Paul McCartney

Quando é que Paul McCartney vai tocar “No More Lonely Nights” ao vivo?

no more lonely nightsO primeiro setlist da ONE ON ONE TOUR, no show de Fresno, California (13/04/2016), surpreendeu os fãs com a inclusão de músicas inusitadas, como “Love Me Do”, “In Spite of All The Danger”, “Four, Five seconds” (não conhece essa? Nem eu.) e, notadamente, “Temporary Secretary”. Nessa nem mesmo os mais ferrenhos botavam fé.

Isso nos leva a pensar: se ele desenterrou essa pérola tão improvável, do álbum McCartney II (1980), por que será que ele continua simplesmente ignorando essa que é uma das suas baladas mais conhecidas ao vivo?

“No More Lonely Nights” foi lançada em 24 de setembro de 1984, como parte da trilha sonora do filme Give My Regards to Broad Street, tendo atingido o 6º lugar nas paradas dos EUA e 2º no Reino Unido. Foi lançada em single, no LP e ganhou até uma segunda versão, mais dançante, funkeada, conhecida como “No More Lonely Nights Playout Version” (que por sua vez rendeu vários remixes).

A letra não pode não estar entre as mais inspiradas de McCartney, repetindo o velho tema da perspectiva de um romance que tiraria o personagem da solidão. O forte mesmo está na melodia, com instrumental e vocais perfeitos, marcando até mesmo um momento histórico no Rock – o encaixe perfeito entre os Beatles e o Pink Floyd, já que utiliza a voz e o baixo da primeira e a guitarra da segunda. Sim, aquele solo maravilhoso no meio e no fim da música foram feitos por David Gilmour!

Esse “elo perdido” entre as duas mais importantes bandas de rock da história era um desejo antigo dos fãs de ambas. Desde os anos 60 especula-se sobre possíveis encontros entre Syd Barrett e John Lennon em Abbey Road e sempre foi conhecida a história de como Paul McCartney ficara impressionado com aquela nova banda de rock psicodélico que vira no UFO. Segundo consta, ele próprio fez um lobby pró-Pink Floyd na EMI (ainda sem Gilmour, que se tornaria amigo pessoal e frequentador da casa dos McCartney). Mas só ali o fetiche foi realizado. Lá para as tantas da música, após uma pausa dramática, entra um solo maravilhoso de Gilmour, curtinho, que nos remete aos melhores momentos floydianos. A guitarra de Gilmour continua discretamente até o fim da música, quando explode novamente em novo solo, esse mais comprido, que segue até o fade out. Lindo, emocionante, inesquecível! Pena que o Ringo não participou dessa gravação. Em tempo, Gilmour voltaria a colaborar com Paul naquele show no Cavern Club, anos depois.

A música agradou a todos, desde o fã mais ferrenho até aquela tia que passou a vida ouvindo Julio Iglesias. É, sem dúvida uma das músicas mais conhecidas de McCartney. Foi incluída nas coletâneas All The Best, The Art Of McCartney e na nova Pure McCartney. Foi regravada pelo jazzista John Pizzarelli em uma belíssima versão. Há anos vem sendo pedida em fóruns, comunidades e páginas de comentários Internet afora.

Mas Paul McCartney continua desprezando-a, sem nunca tocá-la nem nos soudchecks. Várias dúvidas brotam: por que será que ele não a coloca de vez no setlist? Seria pelo fato do filme ter sido tão criticado (e mal sucedido nos números)? Brian Ray e Rusty Anderson encarariam o desafio de reproduzir aquele solo de guitarra à risca? A “Playout Version” também seria ensaiada? Mais importante ainda: será que ele um dia o veremos cantar essa música em um estádio brasileiro?

Enquanto nada disso acontece, vamos curtindo essa pérola da música pop do jeito que podemos, em sua única versão oficial. E também podemos torcer para que o Brasil seja incluído na ONE ON ONE tour – com ou sem “No More Lonely Nights”.

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  • Temporary Secretary não dá pra ser chamada de “supresa” no show, ele já vinha tocando desde o ano passado.

Editor

José Carlos Almeida

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