandado mensagem à tarde, aos colegas que estavam num falatório danado e me interrompendo a todo tempo aqui na sala e, claro, ao Paulzinho, dono de casarão com vista para o mar aqui no meu coração, que continua a povoar nosso mundo com belezas e alegrias, apesar de tudo, trazendo para nós todos os dias o tal do “pequeno alívio do sofrimento” de que ele fala tão propriamente em uma dessas novas canções; apenas que, no caso dele, o alívio é grande.
Devo, porém, dizer a ele que meu apetite – me perdoe, Paul – não está saciado! Quero mais! Pode ir colocando na roda aquela versão caprichada com mais canções!
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